sábado, 31 de janeiro de 2009
O regular funcionamento das instituições democráticas
Pagamos ao cidadão Aníbal Cavaco Silva mais de 7.500 euros por mês para representar a República Portuguesa, ser o garante da independência nacional e da unidade do Estado e do regular funcionamento das instituições democráticas.
Nunca vi dinheiro do erário público tão mal gasto!
De facto, este Presidente da República não acerta uma.
É cada sachadela, sua minhoca!
Para Cavaco Silva não lhe merece qualquer reparo o regular funcionamento das instituições democráticas na Madeira, onde vai de visita para ser achincalhado como um vulgar «Sr. Silva», e não lhe ouvimos uma palavra sequer sobre o escandaloso encerramento da Assembleia Regional.
Em Belém temos agora um Presidente a quem conhecemos a indignidade de utilizar o papel timbrado da Presidência da República para fazer queixinhas de um jornalista à sua administração, ou o malabarismo, qual rolha flutuante, da promulgação de leis com que não concorda, mas que comenta ridiculamente em mensagens tão inúteis como risíveis.
Como se de repente lhe tivesse fugido a lucidez, defronta politicamente a Assembleia da República com o veto político a uma lei aprovada por unanimidade, mas que não tem coragem de enviar ao Tribunal Constitucional.
E quando depois o óbvio acontece, vem choramingar em público para a comunicação social, como se alguém lhe tivesse dito que isso dignifica as funções que lhe pagam para desempenhar.
Acontece que estamos agora a viver um peculiar momento, mas que infelizmente desde o tempo de Sá Carneiro que não é inédito, de andarmos há duas semanas a assistir a um autêntico massacre à honorabilidade do primeiro-ministro de Portugal.
E quando seríamos levados a pensar que nos dias que correm talvez fosse particularmente aconselhável que alguém, a quem pagam para isso, assegurasse efectivamente «o regular funcionamento das instituições democráticas», eis que o Presidente da República não tem sequer uma palavra a dizer sobre o assunto.
Se virmos bem, nem sequer pode convocar o Conselho de Estado, refém que está das palmadinhas nas costas que deu a Dias Loureiro.
Uma vez mais Cavaco Silva está perante uma situação sobre a qual não tem nem a coragem nem a dignidade política de tomar uma decisão. Qualquer que fosse a decisão – nem que fosse a demissão do Governo – caberia ao Presidente fazer algo.
Tudo menos ficar quieto e calado. Tudo menos nada fazer.
Qual a mensagem que este silêncio sepulcral transmite ao país?
Será que devemos pensar que o Presidente Cavaco Silva acha que neste momento tudo está bem, e que as instituições democráticas estão a funcionar regularmente?
Não!
Acabamos de saber que nestes pantanosos dias que correm há uma coisa que preocupa seriamente o nosso Presidente da República.
Não!
Para Cavaco Silva não lhe merece qualquer reparo o regular funcionamento das instituições democráticas na Madeira, onde vai de visita para ser achincalhado como um vulgar «Sr. Silva», e não lhe ouvimos uma palavra sequer sobre o escandaloso encerramento da Assembleia Regional.
Em Belém temos agora um Presidente a quem conhecemos a indignidade de utilizar o papel timbrado da Presidência da República para fazer queixinhas de um jornalista à sua administração, ou o malabarismo, qual rolha flutuante, da promulgação de leis com que não concorda, mas que comenta ridiculamente em mensagens tão inúteis como risíveis.
Como se de repente lhe tivesse fugido a lucidez, defronta politicamente a Assembleia da República com o veto político a uma lei aprovada por unanimidade, mas que não tem coragem de enviar ao Tribunal Constitucional.
E quando depois o óbvio acontece, vem choramingar em público para a comunicação social, como se alguém lhe tivesse dito que isso dignifica as funções que lhe pagam para desempenhar.
Acontece que estamos agora a viver um peculiar momento, mas que infelizmente desde o tempo de Sá Carneiro que não é inédito, de andarmos há duas semanas a assistir a um autêntico massacre à honorabilidade do primeiro-ministro de Portugal.
E quando seríamos levados a pensar que nos dias que correm talvez fosse particularmente aconselhável que alguém, a quem pagam para isso, assegurasse efectivamente «o regular funcionamento das instituições democráticas», eis que o Presidente da República não tem sequer uma palavra a dizer sobre o assunto.
Se virmos bem, nem sequer pode convocar o Conselho de Estado, refém que está das palmadinhas nas costas que deu a Dias Loureiro.
Uma vez mais Cavaco Silva está perante uma situação sobre a qual não tem nem a coragem nem a dignidade política de tomar uma decisão. Qualquer que fosse a decisão – nem que fosse a demissão do Governo – caberia ao Presidente fazer algo.
Tudo menos ficar quieto e calado. Tudo menos nada fazer.
Qual a mensagem que este silêncio sepulcral transmite ao país?
Será que devemos pensar que o Presidente Cavaco Silva acha que neste momento tudo está bem, e que as instituições democráticas estão a funcionar regularmente?
Não!
Acabamos de saber que nestes pantanosos dias que correm há uma coisa que preocupa seriamente o nosso Presidente da República.
Não!
Não é o ambiente criado à volta do primeiro-ministro e do Governo com quem temos de contar para nos guiarem na travessia do deserto desta inigualável recessão mundial.
Não!
Aquilo que anda a preocupar o nosso Presidente da República é outra coisa:
Não!
Aquilo que anda a preocupar o nosso Presidente da República é outra coisa:
- É a nova lei do divórcio!
Era bom de ver que Cavaco Silva não ia conseguir resistir: tal como já tinha feito com o Estatuto dos Açores, lá veio o nosso Presidente da República choramingar em público contra uma lei que lhe foi imposta e que lhe fez perder a face depois de um veto político completamente inútil.
Desta vez, Cavaco Silva escolheu para lhe fazer companhia uma audiência de carpideiras mascaradas de pinguins, a quem afirmou que a nova lei do divórcio – que nem ainda há dois meses vigora e que nenhum caso concreto ainda decidiu – contribui para o aumento dos «novos pobres».
Claro está que não explica como.
Rodeado de assessores que não sabem sequer o tempo que faz do lado de fora dos seus gabinetes, o Presidente acusa a nova lei do divórcio de conduzir «a situações de profunda injustiça para aqueles que se encontram em posição de maior vulnerabilidade, como é mais frequente ser o caso de mulheres com mais fracos recursos».
Como é óbvio, Cavaco Silva não leu a lei.
Porque se a tivesse lido, saberia que, muito pelo contrário, é precisamente esta lei que acaba com a chantagem psicológica e patrimonial absolutamente ignóbil de que tantas mulheres eram vítimas durante anos e anos, enquanto eram autenticamente mantidas reféns de uma partilha de bens que não conseguiam obter.
E cá temos o nosso Presidente:
Enquanto transmite ao país a mensagem de que acha que nestes dias que correm tudo vai bem e que o Governo e o seu primeiro-ministro têm perfeitamente assegurado o regular funcionamento das instituições democráticas e todas as condições políticas e psicológicas para governarem em paz e com eficiência, assistimos a um Cavaco Silva politicamente ressabiado e a liderar a oposição, e a fazer discursos de frete às mais retrógradas e conservadoras instituições religiosas, que ainda pensam que um casamento de fantasia vale mais do que uma família feliz.
- Quanto tempo faltará para as próximas eleições presidenciais?...
Era bom de ver que Cavaco Silva não ia conseguir resistir: tal como já tinha feito com o Estatuto dos Açores, lá veio o nosso Presidente da República choramingar em público contra uma lei que lhe foi imposta e que lhe fez perder a face depois de um veto político completamente inútil.
Desta vez, Cavaco Silva escolheu para lhe fazer companhia uma audiência de carpideiras mascaradas de pinguins, a quem afirmou que a nova lei do divórcio – que nem ainda há dois meses vigora e que nenhum caso concreto ainda decidiu – contribui para o aumento dos «novos pobres».
Claro está que não explica como.
Rodeado de assessores que não sabem sequer o tempo que faz do lado de fora dos seus gabinetes, o Presidente acusa a nova lei do divórcio de conduzir «a situações de profunda injustiça para aqueles que se encontram em posição de maior vulnerabilidade, como é mais frequente ser o caso de mulheres com mais fracos recursos».
Como é óbvio, Cavaco Silva não leu a lei.
Porque se a tivesse lido, saberia que, muito pelo contrário, é precisamente esta lei que acaba com a chantagem psicológica e patrimonial absolutamente ignóbil de que tantas mulheres eram vítimas durante anos e anos, enquanto eram autenticamente mantidas reféns de uma partilha de bens que não conseguiam obter.
E cá temos o nosso Presidente:
Enquanto transmite ao país a mensagem de que acha que nestes dias que correm tudo vai bem e que o Governo e o seu primeiro-ministro têm perfeitamente assegurado o regular funcionamento das instituições democráticas e todas as condições políticas e psicológicas para governarem em paz e com eficiência, assistimos a um Cavaco Silva politicamente ressabiado e a liderar a oposição, e a fazer discursos de frete às mais retrógradas e conservadoras instituições religiosas, que ainda pensam que um casamento de fantasia vale mais do que uma família feliz.
- Quanto tempo faltará para as próximas eleições presidenciais?...
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
O fundamento e a ética das suspeitas jornalísticas
Cândida Almeida, directora do DCIAP, a Judite de Sousa na RTP:
- O primeiro-ministro é ou não suspeito no “Caso Freeport”?
- Não, não é suspeito.
…
- Não existindo suspeita, ele aparece e está a ser investigado no âmbito de quê e porquê?
- Ele não está a ser investigado.
…
- O primeiro ministro tem falado em “campanha negra”.
- Eu se fosse um cidadão na situação dele, eu pensava isso; ou seja, pensava que eram coincidências a mais...
Ricardo Araújo Pereira, na «Visão» a propósito do «Caso Freeport»:
«O (terceiro) ponto menosprezado pela comunicação social tem a ver com o facto que precipitou a investigação. Ao que parece, o juiz desconfiou do modo como o projecto foi licenciado.
«De acordo com a descrição do magistrado, tudo se passou de forma impecável, célere e competente. Estava à vista de todos que alguma coisa estava mal.
«Em Portugal, este costuma ser um bom método para descobrir ilegalidades. Se um projecto é aprovado dentro do prazo, alguém anda a receber dinheiro por fora. Normalmente, quando alguma coisa corre bem, é sinal de que há moscambilha».
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Os bons velhos tempos dos julgamentos populares
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Assassínio de Carácter
Que interessa analisar em detalhe os pormenores do licenciamento do «Freeport» de Alcochete?
Que interessa analisar o processo, a sucessão cronológica do tratamento burocrático do licenciamento ou a legislação que foi sendo aplicável ao caso?
Para quê?
O «Caso Freeport» já cumpriu o seu objectivo:
Porque este caso constitui sem dúvida um dos mais paradigmáticos exemplos do que é a mais mesquinha e mais tipicamente portuguesa forma de assassínio de carácter de um cidadão, seja ele ou não o primeiro-ministro.
Ninguém ainda ousou afirmar que José Sócrates tomou ele próprio e pessoalmente qualquer atitude ilegal ou sequer suspeita.
Ah! Mas não faltará o «não há fumo sem fogo».
E, no final, restará a mancha indelével sobre a honra, a consideração e a dignidade de um cidadão, que se fundamenta não mais do que em «indícios» soprados com o desdém de que «esta gente é tudo a mesma coisa».
Contudo, se é até confrangedora a forma como vemos relatar os «indícios» inequívocos de que «aqui há gato», já é triste, muito triste, vermos sapientes análises de «especialistas em assuntos não especializados» que, sem conhecerem o que se passa do lado de fora dos seus gabinetes e sem perceberem um mínimo do giro empresarial e do seu normal relacionamento com as autoridades administrativas, referem reuniões suspeitas (obviamente porque todas as reuniões são suspeitas).
Falam de tios e primos com contas bancárias e tudo (porque se o tio e o primo estão metidos nisto e ainda por cima têm contas bancárias, então não é preciso dizer mais nada) e descobrem prazos anormalmente rápidos de deferimento de um processo (mesmo que se trate de um despacho que aprecia uma correcção solicitada por um despacho anterior), para depois proferirem uma sentença dotada de uma clarividência obviamente irónica:
- Culpado!
Culpado de quê? Que acto foi praticado pessoalmente e em concreto pelo primeiro-ministro?
Oh! Mas o que é que isso interessa?
No final, a peculiar interpretação do que é a deontologia profissional que se vai generalizando na comunicação social portuguesa, a quem, por falta de comparência dos partidos foi delegado o papel de oposição ao Governo, encarrega-se de julgar sem provas e de condenar à morte sem possibilidade de recurso a honorabilidade de um cidadão.
Para quê, então analisar o processo em detalhe?
No final, quando a espuma do caso assentar, já as eleições estarão mais próximas e lá ficará a sombra da dúvida a pesar sobre uma honra, sacrificada em nome de um obscuro objectivo político-partidário, em nome da venda de mais meia dúzia de jornais e do adiar por mais um par de meses da morte anunciada de um semanário de inenarrável qualidade.
Sim:
- Culpado!
Culpado de quê? Que acto foi praticado pessoalmente e em concreto pelo primeiro-ministro?
Oh! Mas o que é que isso interessa?
No final, a peculiar interpretação do que é a deontologia profissional que se vai generalizando na comunicação social portuguesa, a quem, por falta de comparência dos partidos foi delegado o papel de oposição ao Governo, encarrega-se de julgar sem provas e de condenar à morte sem possibilidade de recurso a honorabilidade de um cidadão.
Para quê, então analisar o processo em detalhe?
No final, quando a espuma do caso assentar, já as eleições estarão mais próximas e lá ficará a sombra da dúvida a pesar sobre uma honra, sacrificada em nome de um obscuro objectivo político-partidário, em nome da venda de mais meia dúzia de jornais e do adiar por mais um par de meses da morte anunciada de um semanário de inenarrável qualidade.
Sim:
Para quê analisar o assunto em detalhe, se ele já chegou ao fim no preciso momento em que cumpriu o objectivo para que foi criado?
Para quê analisar o assunto, se ninguém jamais ouvirá a análise de um processo sobre o qual já proferiu a sua sentença e retirou já as suas conclusões definitivas?
Para quê pensar mais no assunto, se até temos o benefício acrescido de relegarmos para o esquecimento mediático casos como suspeitas falências bancárias observadas complacentemente por cliques partidárias, casos envolvendo sobreiros ou tumultuosos furacões?
Se virmos bem, acabamos por nunca mais ouvir falar de dezenas de casos que, depois de cumprirem a sua via-sacra pelas primeiras páginas dos jornais, acabam por cair no esquecimento, obscurecidos sucessivamente por outros e outros e outros… e no fim, tudo fica na mesma.
Hoje fala-se no «Caso Freeport».
Quem se lembra ainda, por exemplo, destes dois?
No site da RTP:
«O Conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República estudou o processo do Casino de Lisboa e concluiu que o Governo de Santana Lopes alterou a Lei do Jogo em 2004 expressamente para corresponder aos desejos da sociedade “Estoril-Sol”».
«O ministro do Turismo, Telmo Correia, esteve de acordo com as alterações introduzidas ao Decreto-lei, apondo “tomei conhecimento” no parecer da Inspecção-Geral dos Jogos que afirmava que o Casino de Lisboa era da Estoril-Sol»
No «Público»:
«Governo de Santana Lopes aprovou pagamento à Bragaparques dois dias antes das eleições»
«Este contrato, destinado à concessão de exploração por 20 anos do parque de estacionamento, hotel e centro comercial que a Bragaparques veio a construir nos terrenos do hospital, foi recentemente considerado nulo pelo Tribunal de Contas».
Para quê analisar o assunto, se ninguém jamais ouvirá a análise de um processo sobre o qual já proferiu a sua sentença e retirou já as suas conclusões definitivas?
Para quê pensar mais no assunto, se até temos o benefício acrescido de relegarmos para o esquecimento mediático casos como suspeitas falências bancárias observadas complacentemente por cliques partidárias, casos envolvendo sobreiros ou tumultuosos furacões?
Se virmos bem, acabamos por nunca mais ouvir falar de dezenas de casos que, depois de cumprirem a sua via-sacra pelas primeiras páginas dos jornais, acabam por cair no esquecimento, obscurecidos sucessivamente por outros e outros e outros… e no fim, tudo fica na mesma.
Hoje fala-se no «Caso Freeport».
Quem se lembra ainda, por exemplo, destes dois?
No site da RTP:
«O Conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República estudou o processo do Casino de Lisboa e concluiu que o Governo de Santana Lopes alterou a Lei do Jogo em 2004 expressamente para corresponder aos desejos da sociedade “Estoril-Sol”».
«O ministro do Turismo, Telmo Correia, esteve de acordo com as alterações introduzidas ao Decreto-lei, apondo “tomei conhecimento” no parecer da Inspecção-Geral dos Jogos que afirmava que o Casino de Lisboa era da Estoril-Sol»
No «Público»:
«Governo de Santana Lopes aprovou pagamento à Bragaparques dois dias antes das eleições»
«Este contrato, destinado à concessão de exploração por 20 anos do parque de estacionamento, hotel e centro comercial que a Bragaparques veio a construir nos terrenos do hospital, foi recentemente considerado nulo pelo Tribunal de Contas».
Sim:
Quem é que ainda se lembra disto?...
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Como se endromina um católico
Nem sempre acontece, mas desta vez a ideia do Daniel de Oliveira foi inquestionavelmente notável e é absolutamente irresistível não a relatar aqui.
Apesar de previsível, pois nada há de mais fácil do que endrominar um católico nos terrenos da sua própria irracionalidade, o resultado não deixa de ser ao mesmo tempo de uma tristeza confrangedora, e era bom que muito boa gente reflectisse sobre ele.
Foi como tirar o doce a uma criança:
Começou o Daniel de Oliveira por noticiar o seguinte:
«Ao que parece, os muçulmanos de uma cidade inglesa conseguiram bloquear a Campanha do Autocarro Ateísta, pressionando a empresa de autocarros para não a aceitar.
«E esta, lamentavelmente, cedeu».
A caixa de comentários do «Arrastão» até parecia o santuário de Fátima num 13 de Maio. O próprio Daniel de Oliveira nos dá uma ideia das reacções que se seguiram a tão chocante notícia:
«Pois, esta gente tem muito que pedalar para chegar ao século XXI, como dizia um amigo meu, ainda não sairam da idade média, ainda não entendi o que o Ysuf Islam (Cat Stevans) viu no islão».
«Veja o que aí vem, com o beneplácito da esquerdalha».
«Afinal o Cardeal Patriarca tinha alguma razão no que disse no casino».
«Todos têm o direito de expressão seja de que forma for e qualquer tentativa de sabotagem deve ser reprimida por quem de direito. (…) Hoje é assim no Reino Unido, amanhã temos a sharia a reger. O situacionismo com o seu complexo (incutido) do homem branco está a destruir séculos de evolução, para o qual está-se a marimbar pois a cretinice tem visão curta com palas nos olhos».
A caixa de comentários do «Arrastão» até parecia o santuário de Fátima num 13 de Maio. O próprio Daniel de Oliveira nos dá uma ideia das reacções que se seguiram a tão chocante notícia:
«Pois, esta gente tem muito que pedalar para chegar ao século XXI, como dizia um amigo meu, ainda não sairam da idade média, ainda não entendi o que o Ysuf Islam (Cat Stevans) viu no islão».
«Veja o que aí vem, com o beneplácito da esquerdalha».
«Afinal o Cardeal Patriarca tinha alguma razão no que disse no casino».
«Todos têm o direito de expressão seja de que forma for e qualquer tentativa de sabotagem deve ser reprimida por quem de direito. (…) Hoje é assim no Reino Unido, amanhã temos a sharia a reger. O situacionismo com o seu complexo (incutido) do homem branco está a destruir séculos de evolução, para o qual está-se a marimbar pois a cretinice tem visão curta com palas nos olhos».
«É mais um exemplo entre tantos, das cedências que todos os dias por essa Europa fora se vai fazendo ao fanatismo religioso islâmico».
«Esta inércia faz rir os opressores pois estes sabem que estão protegidos, não usam os mesmos métodos e nem têm condicionantes do ponto de vista moral. Têm uma agenda definida e tem conseguido marcar posição até ao dia que eventualmente ganharão e volta-se à idade média».
«E se fosse outra religião, nomeadamente a católica, a empresa teria cedido?».
«É esta sociedade laica que tão valentemente massacra todas as posições da Igreja, que se deixa submeter aos islamistas, até mesmo no campo judicial».
Pois é!
Acontece que a notícia estava voluntariamente distorcida pelo Daniel de Oliveira.
A notícia verdadeira deveria ser assim:
«Os católicos da cidade italiana de Génova conseguiram bloquear a Campanha do Autocarro Ateísta, pressionando a empresa de autocarros para não a aceitar. E esta, lamentavelmente, cedeu».
A armadilha estava feita e o resultado, como disse, era absolutamente previsível e não poderia ser outro.
O pior é que é igualmente previsível que talvez não haja um único crente – qualquer que seja a sua religião – que se disponha a reflectir racional e conscientemente sobre ele.
«É esta sociedade laica que tão valentemente massacra todas as posições da Igreja, que se deixa submeter aos islamistas, até mesmo no campo judicial».
Pois é!
Acontece que a notícia estava voluntariamente distorcida pelo Daniel de Oliveira.
A notícia verdadeira deveria ser assim:
«Os católicos da cidade italiana de Génova conseguiram bloquear a Campanha do Autocarro Ateísta, pressionando a empresa de autocarros para não a aceitar. E esta, lamentavelmente, cedeu».
A armadilha estava feita e o resultado, como disse, era absolutamente previsível e não poderia ser outro.
O pior é que é igualmente previsível que talvez não haja um único crente – qualquer que seja a sua religião – que se disponha a reflectir racional e conscientemente sobre ele.
O que é de facto lamentável.
Como diz Daniel de Oliveira:
«O mesmo acto cometido por muçulmanos e católicos tem uma leitura completamente diferente por parte de muita gente.
Como diz Daniel de Oliveira:
«O mesmo acto cometido por muçulmanos e católicos tem uma leitura completamente diferente por parte de muita gente.
«Se a pressão vier de muçulmanos, passa a ser, não um problema de defesa da laicidade do Estado ou da liberdade expressão, mas uma grave questão cultural e civilizacional.
«Na verdade, a laicidade é aqui meramente instrumental. Ela só pode ser evocada perante os perigos “externos” das religiões minoritárias».
É frequente ouvirmos apodar alguém como «pessoa de muita fé» como se de um elogio se tratasse.
Como se um elevado grau de irracionalidade fosse de repente sinónimo de bom senso e razoabilidade.
Quando, pelos vistos, é precisamente o contrário!
É frequente ouvirmos apodar alguém como «pessoa de muita fé» como se de um elogio se tratasse.
Como se um elevado grau de irracionalidade fosse de repente sinónimo de bom senso e razoabilidade.
Quando, pelos vistos, é precisamente o contrário!
domingo, 25 de janeiro de 2009
De volta ao seio da Santa Madre Igreja
Joseph Ratzinger, que também é conhecido pela sua alcunha de Papa Bento XVI decidiu levantar a excomunhão a quatro bispos ultra-conservadores que haviam sido consagrados sem o consentimento papal pelo ultra-fanático Arcebispo Marcel Lefebvre.
Uma nota emitida pelo Vaticano esclareceu que esta decisão de Ratzinger visa não mais do que reabilitar estes homens de Deus e trazê-los novamente para o seio da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana.
Resta saber o que fizeram, o que pensam e que tipo de pessoas são estes bispos para merecerem tamanha consideração do Papa Bento XVI.
Para isso, e como uma imagem vale mil palavras, talvez o melhor seja vermos a elucidativa entrevista dada a uma cadeia de televisão sueca por um desses (novamente) santos homens, o bispo inglês Richard Williamson.
Será então mais fácil entendermos por que motivo o Papa o reabilitou e chamou para a sua companhia e para o seu rebanho esta ovelha que andava tão tresmalhada.
Veremos então que o bispo Richard Williamson tem a singular particularidade de partilhar com o presidente iraniano e com os mais afamados partidos neo-nazis a ideia de que o Holocausto não existiu, e que não passa de um esquema dos judeus para extorquir dinheiro aos alemães.
Chega mesmo a dizer que, ao contrário do que se anda por aí a dizer, os nazis não mataram 6 milhões de judeus, ainda por cima em câmaras de gás que nunca existiram, mas somente não mais do que dois ou três mil.
O que, pelos vistos, é para ele, agora sim, um número perfeitamente aceitável…
Sabendo então agora que espécie de pessoa é este bispo Richard Williamson, vejamos então o filme.
Pelo menos, ele terá a virtualidade de nos fazer entender melhor que espécie de pessoa é este Papa Bento XVI, que tantas qualidades encontrou neste bom homem para tão cristãmente o acolher de novo no seio da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana.
Sabendo então agora que espécie de pessoa é este bispo Richard Williamson, vejamos então o filme.
Pelo menos, ele terá a virtualidade de nos fazer entender melhor que espécie de pessoa é este Papa Bento XVI, que tantas qualidades encontrou neste bom homem para tão cristãmente o acolher de novo no seio da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Informação
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Lição nº 1. Sumário: Como se endromina um professor.
Primeiro pergunta-se a um professor assim:
- Então, vais fazer greve dia 19?
E ele responde:
- Claro que vou!
- Então porquê?
- Porque não concordo com o sistema de avaliação proposto pela ministra.
- Ah! E com essa coisa dos professores titulares, concordas?
Ele começa a olhar para mim desconfiado, talvez a pensar quando é que eu lhe ia falar na «auto-avaliação precedida de uma reflexão», mas responde:
- Também não concordo, claro!
- E porquê?
- Porque os professores titulares não são escolhidos pela sua competência, mas sim por meia-dúzia de critérios idiotas.
Já estás quase lá, pensei eu. E continuei:
- E tu és professor titular?
- Não.
- Porquê?
- Já te disse, porque os professores titulares não são escolhidos com base em critérios de competência profissional dos professores.
E pronto:
Sem o saber, este nosso ilustre professor já tinha engolido a isca, o anzol e a chumbada.
Disse-lhe:
- Então se é assim, vou finalmente fazer um texto no Blog a favor dos professores e a criticar a ministra. Mas preciso da tua ajuda, tu que és professor, para me dares uma pequena informação.
- O que é? – Perguntou-me meio desconfiado.
- Vou dizer no texto que tenho um amigo professor, que está a ser injustiçado pelo Ministério da Educação, porque não é professor titular unicamente porque os critérios das nomeações não se baseiam na competência dos professores. E isso tem de mudar.
- Bem podes dizê-lo!
- E vou dizer mais – continuei – vou dizer que se o Ministério optasse por critérios de competência tu, que eu bem sei que és um professor competente, serias certamente professor titular.
- Bem podes dizê-lo! – Repetiu – Ainda por cima, com estes critérios de agora faltam-me uma porrada de anos para poder ser professor titular.
E foi então que concluí:
- Mas olha, é aqui que eu preciso da tua ajuda.
- Então?
- Depois de eu dizer isso no texto, se alguém me perguntar assim na caixa de comentários: «ouve lá, pá: como é que sabes que esse teu amigo professor é competente, assim como estás a dizer? Como é que sabes???», o que é que eu lhe respondo?
- Hã?
- Sim: como é que eu digo que sei que tu és um professor competente?
Pois é:
- Então se é assim, vou finalmente fazer um texto no Blog a favor dos professores e a criticar a ministra. Mas preciso da tua ajuda, tu que és professor, para me dares uma pequena informação.
- O que é? – Perguntou-me meio desconfiado.
- Vou dizer no texto que tenho um amigo professor, que está a ser injustiçado pelo Ministério da Educação, porque não é professor titular unicamente porque os critérios das nomeações não se baseiam na competência dos professores. E isso tem de mudar.
- Bem podes dizê-lo!
- E vou dizer mais – continuei – vou dizer que se o Ministério optasse por critérios de competência tu, que eu bem sei que és um professor competente, serias certamente professor titular.
- Bem podes dizê-lo! – Repetiu – Ainda por cima, com estes critérios de agora faltam-me uma porrada de anos para poder ser professor titular.
E foi então que concluí:
- Mas olha, é aqui que eu preciso da tua ajuda.
- Então?
- Depois de eu dizer isso no texto, se alguém me perguntar assim na caixa de comentários: «ouve lá, pá: como é que sabes que esse teu amigo professor é competente, assim como estás a dizer? Como é que sabes???», o que é que eu lhe respondo?
- Hã?
- Sim: como é que eu digo que sei que tu és um professor competente?
Pois é:
Foi precisamente aqui que o meu amigo professor emudeceu!
Já lá vai quase uma semana, e ainda não consegui que me respondesse a esta simples pergunta...
Senhora ministra: por favor, não desista!
Já lá vai quase uma semana, e ainda não consegui que me respondesse a esta simples pergunta...
Senhora ministra: por favor, não desista!
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
A intolerância como doutrina oficial da Igreja
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
A Disciplina de Voto
Entre as diversas orientações programáticas no sentido da promoção da igualdade dos cidadãos constantes da «Moção Política de Orientação Nacional» de José Sócrates ao XVI Congresso Nacional do PS preconiza-se:
«O combate a todas as formas de discriminação e a remoção, na próxima legislatura, das barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo».
Precisamente com o pretexto de que a alteração à lei civil no sentido da legalização do casamento homossexual não constava do programa eleitoral do Partido Socialista para a actual legislatura, José Sócrates impôs disciplina de voto aos deputados do P.S., determinando-lhes que votassem contra as propostas de lei apresentadas no passado dia 10 de Outubro de 2008 pelo Bloco de Esquerda e pelos Verdes.
Pois bem:
Se esta sua moção for aprovada no próximo Congresso do P. S., será bom que José Sócrates se lembre de tudo isso e seja coerente nos seus princípios.
E então, não restará a José Sócrates outra alternativa que não determinar a mesma e precisa disciplina de voto aos deputados do P. S. se na próxima legislatura for apresentada uma nova proposta de lei no sentido da legalização do casamento homossexual.
- Impondo a todos os deputados do P.S. que desta vez, como é óbvio, a votem favoravelmente!
A Associação Ateísta Portuguesa e as declarações do Cardeal
No «Público» noticia-se assim a posição tomada pela Associação Ateísta Portuguesa ao recente comunicado do Cardeal Patriarca sobre o casamento entre mulheres católicas e muçulmanas:
«Associação Ateísta Portuguesa manifesta solidariedade para com D. José Policarpo»
«A Associação Ateísta Portuguesa refere hoje em comunicado que, apesar de não se rever nas declarações de D. José Policarpo sobre casamentos entre mulheres católicas e muçulmanos, que esta semana levantaram polémica, está solidária com o cardeal patriarca.
«E adianta que os protestos que causaram as ditas declarações não passam de uma “onda de falsa indignação”.
«"Carecem de legitimidade moral para condenar o patriarca, por sinal bastante tolerante, para um bispo, os que defendem a poligamia, a discriminação das mulheres, a decapitação dos apóstatas e a lapidação das mulheres adúlteras e pretendem que o Corão substitua o Código Penal.”
«Aos líderes muçulmanos em Portugal, a associação diz que “antes de se manifestarem ofendidos com o cardeal, os líderes islâmicos em Portugal devem penitenciar-se do seu silêncio perante as ditaduras teocráticas do Médio Oriente e o carácter implacavelmente misógino do Islão.”
«E concluem: “Face a qualquer mullah até Bento XVI parece um defensor dos Direitos do Homem”, diz o comunicado, que não poupa críticas ao catolicismo:
«“Porque hão de merecer respeito as crenças católicas acerca das mulheres, do divórcio, do sacerdócio, da homossexualidade e do que é ou não é pecado?
«Não são só os muçulmanos que criam um ‘monte de sarilhos’ sem necessidade.”»
domingo, 18 de janeiro de 2009
Um dia a História os julgará. A todos!
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Pensem duas vezes antes de casar com um católico!
O Cardeal Patriarca de Lisboa aconselhou assim as jovens portuguesas:
«Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam».
Não contente, D. José Policarpo considerou ainda o diálogo com os muçulmanos muito difícil em Portugal, observando que o diálogo serve para a comunidade muçulmana demarcar os seus espaços num país maioritariamente católico.
Não está obviamente em causa a forma absolutamente miserável como a religião muçulmana preconiza a submissão da mulher em todos os aspectos imagináveis.
Talvez precisamente por esse motivo, o que teria ficado bem ao Cardeal Patriarca era ter apelado ao fim das discriminações entre todos os seres humanos. E por qualquer que seja a razão invocada.
Assim, o que está em causa é, sim, a forma também igualmente miserável como os responsáveis católicos – e pelos vistos D. José Policarpo não constitui excepção – continuam a defender em pleno século XXI a existência de um irracional muro da vergonha que separe os seres humanos em razão das suas confissões religiosas.
Mas há outra coisa que está em causa:
É que se está, pelos vistos, em tanto cuidado com as jovens portuguesas, talvez tivesse ficado bem ao Cardeal Patriarca um pouco mais de coerência e, principalmente, uma honestidade intelectual que lhe é inegavelmente exigível.
Se assim fosse, decerto teria ele dito às jovens portuguesas:
- Pensem duas vezes em casar com um católico!
De facto, o que o Cardeal Patriarca devia ter feito era desde logo chamar à atenção para o juramento de obediência incondicional ao homem que as mulheres têm de fazer quando se casam pela Igreja.
O que é verdade é que precisamente das religiões – DE TODAS ELAS – que provêm os mais chocantes exemplos de intolerância e preconceito.
E, se a Igreja Católica Apostólica Romana não é excepção, ela caracteriza-se também pela mais profunda e abjecta homofobia e pela mais inqualificável misoginia.
Logo nos princípios fundamentais das religiões cristãs, transmitidos pelo próprio Deus a Moisés, consta como mandamento: «não cobiçar a mulher alheia».
Ora, quer isto dizer que foi Deus o primeiro a reduzir a mulher a um mero e passivo objecto de cobiça, sem autonomia de vontade para a negar ou para lhe resistir.
E quer isto dizer que não resta ao homem outra alternativa para resguardar da cobiça alheia a mulher de que é “proprietário”, não a vontade da própria mulher (que a vontade da mulher não é para aqui chamada), mas somente o último recurso: a vontade divina.
E como a autoridade suprema só tem de legislar em função daquilo que é necessário e que é previsível que aconteça, nem sequer se deu ao trabalho de prever um mandamento que, reciprocamente, proíba a mulher de cobiçar o homem alheio.
Obviamente que a mulher não tem capacidade suficiente para levar a cabo uma tarefa tão masculina como é essa de «cobiçar».
Como está absolutamente fora de questão a própria mulher querer vir um dia... a ser cobiçada...
Na verdade, se alguma coisa é característica da Igreja Católica é o modo como a mulher é encarada como algo sujo e pecaminoso, um ser de segunda categoria e absolutamente desprovido de raciocínio, e que deve ao homem obediência cega.
O próprio celibato do clero não visa mais do que afastar todos aqueles santos homens, representantes de Deus na Terra, dessa coisa horrível que é a mulher, que só os distrai das sagradas tarefas de Deus e os aproxima inexoravelmente do pecado.
Principalmente desde o Século IV com Santo Agostinho (que deve ter sido um tarado sexual de primeira apanha), o próprio modo como a Igreja Católica encara o sexo – simplesmente como algo porco e um horrível pecado contra Deus – reflecte-se imediatamente no modo como é encarado o “objecto” desse sexo: a mulher.
Assim, como poderia a Igreja Católica permitir a ordenação dessa coisa suja e abjecta que é a mulher? A mulher nem sequer tem dignidade para ajudar à missa, quanto mais para ser padre!
Desde há séculos, a mulher não é mais do que o oposto pólo aristotélico do homem, e não serve para mais do que, pela negativa, o afirmar positivamente.
Como o mal afirma o bem; como o negativo afirma o positivo.
E não são raros os exemplos históricos das mulheres que, por falharem nesse seu sagrado desígnio foram queimadas como bruxas.
Bastava que alguém desconfiasse que pensavam por si, ou que tão-somente demonstrassem qualquer aptidão artística.
As próprias mulheres que se aproximaram de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, são tratadas pela Igreja Católica com um machismo e uma misoginia que não se entende que ainda prevaleça e se aceite nos nossos dias.
Teria sido absolutamente normal que Jesus Cristo, afinal um homem, tivesse casado com Maria Madalena, a quem teria tratado como sua igual, e que teria sido sua fiel e confidente companheira.
E que o teria acompanhado nos momentos mais difíceis da sua vida. E que nunca o abandonou, nem mesmo na hora da sua morte.
Mas, como está absolutamente fora de questão que Jesus Cristo, Deus e filho de Deus, do alto da sua santidade de Espírito Santo se tenha alguma vez «conspurcado» pelo contacto com uma mulher, desde logo a Igreja Católica imediatamente reduziu a pobre Maria Madalena ao nível mais baixo do escalão mais baixo que por si já era como mulher: passou a ser uma prostituta.
Mas o exemplo mais paradigmático da misoginia da Igreja Católica é o que se passa com a própria mãe de Jesus Cristo, a Virgem Maria.
A Maria de Nazaré foi pura e simplesmente negado ser mulher. E para que Maria pudesse ser mãe, mesmo sem ser mulher, foi então determinado que fosse virgem, obviamente por intermédio de um dogma, que é para não haver mais discussões.
De tal modo que ninguém se importou que com isso o carpinteiro com quem era casada fosse automaticamente transformado assim numa espécie de «corno manso», incapaz de consumar o seu próprio casamento.
Uma vez mais com a persistente ideia (que para mim é inegavelmente muito suspeita) de que o sexo não é uma coisa tão natural como comer ou dormir, mas antes uma coisa suja e pecaminosa, a Igreja Católica passou a tratar a mãe de Jesus como a «Virgem», a «Imaculada» ou outros impropérios do género, fazendo-a subir aos Céus toda ela, em alma e corpo, com hímen e tudo, sem sequer lhe dar direito a ter tido uma simples relação sexual na sua vida terrena.
Porque, para a Igreja Católica, depois de ter tido uma relação sexual a mulher nunca mais será a mesma e não serve já para mais nada.
Ao contrário do que acontece com o homem que, como toda a gente sabe, está acima dessas coisas. Até o seu esperma é sagrado e não pode ser derramado inutilmente, sob pena de morte.
A mulher, não. Porque a mulher já foi «tocada». Já foi «suja». Já tem uma «mácula» que nunca mais sai.
E, nem que fosse só para ser mãe, uma mulher assim «manchada», já não poderia subir aos Céus.
Pois não é ter relações sexuais sinónimo de «pecar»?
E mais: assim numa coisa que parece muito próxima de uma vulgar e africana excisão ritual de clitóris, nem sequer foi dado a Maria de Nazaré o direito de subir aos Céus sem ter tido um orgasmo.
E agora é tarde, porque nos Céus não há cá dessas porcarias.
Porque, como é óbvio, Deus não quer.
Pois se Deus é pai, é filho e é espírito santo, então, e como toda a gente sabe, Deus... é HOMEM!
Uma coisa é certa:
Nunca deixará de me surpreender como é que uma MULHER, digna desse nome e orgulhosa da sua condição, pode em plena consciência intitular-se CATÓLICA!
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Já não era sem tempo: estabelecidas novas regras para se avistar a Virgem Maria
Segundo o «Independent», o Papa Bento XVI deu instruções à «Congregação Para a Doutrina da Fé» (que é como quem diz a «Santa Inquisição») para redigir um guia que ajude os bispos a combater a recente explosão de alucinados que clamam ter visto a Virgem Maria.
Assim, os novos os visionários serão a partir de agora obrigados a guardar segredo sobre as aparições da mãe de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, até que sejam convenientemente observados por uma equipa de psicólogos, teólogos, padres e exorcistas.
Mas, segundo as novas regras, só serão observados pelos especialistas os videntes que souberem estar calados; os que derem com a língua nos dentes serão desde logo ignorados e as suas visões passarão a ser automaticamente consideradas falsas, o que à partida parece ser, de facto, um bom critério de selecção.
Depois disso passa-se então à fase seguinte: primeiro, os visionários serão observados por uma equipa de psiquiatras que deverão atestar devidamente a sua saúde mental; depois entram em campo os teólogos que certificarão a origem celeste das mensagens e que as mesmas se coadunam com os ensinamentos da Santa Madre Igreja Católica.
Se o vidente conseguir passar este rigorosíssimo crivo de selecção e for tido como bom da cabeça, segue-se finalmente a mais difícil e última fase, onde o dito cujo será interrogado por «demonologistas» e «exorcistas» que ficarão encarregues de verificar se não se está ali perante uma obra de Satanás que, como é sabido, anda por aí frequentemente a enganar os coitados dos fiéis.
Em suma:
Parece estarmos, com efeito, perante uma decisão de muito bom senso tomada pelo Vaticano.
Estou mesmo certo que, mais até que os psiquiatras e psicólogos, serão os demonologistas e os exorcistas a separarem com rigor o trigo do joio, e a mostrarem-nos sem sombra de dúvida quais os avistamentos da Virgem que são legítimos e os que não são.
Até por que uma coisa é certa: não vem mal nenhum ao mundo quando um fiel, carregadinho de fé, se põe a falar com a Virgem Maria, com alguns santos da sua devoção e até com o próprio Jesus Cristo.
- O pior, é mesmo quando eles lhe respondem...
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
A Presidência e a Bomba de Gasolina
Talvez o menos importante seja a estúpida infantilidade de tentar determinar o sentido da opinião pública através de notícias sopradas mais ou menos à socapa a jornais de consabida fidelidade político-partidária por misteriosas «gargantas fundas» presidenciais.
Talvez até já nem tenha importância alguma a «aventura» presidencial com a promulgação do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, que Cavaco Silva geriu com uma falta de jeito confrangedora.
Sinceramente, não entendo onde se encontra essa tal famigerada «diminuição de poderes», se o Presidente tem de fazer mais duas auscultações institucionais antes de eventualmente dissolver uma Assembleia Regional.
Repare-se que não tem de “pedir autorização”! Tem simplesmente de “ouvir” a Assembleia e o Governo regionais antes de tomar uma decisão, que pode muito bem ser contrária àquilo que resultou das auscultações. E até de todas elas.
Ou seja, e das duas uma:
- Ou o problema é político ou, ao contrário, é do foro constitucional.
Mas se fosse do foro constitucional, o Presidente teria certamente enviado a lei para o Tribunal Constitucional. E não o fez!
E se não o fez, é porque encara o problema como exclusivamente político, e então Cavaco geriu-o de uma forma inusitadamente tosca, que não deixa ficar nada bem a imagem do Órgão de Soberania cujo exercício lhe está confiado.
Como seria de esperar e era exigível que o tivesse previsto quando resolveu brincar às escondidas com a Assembleia da República, Cavaco Silva perdeu!
Depois, Cavaco Silva ainda veio para a televisão choramingar e fazer queixinhas aos portugueses e dizer em comunicado, com um ar muito ofendido e contristado, que ficou «à mercê da contingência da legislação ordinária» aprovada por «uma maioria parlamentar de momento» e ainda que foi vítima de «interesses partidários de ocasião que se sobrepuseram aos superiores interesses nacionais».
Pelos vistos Cavaco Silva ainda não percebeu que um Presidente da República eleito por voto directo, universal e secreto num regime constitucional «semi-presidencialista» não está ali para choramingar e para fazer lamúrias e queixinhas aos portugueses.
- Está ali para tomar decisões!
E então é caso para perguntar: para que raio queria o Presidente mais poderes no que concerne às regiões autónomas se os que já tem, pelos vistos, e no caso da Madeira… não os usa?
Porque se deixou Cavaco achincalhar por Alberto João Jardim na visita de Estado que fez à madeira e nem um suspiro dele ouvimos quando ocorreu a indignidade criminosa do encerramento da Assembleia Regional após o show-off do deputado do PND?
Então, mas que raio de Presidente da República é este que, confrontado com uma Assembleia da República a quem acusa de fazer «sobrepor interesses partidários de ocasião» a «superiores interesses nacionais», pura e simplesmente não dissolve essa mesma Assembleia da República?
Se um Presidente da República nada faz quando vê mesmo à sua frente serem afrontados os «superiores interesses nacionais», para que serve este Presidente da República? Para cortar fitas? Para ser «o senhor Silva» e ser achincalhado e humilhado em silêncio na Madeira?
Como se não bastasse, Cavaco Silva ainda teve o arrojo de nos vir dizer no seu comunicado que nunca ninguém poderá alguma vez dizer que não fez TUDO o que estava ao seu alcance para defender aquilo que considera «os superiores interesses do Estado».
Não, não fez: é mentira!
Cavaco ainda tinha à mão um último recurso que a Constituição lhe confere:
Mas se fosse do foro constitucional, o Presidente teria certamente enviado a lei para o Tribunal Constitucional. E não o fez!
E se não o fez, é porque encara o problema como exclusivamente político, e então Cavaco geriu-o de uma forma inusitadamente tosca, que não deixa ficar nada bem a imagem do Órgão de Soberania cujo exercício lhe está confiado.
Como seria de esperar e era exigível que o tivesse previsto quando resolveu brincar às escondidas com a Assembleia da República, Cavaco Silva perdeu!
Depois, Cavaco Silva ainda veio para a televisão choramingar e fazer queixinhas aos portugueses e dizer em comunicado, com um ar muito ofendido e contristado, que ficou «à mercê da contingência da legislação ordinária» aprovada por «uma maioria parlamentar de momento» e ainda que foi vítima de «interesses partidários de ocasião que se sobrepuseram aos superiores interesses nacionais».
Pelos vistos Cavaco Silva ainda não percebeu que um Presidente da República eleito por voto directo, universal e secreto num regime constitucional «semi-presidencialista» não está ali para choramingar e para fazer lamúrias e queixinhas aos portugueses.
- Está ali para tomar decisões!
E então é caso para perguntar: para que raio queria o Presidente mais poderes no que concerne às regiões autónomas se os que já tem, pelos vistos, e no caso da Madeira… não os usa?
Porque se deixou Cavaco achincalhar por Alberto João Jardim na visita de Estado que fez à madeira e nem um suspiro dele ouvimos quando ocorreu a indignidade criminosa do encerramento da Assembleia Regional após o show-off do deputado do PND?
Então, mas que raio de Presidente da República é este que, confrontado com uma Assembleia da República a quem acusa de fazer «sobrepor interesses partidários de ocasião» a «superiores interesses nacionais», pura e simplesmente não dissolve essa mesma Assembleia da República?
Se um Presidente da República nada faz quando vê mesmo à sua frente serem afrontados os «superiores interesses nacionais», para que serve este Presidente da República? Para cortar fitas? Para ser «o senhor Silva» e ser achincalhado e humilhado em silêncio na Madeira?
Como se não bastasse, Cavaco Silva ainda teve o arrojo de nos vir dizer no seu comunicado que nunca ninguém poderá alguma vez dizer que não fez TUDO o que estava ao seu alcance para defender aquilo que considera «os superiores interesses do Estado».
Não, não fez: é mentira!
Cavaco ainda tinha à mão um último recurso que a Constituição lhe confere:
- Dissolver a Assembleia da República.
Poderá, contudo, dizer-se que o Presidente não considerou o caso de tal forma grave que justificasse a utilização desta «bomba atómica» que é a dissolução do Parlamento.
Pois é:
Poderá, contudo, dizer-se que o Presidente não considerou o caso de tal forma grave que justificasse a utilização desta «bomba atómica» que é a dissolução do Parlamento.
Pois é:
Mas se o caso não era afinal assim tão grave, então a última coisa que os portugueses queriam era ver o seu Presidente humilhado a lamber em público as feridas de um confronto institucional e a choramingar indignamente na televisão.
E quando se pensava que três anos depois de ter sido eleito Cavaco Silva já tinha batido no fundo, eis que o nosso Presidente resolve afrontar talvez o melhor e certamente um dos mais prestigiados jornalistas portugueses e, sem dúvida, um dos jornalistas que no nosso país mais tem honrado a sua profissão: Mário Crespo.
Na sua crónica semanal no «Jornal de Notícias», Mário Crespo conta-nos que depois de se ter referido às manchetes com base em "fontes de Belém" que, diz, foram criando no público a percepção das desconfianças presidenciais quanto à estratégia orçamental do Governo de Sócrates, acabou por merecer a atenção do chefe da Casa Civil do presidente da República.
De facto, por mais incrível que isso pudesse parecer, Nunes Liberato decidiu enviar uma nota em papel timbrado da Presidência da República a desmentir Mário Crespo e a negar factos evidentes que todos os portugueses andam há meses a ver escarrapachados nas primeiras páginas dos jornais.
O que isto quer dizer é que Aníbal Cavaco Silva tem uma interpretação muito peculiar das suas funções como «o mais alto magistrado da Nação» e o «garante primeiro do regular funcionamento das instituições democráticas».
E é então, por isso, que graças a este interessante Presidente podemos em Portugal assistir a esta suprema e inqualificável indignidade:
Vermos a Presidência da República enviar uma nota oficiosa com a solenidade do seu próprio papel timbrado não só para a Direcção de Informação da SIC mas para a sua própria Administração, isto é, pessoalmente para Francisco Pinto Balsemão.
O próprio Mário Crespo se questiona: Porquê? Para Quê?
A resposta é simples:
E quando se pensava que três anos depois de ter sido eleito Cavaco Silva já tinha batido no fundo, eis que o nosso Presidente resolve afrontar talvez o melhor e certamente um dos mais prestigiados jornalistas portugueses e, sem dúvida, um dos jornalistas que no nosso país mais tem honrado a sua profissão: Mário Crespo.
Na sua crónica semanal no «Jornal de Notícias», Mário Crespo conta-nos que depois de se ter referido às manchetes com base em "fontes de Belém" que, diz, foram criando no público a percepção das desconfianças presidenciais quanto à estratégia orçamental do Governo de Sócrates, acabou por merecer a atenção do chefe da Casa Civil do presidente da República.
De facto, por mais incrível que isso pudesse parecer, Nunes Liberato decidiu enviar uma nota em papel timbrado da Presidência da República a desmentir Mário Crespo e a negar factos evidentes que todos os portugueses andam há meses a ver escarrapachados nas primeiras páginas dos jornais.
O que isto quer dizer é que Aníbal Cavaco Silva tem uma interpretação muito peculiar das suas funções como «o mais alto magistrado da Nação» e o «garante primeiro do regular funcionamento das instituições democráticas».
E é então, por isso, que graças a este interessante Presidente podemos em Portugal assistir a esta suprema e inqualificável indignidade:
Vermos a Presidência da República enviar uma nota oficiosa com a solenidade do seu próprio papel timbrado não só para a Direcção de Informação da SIC mas para a sua própria Administração, isto é, pessoalmente para Francisco Pinto Balsemão.
O próprio Mário Crespo se questiona: Porquê? Para Quê?
A resposta é simples:
O Presidente da República pretendia que a atitude de um jornalista que ousou criticá-lo não ficasse inconsequente.
Se não fosse isso, como é óbvio, não tinha mandado comunicado nenhum.
Ao transmitir o seu desagrado à Administração da SIC, em comunicado oficialmente solene, Cavaco Silva não queria outra coisa: que Balsemão despedisse ou, pelo menos, que silenciasse Mário Crespo, com a óbvia ameaça dissuasora que isso passaria de futuro a constituir para todos os restantes jornalistas portugueses.
Com isto, Cavaco Silva deu uma vez mais com os burrinhos na água, ao demonstrar que nem sequer conhece nem Mário Crespo nem Pinto Balsemão.
E, com tudo isto, talvez Cavaco Silva demonstre que afinal pensa que se pode exercer a presidência da república de um país como se gere uma bomba de gasolina em Boliqueime.
E, o pior, é que o Sr. Silva não é o único que pensa assim…
Se não fosse isso, como é óbvio, não tinha mandado comunicado nenhum.
Ao transmitir o seu desagrado à Administração da SIC, em comunicado oficialmente solene, Cavaco Silva não queria outra coisa: que Balsemão despedisse ou, pelo menos, que silenciasse Mário Crespo, com a óbvia ameaça dissuasora que isso passaria de futuro a constituir para todos os restantes jornalistas portugueses.
Com isto, Cavaco Silva deu uma vez mais com os burrinhos na água, ao demonstrar que nem sequer conhece nem Mário Crespo nem Pinto Balsemão.
E, com tudo isto, talvez Cavaco Silva demonstre que afinal pensa que se pode exercer a presidência da república de um país como se gere uma bomba de gasolina em Boliqueime.
E, o pior, é que o Sr. Silva não é o único que pensa assim…
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Desobediência Civil
O líder da Fenprof, Mário Nogueira, classificou como um "delírio" as palavras do secretário de Estado Adjunto da Educação que referiu que os professores poderão incorrer em sanções ou suspensões caso não entreguem os seus objectivos individuais, tal como está estabelecido na nova legislação, recentemente aprovada.
Depois, e aproveitando a embalagem, Mário Nogueira ainda declarou:
«Quero dizer aos professores que não tenham medo porque não há nenhuma sanção disciplinar que lhes possa ser aplicada, nem aos professores nem aos conselhos executivos».
Depois de os professores portugueses terem deixado bem claro a todo o país que se consideram uma corporação de excepção, inegavelmente unida no seu propósito de ser isenta de avaliação das suas competências e do seu desempenho profissional, eis que foi assim, com estas inspiradas e belas palavras, que o líder da Fenprof apelou a todos os professores portugueses que ensinem aos seus alunos como se deverão comportar perante o Estado de Direito e a sociedade e em que estão inseridos.
E que neste início de ano lhes transmitam uma nova e singela lição:
- A desobediência à lei!
Senhora ministra: por favor, não desista!
- A desobediência à lei!
Senhora ministra: por favor, não desista!