terça-feira, 30 de outubro de 2007
A Racionalidade, a Ética e a Religião
Que fique desde já bem claro qual é a minha opinião: «A liberdade de consciência, de religião e de culto é inviolável».
É o quanto estabelece o n.º 1 do artigo 41º da Constituição da República Portuguesa.
Assim, é somente depois de estabelecida esta premissa que digo o seguinte:
Ouço frequentemente criticar medidas governamentais tomadas por países europeus que visam impedir que as mulheres usem o véu islâmico ou a burqa, se não em público pelo menos em escolas ou edifícios governamentais.
Isso, dizem-me, constitui não só uma violação do direito fundamental à liberdade religiosa e de culto, como até uma injustificada proibição do exercício ou da vivência de uma tradição e de uma cultura que as mulheres têm todo o direito de escolher. E que ninguém tem o direito de proibir.
O mesmo se passaria, aliás, com qualquer forma de exercício da liberdade de culto ou de religião. Qualquer que seja essa religião.
Ouço também dizer, provavelmente por isso, que não é possível olhar para uma pessoa religiosa, para um determinado culto ou para uma religião, e analisá-los – e muito menos escrutiná-los ou julgá-los – sob critérios objectivos de ética e de racionalidade.
Não seria razoável, claro, qualificar racionalmente aquilo que é, por definição, irracional e pura e simplesmente do domínio da fé.
Pois bem:
O filme abaixo fala da violenta opressão a que a mulher está sujeita sob a religião islâmica.
Gostava de saber quem tem coragem de me repetir aquilo que acabei de referir acima que ouço frequentemente dizerem-me.
Mas só depois de ver este filme. Já agora, até ao fim.
sábado, 27 de outubro de 2007
Entrevista - Igualdade no acesso ao casamento civil
Os filmes abaixo são retirados do programa «As Tardes da Júlia», emitido pela T.V.I. no passado dia 25 de Outubro.
1.ª Parte:
2.ª Parte:
3.ª Parte:
E já agora, que vem a propósito, relembremos um extracto do “Telejornal” do 1º canal da R.T.P. do dia 2 de Fevereiro de 2006:
Constituição da República Portuguesa
- Artigo 36º n.º 1:
«Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade».
- Artigo 13º n.º 1:
«Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei».
- Artigo 13º n.º 2:
«Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual».
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Direitos Comparados
É este o título do artigo de Fernanda Câncio no «Diário de Notícias» de hoje e que, com a devida vénia, aqui reproduzo na íntegra.
«O que está em causa não é apenas uma questão de corrigir uma injustiça sentida por uma parte particular da sociedade, mas a necessidade de afirmar o carácter da nossa sociedade como sendo baseado em tolerância e respeito mútuo.
«O teste da tolerância não é aceitar pessoas e práticas com as quais nos sentimos confortáveis, mas como lidamos com aquilo que nos desagrada. (...) A opinião da maioria pode ser muitas vezes dura para as minorias. É precisamente a função da Constituição e da lei intervir contrariando, e não reforçando, discriminações injustas em relação a uma minoria. (...) A generalização do preconceito não implica a sua legitimidade."».
«"A exclusão dos casais do mesmo sexo dos benefícios e responsabilidades do casamento não é um inconveniente pequeno e tangencial, resultante dos resquícios do preconceito social e destinado a desaparecer como a neblina matinal. Representa um duro embora oblíquo reconhecimento pela lei de que os casais do mesmo sexo são outsiders e que a sua necessidade de afirmação e protecção das suas relações privadas como seres humanos é de alguma forma menor que a dos casais heterossexuais».
«"Reforça a danosa ideia de que devem ser tratados como aberrações biológicas, como seres humanos caídos ou falhados que não têm lugar na sociedade normal e que, como tal, não merecem o respeito que a nossa Constituição procura assegurar a todos. Significa que a sua capacidade de amor, compromisso, e de aceitação da responsabilidade é por definição menos merecedora de atenção e respeito que a dos casais heterossexuais. (...)"»
«"Pode ser que, como alguns sugerem, muitos casais do mesmo sexo recusem mimar as normas heterossexuais, ou o que consideram a rotinização e comercialização das suas relações mais íntimas e pessoais».
«"Mas o que está em causa não é a decisão que tomem, mas a escolha que lhes está disponível. (...) A ideia de que estender a possibilidade do casamento aos casais do mesmo sexo iria de algum modo prejudicar aqueles que já dele beneficiam só pode basear-se num preconceito contra a homossexualidade. É precisamente por causa desse tipo de atitude que a Constituição proíbe a discriminação em função da orientação sexual."».
«As citações acima integram o notável acórdão de Dezembro de 2005 do Tribunal Constitucional da África do Sul - um dos poucos países do mundo cuja lei fundamental, como a portuguesa, proíbe expressamente a discriminação em função da orientação sexual - que considerou inconstitucional a lei que impedia o casamento entre pessoas do mesmo sexo e deu um ano ao parlamento para a alterar».
«Um casal de mulheres, Adriaana Fourie e Cecelia Bonthuys, iniciou em 2002 o processo judicial que culminou nesta decisão.
«Por cá, o caso de Helena Paixão e Teresa Pires, iniciado em 2006, chegou agora ao Tribunal Constitucional. O mesmo preceito constitucional, o mesmo assunto para decidir».
«Que as semelhanças, espera-se, não se fiquem por aí.».
O artigo de Fernanda Câncio que reproduzi fala por si e não carece de quaisquer comentários.
Mas, já agora, e num post de citações, torna-se irresistível não citar também algumas palavras do Prof. Júlio Machado Vaz, retiradas do «parecer» que nos ofereceu para ilustrar e fundamentar as alegações de recurso para o Tribunal Constitucional:
«A mudança de um paradigma apoiado no imperativo procriativo para outro de partilha sentimental retira força ao argumento nuclear contra o casamento homossexual - se esquecermos os interditos religiosos -, que, de resto, é cada vez menos consensual entre os heterossexuais - ter filhos passou a ser uma (doce) hipótese a contemplar e não uma inevitabilidade, quase inerente à condição humana».
«O casamento de hoje é uma relação tentada entre duas pessoas, dois afectos, duas liberdades, dois projectos de vida, muitas vezes ensaiada previamente numa experiência de coabitação».
«E não a moldura, ainda que emocional, para dois aparelhos reprodutores…».
«Ouço muitas vezes reivindicar soluções diversas para realidades diversas».
«Pois bem, estou firmemente convencido que existem muito mais diferenças entre as faces da instituição casamento separadas pelos últimos cento e vinte anos do que entre os cidadãos heterossexuais, homossexuais e bissexuais, rótulos que apenas traduzem a nossa triste e preguiçosa nostalgia de melhor catalogar o mundo, ainda que no processo sacrifiquemos as cores do arco-íris ao simplismo do preto e branco».
«É tempo de substituir uma palavra tão oblíqua como tolerância pela prática fraternal da aceitação da diversidade que, biológica e psicologicamente, nos garante e enriquece o futuro».
«Que as semelhanças, espera-se, não se fiquem por aí.».
O artigo de Fernanda Câncio que reproduzi fala por si e não carece de quaisquer comentários.
Mas, já agora, e num post de citações, torna-se irresistível não citar também algumas palavras do Prof. Júlio Machado Vaz, retiradas do «parecer» que nos ofereceu para ilustrar e fundamentar as alegações de recurso para o Tribunal Constitucional:
«A mudança de um paradigma apoiado no imperativo procriativo para outro de partilha sentimental retira força ao argumento nuclear contra o casamento homossexual - se esquecermos os interditos religiosos -, que, de resto, é cada vez menos consensual entre os heterossexuais - ter filhos passou a ser uma (doce) hipótese a contemplar e não uma inevitabilidade, quase inerente à condição humana».
«O casamento de hoje é uma relação tentada entre duas pessoas, dois afectos, duas liberdades, dois projectos de vida, muitas vezes ensaiada previamente numa experiência de coabitação».
«E não a moldura, ainda que emocional, para dois aparelhos reprodutores…».
«Ouço muitas vezes reivindicar soluções diversas para realidades diversas».
«Pois bem, estou firmemente convencido que existem muito mais diferenças entre as faces da instituição casamento separadas pelos últimos cento e vinte anos do que entre os cidadãos heterossexuais, homossexuais e bissexuais, rótulos que apenas traduzem a nossa triste e preguiçosa nostalgia de melhor catalogar o mundo, ainda que no processo sacrifiquemos as cores do arco-íris ao simplismo do preto e branco».
«É tempo de substituir uma palavra tão oblíqua como tolerância pela prática fraternal da aceitação da diversidade que, biológica e psicologicamente, nos garante e enriquece o futuro».
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Quando a «DECO» nos trata da saúde
Toda a gente a conhece a «DECO» - a "Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor" – e as revistas que publica regularmente, como a «Proteste».
Logo desde a sua criação, a «DECO» tem servido de fonte de informação a muitos consumidores portugueses, e ao mesmo tempo de fonte de dissuasão a muitos aldrabões, que tantas vezes recuam só de ouvir alguém dizer: «Vou-me queixar à DECO!».
Durante alguns anos assinei a revista «Proteste».
Mas desisti. Não porque tenha verificado que a maioria dos assuntos não me interessavam lá muito, mas quando constatei a frequência com que os artigos vinham cheios de asneiras.
Chegou-me agora às mãos uma outra publicação da «DECO»: a «Teste Saúde», que dedica a sua edição n.º 69 a falar de «terapias alternativas».
É curioso como uma associação de «Defesa do Consumidor» que se arroga «total independência», «credibilidade» e «reconhecimento pelo seu trabalho» e que tanto se orgulha do «profissionalismo das suas equipas» se dedica, até como tema principal de uma das suas revistas, a credibilizar essa gigantesca aldrabice a que se convencionou chamar «Terapias Alternativas».
E dá até alguns exemplos, que deixa bem explicado em que consistem: a osteopatia, a acupunctura, a quiropatia, a fitoterapia e, claro está, não podia faltar, a homeopatia.
(Clicar sobre as imagens para as ampliar)
Depois a «DECO» presta-nos ainda um autêntico serviço público de indiscutível utilidade: ensina-nos a «reconhecer um bom terapeuta».
Como?
É simples: entre outras coisas «um bom terapeuta» pergunta sempre ao doente se o médico já fez algum diagnóstico da doença e pede-lhe informações a esse respeito. Mas, acima de tudo, nunca esquecer, afixa sempre o seu horário de funcionamento em lugar bem visível.
Para quem as tivesse, o título do artigo desta revista da «DECO» não nos deixa margem para dúvidas sobre a opinião que os «profissionais das suas equipas» têm sobre esta monumental burla à escala mundial, agora tanto na moda.
Diz assim o título: as «terapias alternativas» são «tão válidas como as tradicionais»!
E então a conclusão que se tira do artigo também não nos deixa margem para dúvidas:
- Pelos vistos há análises nas revistas da «DECO» que são afinal tão “válidas” como as aldrabices que ali são analisadas.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Um casamento assim… "normal"…
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
O Tribunal Constitucional
No dia 1 de Fevereiro de 2006 Teresa Pires e Helena Paixão apresentaram-se na 7ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa a requerer o início do processo do seu casamento.
Contudo, a sua pretensão foi liminarmente indeferida pelo facto de serem do mesmo sexo, já que o artigo 1.577º do Código Civil define «casamento» como «o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida».
Inconformadas com esta decisão, Teresa Pires e Helena Paixão dela interpuseram recurso para o Tribunal Cível de Lisboa, em primeira instância, e depois para o Tribunal da Relação de Lisboa e para o Supremo Tribunal de Justiça.
Ora,
depois de esgotados os meios jurisdicionais comuns sem que lograssem fazer valer os seus direitos, e uma vez que a razão do seu inconformismo se fundamentava na inconstitucionalidade das normas do Código Civil que impedem o seu casamento, Teresa Pires e Helena Paixão interpuseram recurso para o Tribunal Constitucional.
Já no passado mês de Setembro, o Tribunal Constitucional considerou que as motivações do recurso que Teresa Pires e Helena Paixão tinham apresentado se fundamentavam, em concreto, na questão da inconstitucionalidade material das normas que impedem o seu casamento.
Por isso, foi admitida a subida do seu recurso para o Tribunal Constitucional.
Hoje, dia 19 de Outubro de 2007, Teresa Pires e Helena Paixão entregam no Tribunal Constitucional as suas alegações de recurso.
A elaboração destas alegações foi um longo e absorvente trabalho de muitas semanas, porque acabou por se revelar para mim de uma complexidade enorme, e que me exigia um conhecimento mais aprofundado desta vastíssima área das ciências jurídicas que é o Direito Constitucional.
Para isso, foi absolutamente essencial a colaboração inestimável de muitas pessoas que, logo que souberam da interposição do recurso para o Tribunal Constitucional, quiseram solidarizar-se incondicionalmente com este projecto, e que, por isso, seria de uma profunda injustiça que não fossem aqui mencionadas de um modo muito especial.
Refiro-me em primeiro lugar ao Pedro Múrias e ao Paulo Corte-Real cuja amizade foi inexcedível e cuja colaboração foi tão gigantesca quanto incansável.
Mas tenho de referir-me também a mais algumas pessoas que, embora prefiram não ser aqui identificadas, merecem-me igualmente uma palavra de enorme apreço. Todas elas sabem a quem me refiro.
Igualmente imprescindível foi a colaboração de todos aqueles que elaboraram os «pareceres» que serão entregues no Tribunal Constitucional em anexo às alegações.
Todos esses pareceres nos foram oferecidos “pro bono”.
Pela profundidade técnica que os distingue, mas também pela credibilidade científica que precede os seus nomes, não podem ficar aqui sem uma especial referência todos os seus autores:
- Prof. Doutor Carlos Pamplona Corte-Real;
- Dr.ª Susana Brasil de Brito;
- Dr. Pedro Múrias (online - AQUI);
- Dr.ª Margarida Lima Rego;
- Dr. Luís Duarte d’Almeida;
- Dr.ª Isabel Moreira;
- Prof. Doutor Miguel Vale de Almeida;
- Prof. Doutor Júlio Machado Vaz.
(Um outro parecer, da autoria do Prof. Doutor David Duarte, será mais tarde junto à alegações).
Todos aqueles pareceres se revelaram essenciais a uma fundamentação técnica mais sólida e coerente das alegações, e forneceram argumentos absolutamente irrebatíveis e, quero crer, absolutamente estanques a qualquer refutação.
Prova disso é a quantidade imensa das citações de todos os pareceres que se pode encontrar nas alegações.
E pronto.
A partir de hoje cabe exclusivamente ao Tribunal Constitucional uma decisão sobre o processo do casamento de Teresa Pires e Helena Paixão.
Mas, mais do que isso, com este processo, decerto ficarão também entregues nas mãos da justiça constitucional portuguesa todos os casos de cidadãos homossexuais a quem injustificadamente tem sido negado o acesso a um direito que mais não é do que a mera celebração de um simples contrato: o casamento.
As alegações de recurso
podem ser encontradas aqui mesmo ao lado.
No Blog:
No Blog:
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
The Trial
Às vezes encontramos uma música que define exactamente tudo o que estamos a pensar ou a viver num determinado momento muito preciso e concreto da nossa vida.
Mesmo por muito complexas e diferenciadas que sejam as situações – e também as sensações – por que estamos a passar.
Ou até quando estamos a pensar:
- There must have been a door there in the wall, when I came in…
De facto, talvez a música que melhor descreva estes meus últimos dias (últimos tempos?) seja esta:
- Do álbum «The Wall», obviamente dos Pink Floyd - The Trial.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Quando as moscas mudam, mas a merda é a mesma...
Este «post» é dedicado a todas as mulheres, qualquer que seja a religião que professem.
Mas, muito em especial, às mulheres católicas e às mulheres muçulmanas que há seculos e séculos partilham tão harmónica e pacificamente essa belíssima mensagem divina de paz, amor e fraternidade que é o Antigo Testamento.
Não há dúvida: a religião e a fé é são coisas muito bonitas!
Principalmente, de facto... para as mulheres!
Assim, o pequeno filme mais abaixo mostra bem como qualquer mulher muçulmana deve estar feliz quando tem em sua defesa um homem com tanta fé, tão temente a Deus e tão cumpridor dos ensinamentos divinos.
No entanto, e para começar, nada melhor do que constatar que as mulheres católicas também elas estão em muito boas mãos.
Para o demonstrar (a quem tivesse dúvidas), aí está uma entrevista que esse insigne e emérito ministro de Deus, o Reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra, deu à revista do «Diário de Notícias» do passado dia 6 de Outubro, e de que destaco algumas passagens:
Mons. Luciano Guerra: No tempo em que não havia divórcios, havia situações bastante dolorosas, mas a pessoa resignava-se. A mulher dizia: “calhou-me este homem, não tenho outra possibilidade, vou fazer o que posso. Ao passo que hoje as pessoas querem safar-se de uma situação e caem noutras piores.
Diário de Notícias: Na sua opinião, uma mulher agredida pelo marido deve manter o casamento ou divorciar-se?
Mons. L. Guerra: Depende do grau da agressão.
D. Notícias: O que é isso do grau da agressão?
Mons. L. Guerra: Há o indivíduo que bate na mulher todas as semanas e há o indivíduo que dá um soco na mulher de três em três anos.
D. Notícias: Então reformulo a questão: agressões pontuais justificam um divórcio?
Mons. L. Guerra: Eu, pelo menos, se estivesse na parte da mulher que tivesse um marido que a amava verdadeiramente no resto do tempo, achava que não. Evidentemente que era um abuso, mas não era um abuso de gravidade suficiente para deixar o homem que a amava.
D. Notícias: Porque é que a Igreja se mostra sempre tão rígida, se Deus nos criou com o corpo que temos, as sensações e as necessidades….
Mons. L. Guerra: A sociedade entendeu que a melhor forma de preservar a paz, no fundo o progresso, foi tirar as mulheres da frente dos homens. O perigo não são as mulheres, o perigo está nos homens. (...) Digo-lhe uma coisa. Tenho para mim que a falta de aproveitamento dos nossos jovens está na sexualidade que lhes absorve a atenção, mesmos sem estímulos externos, o principal dos quais é a mulher. Você sabe como é a imaginação de um jovem. Ponha agora uma rapariga ao lado e vai ver como ele se distrai mais rapidamente do que com um homem.
- Então agora cá vai o filme:
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Imagine
«Imagine»
Música de John Lennon.
O vídeo, esse estive eu aqui entretido a fazê-lo...
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Desafio ao Leitor!
Era com este «Desafio ao Leitor» que nos deparávamos a certa altura do enredo quando líamos um livro policial dos primos “Ellery Queen”.
Mas como isto não é propriamente um Blog policial, o «Desafio ao Leitor» que agora faço é outro.
E consta de três partes:
Um pequeno esclarecimento; o visionamento de um filme do «Youtube» e, finalmente, o «desafio» propriamente dito.
Cá vamos então:
- Primeira Parte: Um pequeno esclarecimento.
Para alguém dizer «eu sou católico!» não será preciso nada de especial. Talvez seja até irrelevante ter sido baptizado, pois tanta gente o foi em criança e não é católica.
Para se ser católico, pois, não é preciso ninguém «inscrever-se» ou «pagar quotas».
Pelo contrário, para alguém se dizer «católico» (ainda que se diga “apenas” essa coisa paradoxalmente abstrusa que é ser «católico não praticante»), será essencial, parece-me óbvio, unicamente a afirmação e a convicção da existência de uma comunhão teológica e filosófica (passe a contradição), e ainda a partilha de determinados princípios básicos de uma “moralidade” e de um conjunto de tradições, de dogmas e de rituais. Se não de todos, pelo menos dos mais fundamentais.
Religião organizada que é, não podia o catolicismo deixar de pôr à disposição dos «católicos» uma codificação coerentemente organizada de onde constem todos os seus valores e princípios fundamentais, e de que resultará a possibilidade de alguém os poder - ou não - adoptar, para então poder - ou não - dizer: «Eu sou católico!».
Ora, essa codificação de princípios fundamentais consta do «Catecismo da Igreja Católica», de que agora citamos alguns exemplos que, por definidores essenciais do que é a «Religião Católica» serão inequivocamente partilhados, pelo menos na sua parte fundamental, por todos aqueles que nos dizem: «Eu sou católico!».
Assim,
E depois de considerar (§ 2267) admissível o recurso à pena de morte, o que nos traz já uma primeira possibilidade de uma identificação, bem definida e determinada, de critérios de comunhão filosófica entre os católicos, e depois ainda de os especificar numa vertente que se refere à vivência da sexualidade tal como ela deve ser interpretada pela comunidade daqueles que dizem «Eu sou católico!», estabelecendo para todos eles (§ 2351) que a «luxúria», isto é, que «o prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo»,
então,
o «Catecismo da Igreja Católica» estabelece (§ 2370) que os católicos de todo o mundo devem em comum perfilhar filosoficamente (sob pena de não mais poderem dizer em coro com todos os outros, pelo menos com honestidade intelectual, «Eu sou católico!») a ideia de que, a respeito daquilo a que chama «os métodos de regulação da natalidade» só é doutrinariamente admissível o recurso à “contagem dos dias dos períodos infecundos da mulher”.
Mais ainda, os católicos que como tal se definam e que, por isso, digam em todo o lado sem qualquer pejo «Eu sou católico!», devem também aceitar (§ 2399) como sendo «moralmente inadmissíveis» (para além do “método da contagem dos dias”), quaisquer métodos ou técnicas que impeçam que a mulher engravide, sejam elas a esterilização ou quaisquer formas de contracepção.
Incluindo, pois a “pílula”, o “DIU”, o preservativo, ou qualquer outro método anticoncepcional.
Apesar de tudo, concorde-se ou não, esta é uma determinação inegavelmente coerente: é que ela decorre directamente da Bíblia e de um dogma que tem a sua fonte na célebre história de Onan, que foi condenado à morte por «derramar a sua semente para a terra».
Com ou sem a genial chacota dos «Monty Python» de que «every sperm is sacred...», um dogma é um dogma, principalmente se decorrer directamente da Bíblia (que é a palavra de Deus ditada aos homens – e isto, por sua vez... é outro dogma).
E, se virmos bem, qual é o problema de alguém aceitar um dogma?
Um pequeno esclarecimento; o visionamento de um filme do «Youtube» e, finalmente, o «desafio» propriamente dito.
Cá vamos então:
- Primeira Parte: Um pequeno esclarecimento.
Para alguém dizer «eu sou católico!» não será preciso nada de especial. Talvez seja até irrelevante ter sido baptizado, pois tanta gente o foi em criança e não é católica.
Para se ser católico, pois, não é preciso ninguém «inscrever-se» ou «pagar quotas».
Pelo contrário, para alguém se dizer «católico» (ainda que se diga “apenas” essa coisa paradoxalmente abstrusa que é ser «católico não praticante»), será essencial, parece-me óbvio, unicamente a afirmação e a convicção da existência de uma comunhão teológica e filosófica (passe a contradição), e ainda a partilha de determinados princípios básicos de uma “moralidade” e de um conjunto de tradições, de dogmas e de rituais. Se não de todos, pelo menos dos mais fundamentais.
Religião organizada que é, não podia o catolicismo deixar de pôr à disposição dos «católicos» uma codificação coerentemente organizada de onde constem todos os seus valores e princípios fundamentais, e de que resultará a possibilidade de alguém os poder - ou não - adoptar, para então poder - ou não - dizer: «Eu sou católico!».
Ora, essa codificação de princípios fundamentais consta do «Catecismo da Igreja Católica», de que agora citamos alguns exemplos que, por definidores essenciais do que é a «Religião Católica» serão inequivocamente partilhados, pelo menos na sua parte fundamental, por todos aqueles que nos dizem: «Eu sou católico!».
Assim,
E depois de considerar (§ 2267) admissível o recurso à pena de morte, o que nos traz já uma primeira possibilidade de uma identificação, bem definida e determinada, de critérios de comunhão filosófica entre os católicos, e depois ainda de os especificar numa vertente que se refere à vivência da sexualidade tal como ela deve ser interpretada pela comunidade daqueles que dizem «Eu sou católico!», estabelecendo para todos eles (§ 2351) que a «luxúria», isto é, que «o prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo»,
então,
o «Catecismo da Igreja Católica» estabelece (§ 2370) que os católicos de todo o mundo devem em comum perfilhar filosoficamente (sob pena de não mais poderem dizer em coro com todos os outros, pelo menos com honestidade intelectual, «Eu sou católico!») a ideia de que, a respeito daquilo a que chama «os métodos de regulação da natalidade» só é doutrinariamente admissível o recurso à “contagem dos dias dos períodos infecundos da mulher”.
Mais ainda, os católicos que como tal se definam e que, por isso, digam em todo o lado sem qualquer pejo «Eu sou católico!», devem também aceitar (§ 2399) como sendo «moralmente inadmissíveis» (para além do “método da contagem dos dias”), quaisquer métodos ou técnicas que impeçam que a mulher engravide, sejam elas a esterilização ou quaisquer formas de contracepção.
Incluindo, pois a “pílula”, o “DIU”, o preservativo, ou qualquer outro método anticoncepcional.
Apesar de tudo, concorde-se ou não, esta é uma determinação inegavelmente coerente: é que ela decorre directamente da Bíblia e de um dogma que tem a sua fonte na célebre história de Onan, que foi condenado à morte por «derramar a sua semente para a terra».
Com ou sem a genial chacota dos «Monty Python» de que «every sperm is sacred...», um dogma é um dogma, principalmente se decorrer directamente da Bíblia (que é a palavra de Deus ditada aos homens – e isto, por sua vez... é outro dogma).
E, se virmos bem, qual é o problema de alguém aceitar um dogma?
Não fazem os dogmas também parte lógica e intrínseca de uma religião? E não é a liberdade de culto um Direito Fundamental?
E um dogma é um dogma, que deve ser aceite sem pestanejar por quem é católico, enfim, por todos os que dizem «Eu sou católico!».
Repare-se até na forma inequívoca como esta determinação do «Catecismo» é um dogma como qualquer outro, e que não resulta sequer de quaisquer considerações de ordem moral ou até que se refira a “uma vida humana que deixa de existir”: é que o uso do preservativo está rigorosamente proibido em todas as ocasiões, mesmo até se a relação sexual ocorre durante o período infértil da mulher.
É isso mesmo: um dogma religioso é um dogma religioso, e quem diz sem hesitar «Eu sou católico!», aceita-o e ninguém tem nada a ver com isso!
Claro está que o facto de o preservativo ser a forma mais eficaz que actualmente se conhece para impedir nova infecções com o vírus da SIDA, não é para aqui chamado.
Claro está que a queima ritual de preservativos pela hierarquias católicas em África, onde a SIDA dizima centenas de milhar de pessoas, também não é para aqui chamado.
Nem sequer a taxa de novas infecções em Portugal - tantas entre jovens - e uma das maiores do mundo ocidental, é para aqui chamada.
Mas não vimos já que o «Catecismo» que proíbe o uso do preservativo é precisamente o mesmo que determina que «o prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo»?...
Que melhor método haverá então para combater a disseminação da SIDA que não a... castidade?
E é assim mesmo: um dogma é um dogma, e um católico aceita-o incondicionalmente como componente essencial da sua religião e, contra tudo e contra todos, continua a dizer bem alto: «Eu sou católico!»
- Segunda Parte: O visionamento deste filme, que é absolutamente genial e que foi produzido e realizado pela «Monomito Argumentistas» para a campanha de prevenção da infecção pelo vírus da Sida lançada pelo «Alto Comissariado da Saúde».
- Terceira Parte: «DESAFIO AO LEITOR»
Que é este:
Quem é católico e quem, por isso, com orgulho, de cabeça erguida, com a certeza da dignidade das suas convicções, com a segurança da justeza dos seus critérios de ética e de respeito pela vida humana e, enfim, dos seus dogmas, diz, assim bem alto, «Eu sou católico!» quando lhe perguntam que religião professa
ou...
...mesmo até quando é posto perante a consideração civilizacional de que o prazer sexual é “moralmente desordenado”, mesmo quando é confrontado com a aceitação filosófica da pena de morte, ou com esta alucinada política genocida de proibição do uso do preservativo que o Vaticano persiste em impor em todos os cantos do mundo em que mantém alguma influência,
E um dogma é um dogma, que deve ser aceite sem pestanejar por quem é católico, enfim, por todos os que dizem «Eu sou católico!».
Repare-se até na forma inequívoca como esta determinação do «Catecismo» é um dogma como qualquer outro, e que não resulta sequer de quaisquer considerações de ordem moral ou até que se refira a “uma vida humana que deixa de existir”: é que o uso do preservativo está rigorosamente proibido em todas as ocasiões, mesmo até se a relação sexual ocorre durante o período infértil da mulher.
É isso mesmo: um dogma religioso é um dogma religioso, e quem diz sem hesitar «Eu sou católico!», aceita-o e ninguém tem nada a ver com isso!
Claro está que o facto de o preservativo ser a forma mais eficaz que actualmente se conhece para impedir nova infecções com o vírus da SIDA, não é para aqui chamado.
Claro está que a queima ritual de preservativos pela hierarquias católicas em África, onde a SIDA dizima centenas de milhar de pessoas, também não é para aqui chamado.
Nem sequer a taxa de novas infecções em Portugal - tantas entre jovens - e uma das maiores do mundo ocidental, é para aqui chamada.
Mas não vimos já que o «Catecismo» que proíbe o uso do preservativo é precisamente o mesmo que determina que «o prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo»?...
Que melhor método haverá então para combater a disseminação da SIDA que não a... castidade?
E é assim mesmo: um dogma é um dogma, e um católico aceita-o incondicionalmente como componente essencial da sua religião e, contra tudo e contra todos, continua a dizer bem alto: «Eu sou católico!»
- Segunda Parte: O visionamento deste filme, que é absolutamente genial e que foi produzido e realizado pela «Monomito Argumentistas» para a campanha de prevenção da infecção pelo vírus da Sida lançada pelo «Alto Comissariado da Saúde».
- Terceira Parte: «DESAFIO AO LEITOR»
Que é este:
Quem é católico e quem, por isso, com orgulho, de cabeça erguida, com a certeza da dignidade das suas convicções, com a segurança da justeza dos seus critérios de ética e de respeito pela vida humana e, enfim, dos seus dogmas, diz, assim bem alto, «Eu sou católico!» quando lhe perguntam que religião professa
ou...
...mesmo até quando é posto perante a consideração civilizacional de que o prazer sexual é “moralmente desordenado”, mesmo quando é confrontado com a aceitação filosófica da pena de morte, ou com esta alucinada política genocida de proibição do uso do preservativo que o Vaticano persiste em impor em todos os cantos do mundo em que mantém alguma influência,
e que,
ainda assim, continua a proclamar, em consciência e bem ciente de que, como católico, pertence e faz parte integrante desta comunhão de princípios, e ainda que, cheio de «fé», grita orgulhosamente: «Eu sou católico!»
então,
então,
cá vai o DESAFIO:
- Que ponha o dedo no ar!!!
- Que ponha o dedo no ar!!!
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Três Anos!!!
O «Random Precision» faz hoje três anos!
Quando há três anos comecei esta coisa, mal sabia eu a trabalheira que isto ia dar.
É verdade que às vezes é divertido. Principalmente aquela parte das provocações...
Mas às vezes é também um bocado chato e cansativo e, ainda por cima, aquela pilha de livros que está em cima da mesa de cabeceira não pára de crescer, que o tempo não dá para tudo e alguém tem de trabalhar neste país.
Mas um Blog tem também coisas muito positivas:
Para já, nunca imaginei como tentar pesquisar, ordenar e pôr por escrito de forma mais ou menos coerente aquilo que nos dá na pinha, principalmente quando se trata de considerações de ordem filosófica, ética ou racional, pode contribuir tanto para nos ordenar, fundamentar e sedimentar as ideias.
Então, e quando se trata de debater ou até só explicar racionalmente qualquer coisa a alguém que pensa irracionalmente, que pensa que «a razão tem de dar ouvidos ao divino» ou que pensa que é coerente «acusar» alguém de ser «demasiado racionalista»?
Então é que é mais difícil não perder as estribeiras, confesso.
Depois, vem aquela parte dos amigos que surpreendentemente se fazem aqui à volta. E como é compensador constatar que alguns são MESMO amigos.
Finalmente, uma coisa que nunca me passou mesmo pela cabeça foi como é que este «Blog» poderia mudar de forma assim tão significativa tantos aspectos da minha vida e, por causa disso e «por arrastamento», também a vida de muitas das pessoas que me rodeiam, algumas que tanto amo e estimo incondicionalmente.
Basta recordar, entre muitas outras coisas, que foi de um texto que escrevi aqui que acabou por nascer todo o processo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e que dentro de nove ou dez dias (depois da entrega das alegações) ficará à espera de uma decisão do Tribunal Constitucional.
Será que uma coisa que poderá vir a ter tantas consequências, e mudar a vida de tantas e tantas pessoas, pode ter como causa remota um pequeno texto escrito num Blog?
Dentro de pouco tempo logo saberemos...
Enfim:
Quando é que o raio do Blog vai acabar, não sei. Para já, «C’est pas demain la veille»!
Mas entretanto, cá vai continuando.
Com aquela parte das provocações e tudo. Umas mais fortes e directas, outras mais «softs» e só insinuantes.
Mas sempre, sempre com a mesma «linha editorial».
Principalmente esta:
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Entre os horrores da imbecilidade e da coerência católica
No «Diário de Notícias» João César das Neves escreveu um texto que intitulou «Entre os Horrores do Fanatismo e do Relativismo» cuja inegável genialidade bem nos exige que tenhamos de o ler integralmente.
Mas deixemos aqui somente duas pequenas citações que vale a pena realçar.
Diz-nos este iluminado católico, citando o Papa Bento XVI:
«Uma razão que é surda ao divino e que relega a religião para o âmbito das subculturas é incapaz de se inserir num diálogo de culturas».
Assim,
O que o bom do Joãozinho nos quer dizer com isto é que os católicos e o seu querido e santo Papa são capazes de se «inserir num diálogo de culturas» porque «não relegam a religião para o âmbito das subculturas», tudo isto, vejam só bem, porque... «a sua "Razão" não é surda ao "Divino"».
Muito haveria aqui a adjectivar e a comentar sobre a iluminada inteligência do abominável César das Neves, a propósito desta brilhante alegação de que «a sua razão dá ouvidos ao divino».
Mas não é preciso!
Porque ele próprio, Deus lhe perdoe, se encarrega de o fazer sozinho, quando nos diz:
«o primeiro regime teocrático xiita da História não é uma ditadura desmiolada. É uma democracia que há quase três décadas manobra com argúcia na cena mundial».
Ou seja, deve ter sido o «Divino» que segredou ao ouvido da «Razão» deste católico da neves eternas que o Irão é afinal uma DEMOCRACIA e que, há quase três décadas, isto é, de Khomeini a Ahmadinejad, até manobra a cena mundial. E com argúcia e tudo!
E, assim, ficamos a saber que os católicos cuja «Razão» ouve vozes do «Divino» consideram democrático um país em que vigora a «Sharia», isto é a lei islâmica, e que é precisamente de onde provêem as «Fatwas», ou sentenças de morte proferidas por motivos religiosos, quer contra Salman Rushdie quer contra “cartoonistas” dinamarqueses ou suecos, um país onde as mulheres são consideradas sub-humanas, não têm direito de voto, são normalmente impedidas de frequentar escolas e obrigadas a usar véus e «burqas», onde os fiéis da religião “Bahá” são perseguidos, privados de direitos civis e impedidos de ter acesso ao sistema de ensino, e até onde os homossexuais são simplesmente... condenados à morte.
É por isso, e exclusivamente numa justa homenagem a João César das Neves que aqui ponho ao lado uma fotografia publicada recentemente nos jornais de todo o mundo, que mostra dois jovens iranianos de olhos vendados e prestes a serem executados por enforcamento, precisamente por serem homossexuais.
Mas não deverá ser somente da razoabilidade que das vozes que anda por aí a ouvir que este São João da Neves define como «democrático» um país que enforca os seus cidadãos homossexuais.
Deve ser também por uma questão de pura e simples... coerência religiosa!
Uma coerência, que lhe chega do «Divino» que lhe anda por aí pelos cantos a segredar coisas aos ouvidos e que, decerto, lhe cita belas e inspiradoras passagens da Bíblia, desse admirável «Livro dos Livros», que é a «palavra de Deus ditada aos Homens», como esta do Levítico (20:13) que, tal como a democracia iraniana, também determina que os homossexuais devem ser condenados à morte.
E assim, é precisamente a propósito de «coerência» que, enfim, espero que o piedoso colunista das neves não se importe que seja no título que deu ao seu artigo do «Diário de Notícias» que eu me inspire para dar a este "post" um título verdadeiramente adequado, que lhe dedico também por inteiro e que, tal como já está escrito lá em cima, se fica então a chamar assim:
- «Entre os horrores da imbecilidade e da coerência católica».
«o primeiro regime teocrático xiita da História não é uma ditadura desmiolada. É uma democracia que há quase três décadas manobra com argúcia na cena mundial».
Ou seja, deve ter sido o «Divino» que segredou ao ouvido da «Razão» deste católico da neves eternas que o Irão é afinal uma DEMOCRACIA e que, há quase três décadas, isto é, de Khomeini a Ahmadinejad, até manobra a cena mundial. E com argúcia e tudo!
E, assim, ficamos a saber que os católicos cuja «Razão» ouve vozes do «Divino» consideram democrático um país em que vigora a «Sharia», isto é a lei islâmica, e que é precisamente de onde provêem as «Fatwas», ou sentenças de morte proferidas por motivos religiosos, quer contra Salman Rushdie quer contra “cartoonistas” dinamarqueses ou suecos, um país onde as mulheres são consideradas sub-humanas, não têm direito de voto, são normalmente impedidas de frequentar escolas e obrigadas a usar véus e «burqas», onde os fiéis da religião “Bahá” são perseguidos, privados de direitos civis e impedidos de ter acesso ao sistema de ensino, e até onde os homossexuais são simplesmente... condenados à morte.
É por isso, e exclusivamente numa justa homenagem a João César das Neves que aqui ponho ao lado uma fotografia publicada recentemente nos jornais de todo o mundo, que mostra dois jovens iranianos de olhos vendados e prestes a serem executados por enforcamento, precisamente por serem homossexuais.
Mas não deverá ser somente da razoabilidade que das vozes que anda por aí a ouvir que este São João da Neves define como «democrático» um país que enforca os seus cidadãos homossexuais.
Deve ser também por uma questão de pura e simples... coerência religiosa!
Uma coerência, que lhe chega do «Divino» que lhe anda por aí pelos cantos a segredar coisas aos ouvidos e que, decerto, lhe cita belas e inspiradoras passagens da Bíblia, desse admirável «Livro dos Livros», que é a «palavra de Deus ditada aos Homens», como esta do Levítico (20:13) que, tal como a democracia iraniana, também determina que os homossexuais devem ser condenados à morte.
E assim, é precisamente a propósito de «coerência» que, enfim, espero que o piedoso colunista das neves não se importe que seja no título que deu ao seu artigo do «Diário de Notícias» que eu me inspire para dar a este "post" um título verdadeiramente adequado, que lhe dedico também por inteiro e que, tal como já está escrito lá em cima, se fica então a chamar assim:
- «Entre os horrores da imbecilidade e da coerência católica».
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Viva a República!
A República faz hoje 97 anos!
Neste já quase século republicano português, e até aos actuais dias desta crescente – mas nunca completa – sedimentação da nossa Democracia, muitas, muitas coisas sucederam.
Umas melhores, outras piores, umas muito boas e outras muito más.
Algumas tão más, que até parecia que tinha sido reimplantada a monarquia...
E é a propósito desta efeméride e do dia que hoje orgulhosamente se comemora, que penso que, para o celebrar, nada melhor que tornar a publicar (só com algumas alterações) um texto que aqui deixei vai quase para um ano, e que se seguiu a umas iluminadas declarações à imprensa por um cidadão de seu nome Duarte Pio de Bragança que, do alto da sua reconhecidíssima gigantesca estatura intelectual, afirmou solenemente:
«A democracia portuguesa não é uma democracia, é uma fraude».
Rezava tal texto, depois de assim intitulado:
El-Rei Dom Chouriço
Segundo tão triste Pio, a «fraude» da democracia portuguesa reside no facto de a Constituição impedir o referendo sobre a natureza do próprio regime, ao mesmo tempo que, disse ele, «condiciona qualquer revisão constitucional ao respeito pela forma republicana de governo».
Este pio cidadão é conhecido por aparecer em revistas de «jet set» onde exibe a mulher e põe os filhos em exposição, e é famoso porque pensa que seria o «Chefe de Estado» se Portugal fosse uma monarquia.
Pelos vistos, este cidadão que gostava de ser Chefe de Estado (mas que se refere a uma coisa curiosíssima e, sem qualquer dúvida, genial a que chama «forma republicana de governo») deve estar convencido que a Constituição é a única coisa que o impede de estar sentado num trono com uma rodela de latão enfeitada com berloques bem enfiada no alto da cabeça e mandar bitaites sobre aquilo de que nada percebe.
E deve estar convencido que se não fosse o impedimento constitucional, Portugal seria agora uma monarquia.
E então, claro está, a democracia portuguesa já não seria, como ele diz que é,... uma fraude.
Nunca ninguém disse ao Pio de Bragança que a Democracia portuguesa é perfeita. Nenhuma o é!
E a Democracia portuguesa está ainda bem longe de o ser!
Mas está bom de ver que o sujeito nunca leu (ou se leu não percebeu), que é mais do que óbvio que, como dizem as inspiradas palavras de Churchill,
«A Democracia é o pior de todos os sistemas, mas com excepção de todos os outros»!
Claro que o próprio facto de um qualquer cidadão poder debitar livre e impunemente, como ele o faz, as maiores baboseiras sobre o regime democrático em que vive não tem, para o Pio, qualquer importância para a afirmação de uma democracia.
Nem sequer a própria existência de um «Partido Monárquico» livre e legalmente constituído, provavelmente pelo impacto fadista, risível, marialva, profundamente ridículo e meramente residual que tem no eleitorado.
Mas que, pasme-se, ainda assim tem deputados no Parlamento português, melhor dizendo, na «Assembleia da República», e que ali foram sentados (quem sabe se para cantar o fado ou para fazer a malta rir), pelos delírios de Santana Lopes.
Mas a democracia portuguesa já não seria uma fraude se o Chefe de Estado – ainda para mais com a importância que tem num regime semi-presidencialista como o nosso – deixasse de ser eleito por voto directo, secreto e universal dos portugueses e passasse a ser um cargo entregue a um «chouriço» qualquer, «legitimado» não se sabe por que raio de linhagem – quem sabe até se por uma «reincarnação» – e que, só por isso, pretende que lhe dêem mais direitos que aos demais cidadãos.
Ou seja, para este monárquico chouriço, que gostava de ser Chefe de Estado e – olhem só que giro! – que gostava até de «referendar a democracia portuguesa», esta já não seria uma fraude se o cargo de Chefe de Estado deixasse de ser desempenhado - e por um período limitado - por qualquer cidadão, escolhido pelo mérito que os seus concidadãos entenderem reconhecer-lhe em eleições livres, mas passasse a ser desempenhado por mera e simples nomeação de uma única pessoa, cuja «legitimidade» para o exercício desse cargo nos proviria de uma, pois claro, «imposição» decorrente unicamente do seu... nascimento!
A democracia portuguesa já não seria uma fraude se o cargo de Chefe de Estado fosse de nomeação vitalícia, mesmo que o ilustre herdeiro designado se viesse a revelar um autêntico imbecil, um reaccionário cretino, imbecil e retrógrado, e ainda por cima enfeudado e vendido a uma religião, ou fosse, enfim, uma besta qualquer que o povo tivesse de aturar (como tantas vezes já sucedeu) para o resto da sua vida.
E então, a democracia portuguesa já não seria uma fraude se à volta do Chefe de Estado passasse a rodopiar uma clique de fadistas marialvas vestidos de coletes verde-tropa, assim com muitos bolsinhos de lado e tudo, e que só conseguem visibilidade pública ou nas bancadas das «toiradas» ou pelas fantásticas e geniais tiradas homofóbicas e misóginas que fazem em programas de televisão idiotas para que são convidados, porque aí, claro está, sentem-se mais à vontade.
Deslocam-se de preferência num verdejante Range-Rover e arrogam-se títulos nobiliárquicos inexistentes e inventadas superioridades dinásticas de grandes senhores feudais da idade média, de quem herdaram não mais do que o atraso mental.
Mas descansemos:
Porque, decerto convencida de que ser «adepto da Coroa» é sinónimo de uma qualquer e misteriosa superioridade intelectual e traz automaticamente consigo notoriedade social, há por aí muito boa gente que, provavelmente porque não olhou bem para ele ou ainda não o ouviu bem a abrir a boca, ainda não se apercebeu deste simples facto:
- Que o principal adversário da «causa monárquica» em Portugal é precisamente esta peculiar personagem que dá pelo nome de «Duarte Pio de Bragança».
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Violência Infantil
Há neste mundo milhões de crianças vítimas de violência infantil.
De tal forma, que essas crianças decerto prefeririam que os seus pais antes fossem animais...
Qualquer que seja a forma que a violência infantil possa tomar...
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Quando um cristão quer muito ser cientista
Não há dúvida: se há coisas que neste mundo são indubitavelmente ilimitadas, uma delas é... a estupidez humana!
No «Expresso» deste fim de semana o inefável João Carlos Espada voltou ao ataque.
Disse ele agora:
«Os ateístas escrevem com ardor e zelo, acusando a religião de ardor e zelo; os cristãos respondem com serenidade acusando o ateísmo de dogmatismo fundamentalista».
Pois é:
«Os ateístas escrevem com ardor e zelo, acusando a religião de ardor e zelo; os cristãos respondem com serenidade acusando o ateísmo de dogmatismo fundamentalista».
Pois é:
Por vezes a estupidez humana é tão ilimitada, tão ilimitada (olha só que redundância tão gira) que se torna até desesperante.
Às vezes até faz pena!
De facto, é até confrangedor deparar com alguém que exibe a sua fé e a sua irracionalidade em artigos de jornais, frequentemente até com orgulho (vá-se lá entender isto!), e que foge da Filosofia como o Diabo da cruz, antes preferindo aceitar dogmas imbecis (passe o pleonasmo), acatar a mitologia como ciência e adoptar meia dúzia de lendas de povos da antiguidade como referência para os seus valores éticos.
E então, o resultado é triste, muito triste mesmo: como classificar intelectualmente um cristão que «acusa» o ateísmo de «dogmatismo fundamentalista»?
Não é possível explicar a uma pessoa de «fé», a um «animal irracional», portanto, o ridículo de uma afirmação como esta que nos traz o nosso católico espadachim:
«Enquanto os cristãos sabem que acreditam, os ateístas acreditam que sabem – sem saber que acreditam»
É tão lindo isto, não é?
Basta arranjar uma frase pejada de trocadilhos cacofónicos e pronto: está arranjada uma «verdade»!
Que interessa o conteúdo da frase, se a própria cacofonia lhe dá credibilidade?
É assim como uma espécie de José Hermano Saraiva, que aparece na televisão a debitar as maiores barbaridades históricas a fingir de conta que são científicas, e com que todos os historiadores se arrepiam (quando não riem às gargalhadas), mas que as pessoas engolem só porque lhes são impingidas por uma capacidade de comunicação e por um timbre de voz que são, de facto, absolutamente invulgares.
E é isto: feito o trocadilho e a cacofonia, e ainda por cima ajudado por uma citação de Raymond Aron (a quem desta vez, estranhamente, não chamou o seu “saudoso”, talvez porque a xenofobia comece a deixar de ser assim tão bem vista), a conclusão de João Carlos Espada só podia ser uma:
- A crença dogmática na razão é «o ópio dos intelectuais».
Já lho disse aqui uma vez, mas não há raio de maneira de ele entender. Deve ser a Bíblia que tem em frente dos olhos que não o deixa ver que não existe isso de ser «demasiado racional».
Não há meio termo: ou se é racional, ou se é irracional!
Cada um que escolha uma das opções como muito bem entender.
Às vezes até faz pena!
De facto, é até confrangedor deparar com alguém que exibe a sua fé e a sua irracionalidade em artigos de jornais, frequentemente até com orgulho (vá-se lá entender isto!), e que foge da Filosofia como o Diabo da cruz, antes preferindo aceitar dogmas imbecis (passe o pleonasmo), acatar a mitologia como ciência e adoptar meia dúzia de lendas de povos da antiguidade como referência para os seus valores éticos.
E então, o resultado é triste, muito triste mesmo: como classificar intelectualmente um cristão que «acusa» o ateísmo de «dogmatismo fundamentalista»?
Não é possível explicar a uma pessoa de «fé», a um «animal irracional», portanto, o ridículo de uma afirmação como esta que nos traz o nosso católico espadachim:
«Enquanto os cristãos sabem que acreditam, os ateístas acreditam que sabem – sem saber que acreditam»
É tão lindo isto, não é?
Basta arranjar uma frase pejada de trocadilhos cacofónicos e pronto: está arranjada uma «verdade»!
Que interessa o conteúdo da frase, se a própria cacofonia lhe dá credibilidade?
É assim como uma espécie de José Hermano Saraiva, que aparece na televisão a debitar as maiores barbaridades históricas a fingir de conta que são científicas, e com que todos os historiadores se arrepiam (quando não riem às gargalhadas), mas que as pessoas engolem só porque lhes são impingidas por uma capacidade de comunicação e por um timbre de voz que são, de facto, absolutamente invulgares.
E é isto: feito o trocadilho e a cacofonia, e ainda por cima ajudado por uma citação de Raymond Aron (a quem desta vez, estranhamente, não chamou o seu “saudoso”, talvez porque a xenofobia comece a deixar de ser assim tão bem vista), a conclusão de João Carlos Espada só podia ser uma:
- A crença dogmática na razão é «o ópio dos intelectuais».
Já lho disse aqui uma vez, mas não há raio de maneira de ele entender. Deve ser a Bíblia que tem em frente dos olhos que não o deixa ver que não existe isso de ser «demasiado racional».
Não há meio termo: ou se é racional, ou se é irracional!
Cada um que escolha uma das opções como muito bem entender.
Não pode é escolher as duas ao mesmo tempo!
Porque se pusermos no racionalismo uma «gotinha» que seja de irracionalidade, ele deixa obviamente de ser, no mesmo momento... racionalismo...
É tão óbvio que até chateia!!!
Depois, talvez por não perceber isto, e aproveitando-se da famosa afirmação de Karl Marx de que «a religião é o ópio do povo», o nosso Espada defende, portanto, e sem qualquer pejo em cobrir-se de ridículo, há que admiti-lo, que esse tal «ópio dos intelectuais» está antes na Razão, no Racionalismo, na Filosofia, na Ciência, e não já, como seria de esperar vindo de um qualquer mitómano, na «fé», na irracionalidade, nos dogmas, enfim, na religião.
Ou seja:
Porque se pusermos no racionalismo uma «gotinha» que seja de irracionalidade, ele deixa obviamente de ser, no mesmo momento... racionalismo...
É tão óbvio que até chateia!!!
Depois, talvez por não perceber isto, e aproveitando-se da famosa afirmação de Karl Marx de que «a religião é o ópio do povo», o nosso Espada defende, portanto, e sem qualquer pejo em cobrir-se de ridículo, há que admiti-lo, que esse tal «ópio dos intelectuais» está antes na Razão, no Racionalismo, na Filosofia, na Ciência, e não já, como seria de esperar vindo de um qualquer mitómano, na «fé», na irracionalidade, nos dogmas, enfim, na religião.
Ou seja:
Talvez valha tanto a pena falar com esta gente como tentar explicar ao Bin Laden que há quem pense que não é ele nem João Carlos Espada, nem talvez Tomás de Torquemada ou Inocêncio III que sofrem de «dogmatismo fundamentalista».
Mas antes, sim, pessoas como Albert Einstein, Bertrand Russell, Carl Sagan, Simone de Beauvoir, Thomas Edison, Siegmund Freud, Marie Curie, Bernard Shaw, Stuart Mill, Nietzsche, Voltaire, Stephen J. Gould, Richard Feynman, James Watson, Francis Crick, Steven Pinker, Albert Camus, Jean Paul Sartre, Arthur C. Clarke, Stephen Hawking, Umberto Eco, Taslima Nasrin, Dan Barker, Steven Weinberg, Daniel Dennett, Sam Harris, James Randi, Richard Dawkins, David Gilmour, Christopher Hitchens...
Foi precisamente a propósito deste último, Christopher Hitchens, e do seu último livro, a que João Carlos Espada se refere como «um livro vulgar que ignora de forma surpreendente a matriz cristã da civilização ocidental», e cujo título diz aos seus leitores que é «God Is Not Great: The Case Against Religion».
Talvez seja isso que faz falta ao João Carlos Espada: algumas leituras!
Em primeiro lugar o livro de Christopher Hitchens não se chama aquilo que o Espada diz.
Mas antes, sim, pessoas como Albert Einstein, Bertrand Russell, Carl Sagan, Simone de Beauvoir, Thomas Edison, Siegmund Freud, Marie Curie, Bernard Shaw, Stuart Mill, Nietzsche, Voltaire, Stephen J. Gould, Richard Feynman, James Watson, Francis Crick, Steven Pinker, Albert Camus, Jean Paul Sartre, Arthur C. Clarke, Stephen Hawking, Umberto Eco, Taslima Nasrin, Dan Barker, Steven Weinberg, Daniel Dennett, Sam Harris, James Randi, Richard Dawkins, David Gilmour, Christopher Hitchens...
Foi precisamente a propósito deste último, Christopher Hitchens, e do seu último livro, a que João Carlos Espada se refere como «um livro vulgar que ignora de forma surpreendente a matriz cristã da civilização ocidental», e cujo título diz aos seus leitores que é «God Is Not Great: The Case Against Religion».
Talvez seja isso que faz falta ao João Carlos Espada: algumas leituras!
Em primeiro lugar o livro de Christopher Hitchens não se chama aquilo que o Espada diz.
Tem antes o título de «God Is Not Great – How Religion Poisons Everything».
Está visto que o João Carlos Espada nem sequer leu o livro, cujo título correcto nem sequer conhece e que lhe podia ler... na capa.
Mas isso de não ter lido o livro pelos vistos não interessa para nada.
Está visto que o João Carlos Espada nem sequer leu o livro, cujo título correcto nem sequer conhece e que lhe podia ler... na capa.
Mas isso de não ter lido o livro pelos vistos não interessa para nada.
E não o impede de se dar ao luxo de lhe fazer uma «crítica literária» e de chamar «vulgar» a um livro que está actualmente entre os mais vendidos no mundo e a cujo autor o «London Observer», por exemplo, se refere como "One of the most prolific, as well as brilliant, journalists of our time".
O João Carlos Espada até poderá ver esta e outras referências quando comprar o livro para o ler: estão na sua contracapa...
Mas não foi com certeza o «dogmatismo fundamentalista» de João Carlos Espada, que já vimos que ele não tem (o Bin Laden também não, coitado) que, mesmo sem ter lido o livro o impediu de proferir esta afirmação absolutamente fantástica: que Christopher Hitchens «ignora de forma surpreendente a matriz cristã da civilização ocidental».
Gaita!!!
Confesso que já estou farto de ouvir falar nessa coisa peregrina dos «valores» ou «tradição judaico-cristã» da civilização ocidental ou, como desta vez da «matriz cristã da civilização ocidental».
Talvez seja preciso reler o primeiro parágrafo deste texto para ter alguma complacência para quem tem a ousadia de dizer tanta asneira.
O próprio João Carlos Espada tem mesmo a coragem de dizer no seu texto do «Expresso» (não, não é do «Sol»), e até na mesma frase (pasme-se!) que, no seu livro, Christopher Hitchens simultaneamente ora ignora essa tal «matriz cristã da civilização ocidental» ora a defende.
Mas desta vez não tenho qualquer problema em «perdoar» o João Carlos Espada e a «fé» com que diz na mesma frase que Christopher Hitchens simultaneamente ignora e defende a mesma coisa: afinal, já vimos que ele não leu o livro...
Mas quando o ler, o João Carlos Espada vai ver que é um livro indiscutivelmente brilhante e que se lê de um só fôlego e que (como diz a crítica do «New Yorker») "...show his teeth in the case for righteousness".
E que é um livro que, ao contrário de a ignorar, demonstra precisamente que (tal como acontece com todas as outras religiões) essa tal «matriz cristã da civilização ocidental» não passa, afinal, de um gigantesco banho de sangue, de um morticínio indizível ao longo da História dos Homens, e de uma espécie imbecil de «justificação» acrítica, irracional e dogmática para o atraso civilizacional que as religiões têm trazido à humanidade, uma «desculpa» para a homofobia, para a misoginia, para o racismo, para a xenofobia e para todas as formas de intolerância e preconceito, e até para a imposição às sociedades de condutas pretensamente morais e que não passam de um abjecto reflexo de mentes perturbadas e alucinadas por uma gigantesca tara sexual.
É este o João Carlos Espada que temos.
E que, lá do fundo do seu alucinado cristianismo, e numa estranha pulsão freudiana tem uma necessidade aparentemente patológica de atribuir ao ateísmo um «dogmatismo fundamentalista».
Desta, nem a Santíssima Trindade o livra!!!
Nem sequer se comer uma malguinha inteira de hóstias pejadinhas de transubstanciações...
É aqui que não hesito em repetir o que já aqui disse há dias numa caixa de comentários do Blog, também a propósito de leituras que, por muito que sejam repisadas, não estão, pelos vistos, ao alcance de toda a gente.
Refere-se a uma passagem do filme «Um Peixe Chamado Wanda», sem dúvida uma das melhores comédias que já vi, em que a personagem interpretada pela Jamie Lee Curtis dialoga mais ou menos assim com a personagem interpretada por Kevin Kline:
O João Carlos Espada até poderá ver esta e outras referências quando comprar o livro para o ler: estão na sua contracapa...
Mas não foi com certeza o «dogmatismo fundamentalista» de João Carlos Espada, que já vimos que ele não tem (o Bin Laden também não, coitado) que, mesmo sem ter lido o livro o impediu de proferir esta afirmação absolutamente fantástica: que Christopher Hitchens «ignora de forma surpreendente a matriz cristã da civilização ocidental».
Gaita!!!
Confesso que já estou farto de ouvir falar nessa coisa peregrina dos «valores» ou «tradição judaico-cristã» da civilização ocidental ou, como desta vez da «matriz cristã da civilização ocidental».
Talvez seja preciso reler o primeiro parágrafo deste texto para ter alguma complacência para quem tem a ousadia de dizer tanta asneira.
O próprio João Carlos Espada tem mesmo a coragem de dizer no seu texto do «Expresso» (não, não é do «Sol»), e até na mesma frase (pasme-se!) que, no seu livro, Christopher Hitchens simultaneamente ora ignora essa tal «matriz cristã da civilização ocidental» ora a defende.
Mas desta vez não tenho qualquer problema em «perdoar» o João Carlos Espada e a «fé» com que diz na mesma frase que Christopher Hitchens simultaneamente ignora e defende a mesma coisa: afinal, já vimos que ele não leu o livro...
Mas quando o ler, o João Carlos Espada vai ver que é um livro indiscutivelmente brilhante e que se lê de um só fôlego e que (como diz a crítica do «New Yorker») "...show his teeth in the case for righteousness".
E que é um livro que, ao contrário de a ignorar, demonstra precisamente que (tal como acontece com todas as outras religiões) essa tal «matriz cristã da civilização ocidental» não passa, afinal, de um gigantesco banho de sangue, de um morticínio indizível ao longo da História dos Homens, e de uma espécie imbecil de «justificação» acrítica, irracional e dogmática para o atraso civilizacional que as religiões têm trazido à humanidade, uma «desculpa» para a homofobia, para a misoginia, para o racismo, para a xenofobia e para todas as formas de intolerância e preconceito, e até para a imposição às sociedades de condutas pretensamente morais e que não passam de um abjecto reflexo de mentes perturbadas e alucinadas por uma gigantesca tara sexual.
É este o João Carlos Espada que temos.
E que, lá do fundo do seu alucinado cristianismo, e numa estranha pulsão freudiana tem uma necessidade aparentemente patológica de atribuir ao ateísmo um «dogmatismo fundamentalista».
Desta, nem a Santíssima Trindade o livra!!!
Nem sequer se comer uma malguinha inteira de hóstias pejadinhas de transubstanciações...
É aqui que não hesito em repetir o que já aqui disse há dias numa caixa de comentários do Blog, também a propósito de leituras que, por muito que sejam repisadas, não estão, pelos vistos, ao alcance de toda a gente.
Refere-se a uma passagem do filme «Um Peixe Chamado Wanda», sem dúvida uma das melhores comédias que já vi, em que a personagem interpretada pela Jamie Lee Curtis dialoga mais ou menos assim com a personagem interpretada por Kevin Kline:
Diz ela:
- Tu és um autêntico macaco!
E ele responde:
- Ai sou? Ai sou um macaco? E tu achas que os macacos lêem Nietzsche???
E vai ela:
- Lá ler, lêem; o que acontece é que não o percebem!!!