sábado, 31 de janeiro de 2009

 

O regular funcionamento das instituições democráticas



Pagamos ao cidadão Aníbal Cavaco Silva mais de 7.500 euros por mês para representar a República Portuguesa, ser o garante da independência nacional e da unidade do Estado e do regular funcionamento das instituições democráticas.
Nunca vi dinheiro do erário público tão mal gasto!

De facto, este Presidente da República não acerta uma.
É cada sachadela, sua minhoca!

Para Cavaco Silva não lhe merece qualquer reparo o regular funcionamento das instituições democráticas na Madeira, onde vai de visita para ser achincalhado como um vulgar «Sr. Silva», e não lhe ouvimos uma palavra sequer sobre o escandaloso encerramento da Assembleia Regional.

Em Belém temos agora um Presidente a quem conhecemos a indignidade de utilizar o papel timbrado da Presidência da República para fazer queixinhas de um jornalista à sua administração, ou o malabarismo, qual rolha flutuante, da promulgação de leis com que não concorda, mas que comenta ridiculamente em mensagens tão inúteis como risíveis.

Como se de repente lhe tivesse fugido a lucidez, defronta politicamente a Assembleia da República com o veto político a uma lei aprovada por unanimidade, mas que não tem coragem de enviar ao Tribunal Constitucional.
E quando depois o óbvio acontece, vem choramingar em público para a comunicação social, como se alguém lhe tivesse dito que isso dignifica as funções que lhe pagam para desempenhar.

Acontece que estamos agora a viver um peculiar momento, mas que infelizmente desde o tempo de Sá Carneiro que não é inédito, de andarmos há duas semanas a assistir a um autêntico massacre à honorabilidade do primeiro-ministro de Portugal.
E quando seríamos levados a pensar que nos dias que correm talvez fosse particularmente aconselhável que alguém, a quem pagam para isso, assegurasse efectivamente «o regular funcionamento das instituições democráticas», eis que o Presidente da República não tem sequer uma palavra a dizer sobre o assunto.
Se virmos bem, nem sequer pode convocar o Conselho de Estado, refém que está das palmadinhas nas costas que deu a Dias Loureiro.

Uma vez mais Cavaco Silva está perante uma situação sobre a qual não tem nem a coragem nem a dignidade política de tomar uma decisão. Qualquer que fosse a decisão – nem que fosse a demissão do Governo – caberia ao Presidente fazer algo.
Tudo menos ficar quieto e calado. Tudo menos nada fazer.

Qual a mensagem que este silêncio sepulcral transmite ao país?
Será que devemos pensar que o Presidente Cavaco Silva acha que neste momento tudo está bem, e que as instituições democráticas estão a funcionar regularmente?

Não!
Acabamos de saber que nestes pantanosos dias que correm há uma coisa que preocupa seriamente o nosso Presidente da República.
Não!
Não é o ambiente criado à volta do primeiro-ministro e do Governo com quem temos de contar para nos guiarem na travessia do deserto desta inigualável recessão mundial.
Não!
Aquilo que anda a preocupar o nosso Presidente da República é outra coisa:
- É a nova lei do divórcio!

Era bom de ver que Cavaco Silva não ia conseguir resistir: tal como já tinha feito com o Estatuto dos Açores, lá veio o nosso Presidente da República choramingar em público contra uma lei que lhe foi imposta e que lhe fez perder a face depois de um veto político completamente inútil.

Desta vez, Cavaco Silva escolheu para lhe fazer companhia uma audiência de carpideiras mascaradas de pinguins, a quem afirmou que a nova lei do divórcio – que nem ainda há dois meses vigora e que nenhum caso concreto ainda decidiu – contribui para o aumento dos «novos pobres».
Claro está que não explica como.

Rodeado de assessores que não sabem sequer o tempo que faz do lado de fora dos seus gabinetes, o Presidente acusa a nova lei do divórcio de conduzir «a situações de profunda injustiça para aqueles que se encontram em posição de maior vulnerabilidade, como é mais frequente ser o caso de mulheres com mais fracos recursos».

Como é óbvio, Cavaco Silva não leu a lei.
Porque se a tivesse lido, saberia que, muito pelo contrário, é precisamente esta lei que acaba com a chantagem psicológica e patrimonial absolutamente ignóbil de que tantas mulheres eram vítimas durante anos e anos, enquanto eram autenticamente mantidas reféns de uma partilha de bens que não conseguiam obter.

E cá temos o nosso Presidente:
Enquanto transmite ao país a mensagem de que acha que nestes dias que correm tudo vai bem e que o Governo e o seu primeiro-ministro têm perfeitamente assegurado o regular funcionamento das instituições democráticas e todas as condições políticas e psicológicas para governarem em paz e com eficiência, assistimos a um Cavaco Silva politicamente ressabiado e a liderar a oposição, e a fazer discursos de frete às mais retrógradas e conservadoras instituições religiosas, que ainda pensam que um casamento de fantasia vale mais do que uma família feliz.

- Quanto tempo faltará para as próximas eleições presidenciais?...




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