quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

 

UM BOM ANO DE 2009!





«Um carabineiro com um martelo de madeira dá-me um forte golpe nos dedos mindinhos de ambas as mãos.
«A seguir, com um alicate, começa a arrancar-me as unhas.
«Nesse momento entra o sargento, que lhe tira o alicate para o utilizar a arrancar-me o bigode. Em dada altura, como resultado da grande dor e do desespero, consigo morder-lhe a mão, o que faz com que um carabineiro me dê uma coronhada na cara.
«Perco a consciência e, ao despertar, dou-me conta que sangro muito da cabeça, do nariz, da boca, e que me faltam oito dentes. Tinham-mos arrancado com o alicate ou com golpes. Não sei
».

.

«Estava grávida de cinco meses.
«Obrigaram-me a ficar nua e a ter relações sexuais com a promessa de uma pronta libertação.
«Apalparam-me os seios, deram-me choques eléctricos nas costas, na vagina, no ânus.«Arrancaram-me as unhas dos pés e das mãos. Agrediram-me com bastões de plástico e com a coronha de espingardas. Drogaram-me. Simularam fuzilar-me.
«Deitada no chão, com as pernas abertas, introduziram-me ratos e aranhas na vagina e no ânus. Sentia que era mordida e acordava banhada no meu próprio sangue.
«Conduzida a lugares onde era violada vezes sem conta, chegaram a obrigar-me a engolir o sémen dos violadores.
«Enquanto me agrediam na cabeça, no pescoço, na cintura, obrigavam-me a comer excrementos
».

*

Entre 35.686 testemunhas, estes são apenas dois depoimentos de vítimas de tortura da Junta Militar do Chile durante o regime de Pinochet que voluntariamente se dirigiram à “Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura”.
Esta comissão foi criada no Chile em 2003 para dar a conhecer em toda a sua extensão, aos chilenos e ao mundo, os horrores praticados pela ditadura militar e pela adopção da tortura e do horror como uma política de Estado no período compreendido entre 1973 e 1990.

*

Um terror absolutamente indescritível foi o rasto deixado ao longo da História pelos Tribunais da Inquisição.

Nem sequer é fácil imaginar as masmorras imundas onde em nome de Deus reinaram durante séculos o ódio e a insensibilidade perante o sofrimento alheio e que mais pareciam «fábricas» com os mais tenebrosos instrumentos que a imaginação humana é capaz de inventar: cadeiras com pregos afiados, ferros incandescentes, pinças, roldanas, pesados blocos de pedra, correntes, garfos enormes, chicotes com pontas de ferro, cordas, machados afiadíssimos, guilhotinas, troncos, máscaras de ferro, forquilhas, garrotes, serrotes, esmagadores de joelhos, de cabeça, de polegares e de seios; cavaletes, e outros utensílios de “trabalho”.

Com a «Roda de Despedaçar» colocava-se o herege de costas sobre uma roda de ferro, sob a qual se colocavam brasas. De seguida, a roda era girada lentamente. A vítima morria depois de longas horas de dor indescritível, com queimaduras do mais alto grau. Não havia pressa para a morte do supliciado. Pelo contrário, havia o cuidado de prolongar ao máximo a sua agonia.

A «Mesa de Evisceração» destinava-se a extrair aos poucos, mecanicamente, as vísceras dos condenados. Após a abertura da região abdominal, as vísceras eram puxadas, uma por uma, por pequenos ganchos presos a uma roldana, girada por um carrasco.

Tentemos por um momento imaginar os rostos pálidos dos torturados. Muitos imploram para morrer; muitos dizem "peçam-me qualquer coisa e eu farei".
Outros, que passaram para a galeria dos «heróis da fé», enfrentam a dor com resignação. Não passam de cadáveres ambulantes.

Muitos estão na terceira, quarta ou quinta sessão de tortura. Se não resistem, os seus corpos são queimados e as cinzas lançadas algures.

E as suas memórias esquecidas.

Os Inquisidores conhecem bem o limite humano à dor. Quando algum desgraçado, acusado de heresia ou simplesmente de professar a religião errada, chega ao limite do sofrimento, é entregue aos cuidados do médico cirurgião que cuidará de suas feridas e dos ossos quebrados ou deslocados. A alegação é que a tortura não foi concluída, mas suspensa.
Após algumas semanas, são trazidos para novos interrogatórios.
Os que forem condenados à morte na fogueira terão as suas línguas arrancadas para que ninguém ouça as suas últimas "blasfémias", e por elas não fiquem contaminados.

*

Como pode isto acontecer?
Como podem tantos seres humanos, seja em nome de um Deus seja em nome de um líder qualquer, praticar actos desta indescritível barbárie?

*

Stanley Milgram, professor de psicologia social na Universidade de Yale, levou a cabo em 1974 uma experiência com o objectivo de estudar a «Obediência à Autoridade»:

Entre pessoas comuns (operários, estudantes, secretárias, empresários, lojistas, etc.) foram recrutados voluntários a quem foi atribuído o papel de "professores".

Esses “professores” foram instruídos a aplicar choques eléctricos de intensidade crescente (de 15 a 450 Volts) num outro indivíduo (que estava amarrado a uma cadeira com eléctrodos numa sala adjacente), e que era designado "estudante".

Os choques seriam administrados todas as vezes que o "estudante" errava uma resposta a um questionário previamente determinado.

Milgram tinha explicado aos "professores" recrutados que o objecto daquele estudo residia precisamente nos efeitos da punição sobre a memória e sobre aprendizagem.

Como é óbvio, o "professor" não sabia que o "estudante" da pesquisa era afinal um actor, que convincentemente interpretava e manifestava desconforto e dor a cada aumento da potência dos “choques eléctricos” que lhe eram pretensamente infligidos.

O resultado da experiência foi absolutamente perturbador e mais “chocante” que qualquer voltagem aplicada:

- Nada menos do que 65% das pessoas envolvidas – os "professores" – chegaram mesmo, e sem qualquer hesitação, a administrar ao "estudante", sob ordens do cientista (que na experiência representava a “autoridade”) os choques mais potentes, dolorosos (de 450 volts) e claramente identificados como perigosos e... potencialmente mortais!

E todos os "professores" - mas todos eles - administraram pelo menos 300 Volts!
Em muitos casos houve "professores" que a determinada altura da aplicação dos choques eléctricos se preocuparam com o bem-estar do "estudante" e até perguntaram ao cientista quem se responsabilizaria caso algum dano viesse a ocorrer.

Mas quando o cientista os descansou, afiançando-lhes que assumiria toda e qualquer responsabilidade do que acontecesse e os encorajou a continuar, todos os "professores" persistiram na aplicação dos choques com as voltagens mais elevadas, mesmo enquanto ouviam gritos de dor e súplicas dos “estudantes” para que os parassem.

*

Entretanto, foi feita uma experiência laboratorial semelhante, desta vez com macacos-rhesus.

Nessa experiência (sem dúvida absolutamente tenebrosa, diga-se de passagem), os macacos eram colocados em jaulas próprias onde só recebiam alimento se puxassem uma determinada corrente.

Contudo, sempre que puxavam essa corrente era-lhes proporcionada comida, mas simultaneamente era infligido um violento choque eléctrico a outro macaco-rhesus, cujo sofrimento poderiam então observar através de um vidro espelhado.

Passado muito pouco tempo todos os macacos se aperceberam de como tudo funcionava e de que era precisamente o seu gesto de puxar a corrente que, enquanto lhes garantia a comida que pretendiam, era também ao mesmo tempo a causa do sofrimento do outro macaco.

Acontece que logo que faziam essa associação praticamente todos os macacos deixaram de puxar a corrente e preferiam passar fome a fazer sofrer um outro macaco, com quem nem sequer estavam familiarizados e que pertencia até a uma tribo diferente.

Numa ocasião e mesmo ao fim de um longo tempo de fome, os cientistas observaram que, no máximo, somente 13% dos macacos acabavam por puxar a corrente.

Alguns chegaram ao ponto de quase morrer de fome; mas nunca mais puxaram a corrente!

*

É, de facto, perturbadora a comparação entre as duas experiências.

Porque, para já, ela demonstra que as mais básicas noções de ética são conaturais aos indivíduos, mesmo aos animais, ainda que sejam nossos «primos».

Demonstra ainda que essa ética é racional, porquanto decorre de princípios de civilização e de necessidades práticas de convívio social e também de interacção individual.

Demonstra, finalmente, que essa ética, que é racional, prática e civilizacional só cede perante princípios de irracionalidade, sejam de ordem religiosa ou de ordem política e que, quantas vezes mascarados de princípios de ordem “moral”, acabam por ser acatados e aceites por tantas pessoas, que acriticamente lhes passam a obedecer cegamente, pugnando até pela sua imposição aos demais cidadãos.

É esta “obediência”, firmada em primeiro lugar na ausência de uma consciência individual, e que é irracional e cega a qualquer noção de ética e até à mais básica dignidade humana, que leva às barbaridades praticadas pelos Homens.
Seja nas ditaduras latino americanas, na União Soviética, na Alemanha de Hitler, ou noutro país qualquer, até mesmo em Portugal.

Seja em nome de uma ideologia, de uma política ou de uma religião;
Seja em nome de abstrusas concepções de autêntico «relativismo moral» ou da cretinice de considerações como a que afirma que não se deve ser «demasiado racionalista».

E que, todas, acabam por conduzir ao Holocausto ou aos Gulags e ao extermínio de milhões de pessoas.
Que conduzem a uma Inquisição tenebrosa ou a um terrorismo frio e sem rosto que torturam e matam em nome de Deus.

As ditaduras podem ser instituídas por uma “Junta Militar”, por uma religião, ou por um qualquer punhado de indivíduos que assumiram num país uma tal concentração de poderes que lhes permite a prática impune de tudo o que lhes vem à ideia.

Mas isso só é possível – sejamos claros – com a inexplicável complacência e com a injustificável tolerância para com os mais imbecis critérios de irracionalidade, que mais não significam do que uma autêntica cumplicidade de toda a estrutura da sociedade.

De todos nós!

De facto, Stanley Milgram repetiu a sua famosa experiência em mais de uma dezena de outros países, de todos os continentes, sempre com resultados absolutamente idênticos.

Do Chile de Pinochet ao Cambodja de Pol Pot, passando pelo Portugal da Pide e dos Tribunais Plenários, será talvez a “obediência”, a "falta de sentido crítico" e a irracionalidade com que acatam determinações políticas ou religiosas, que explicam por que motivo pessoas comuns, colocadas em determinadas circunstâncias e sob a influência de uma autoridade – política, ideológica ou religiosa – que nem sequer se lembram de questionar (e que antes procuram até impor aos outros), sejam capazes de cometer os crimes mais hediondos.

No entanto, ouve-se dizer de alguém que se quer elogiar que é «uma pessoa de muita fé» ou que ao longo da sua vida sempre foi «coerente com os seus princípios», embora nem sequer cuidemos de saber quais foram tais «princípios».

Mas a partir de que altura da História da Humanidade é que o prestígio e até o bom senso de uma pessoa passou a ser sinónimo ou a ser proporcional à irracionalidade que lhe é atribuída?

É até irónico que virtudes humanas como a lealdade, a solidariedade, o sacrifício próprio, a disciplina ou o amor ao próximo, e que tanto valorizamos, sejam as mesmas propriedades que também criam pessoas homofóbicas, misóginas, racistas ou xenófobas ou que as transformam em autênticas máquinas destrutivas de ódio, de guerra, de corrupção e morte, e ligam homens e mulheres a princípios, ideologias ou religiões repulsivos e perversos.

Ideologias e princípios, quer políticos quer também religiosos que são, ainda hoje, cega, acrítica e incondicionalmente apoiados e irracionalmente seguidos por tantas e tantas pessoas que da forma mais indigna e abjecta nem a si próprias se respeitam.

É pois a este planeta, habitado pelos humanos, que desejo:

- Um bom ano de 2009!


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

 

Hipótese…




domingo, 28 de dezembro de 2008

 

Castidade














Catecismo da Igreja Católica, §2395:

«A castidade significa a integração da sexualidade na pessoa».


«Inclui a aprendizagem do domínio pessoal».


sábado, 27 de dezembro de 2008

 

Merda!





quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

 

Saber bem por que é que se anda para aí a comemorar








quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

 

Saber bem o que se anda para aí a comemorar



Em todas as comemorações é preciso saber bem o que se está a festejar e esta coisa do Natal não é de certeza excepção, até por que em todo o planeta haverá qualquer coisa como mil milhões de pessoas a aproveitar nesta altura as datas mitológicas do nascimentos de deuses solares como Hórus ou Mitra ou Vixnu ou Krishna ou Quetzalcoatl ou Zaratustra e mais uma quantidade infinda deles, que isso de deuses foi coisa que nunca faltou aos homens, e afinal Jesus Cristo não é menos que os outros só porque, coitado, lhe mudaram a data do nascimento para coincidir com a elevação do Sol no horizonte três dias depois do Solstício de Inverno que toda a gente sabe que simboliza a renovação da fertilidade e ainda por cima Jesus Cristo bem avisou toda a gente que não tinha vindo à Terra para trazer a paz mas sim a espada e até ensinou muito bem os seus fiéis a serem xenófobos e racistas desde pequeninos, que o diga o Mateus que bem nos contou que este Deus solar, que tinha um feitio dos diabos pois até levou o antigo testamento a matar gente e a dizimar cidades e uma vez até a população do planeta todo, uma vez até deixou bem claro que não estava para se chatear a tomar conta das crianças cananeias que isso era a mesma coisa que deitar pão aos cães, pois há deuses que acham que as crianças de raças esquisitas são como os cães e não lhes faltam seguidores que até celebram o dia do seu nascimento e tudo e honram até a mitologia que foi inventada à sua volta e que, temos de admitir, é de uma inteligência e de uma lucidez que nada deve às outras religiões e até se pode dizer que é uma história bem credível e de uma lógica imbatível, pois basta ver que nos conta que este Deus que se chama Jesus Cristo e Deus e Espírito Santo assim tudo ao mesmo tempo e que se mandou a si próprio vir à Terra em forma de pomba engravidar uma virgem, apesar de estar já casada com outro homem e que nada consta desta história que raio de horrores passou na sua noite de núpcias, coitada, ou coitado do marido, não nos dizem, mas é uma virgem que sabe da notícia de que está grávida não porque lhe faltou o período ou porque já lhe incha a barriga ou tem enjoos matinais, que até vomita o leite do pequeno-almoço quando vai a caminho da fonte, mas porque veio um anjo avisá-la, que os anjos, esses sim, é que andam por aí entre nós e são uns gajos porreiros, essa é que é essa, não é como os extra-terrestres que são uns gajos lixados, e então dessa virgem, que passa a ser avó do próprio filho, nasce esse próprio Deus, agora em forma de homem, e filho de si próprio, e também neto, já agora, enquanto a virgem continua virgem, está visto, porque o canal vaginal das mulheres só é puro quando funciona unicamente no sentido descendente, porque no sentido ascendente é pecado e a mulher fica logo suja e impura e toda estragada, e depois então esse Deus morre, embora por ordem de si próprio, mas morre mesmo, assim bem morto, porque o espetam num madeiro e tudo, e quando toda a gente pensava que não fica nada bem a um Deus morrer, e não tem lá muita graça um Deus andar para aí ensinar às pessoas que se devem deixar torturar e matar assim bem resignadas com o que lhe fazem só para não afrontar os que mandam porque o reino dos céus só é dos pobrezinhos de carteira e de espírito e vai daí e quando toda a malta já estava a ficar à rasca com um Deus morto, que assim pouco préstimo teria, convenhamos, eis que finalmente ele ressuscita fica por aí uns tempos a mostrar os buracos nas mãos aos amigos e depois sobe ao Céu, agora como homem, com corpo e alma e tudo, e vai-se sentar à direita de si próprio, a olhar cá para baixo a ver as pessoas a matarem-se umas às outras em seu nome enquanto fazem cerimónias onde comem rodelinhas de pão ázimo que dizem que tem Deus lá dentro todo transubstanciado, coitado, todo encolhido, que nem espaço tem para se sentir confortável, e quando o padre, com os dedos sujos do cuspo das outras pessoas, lhes mete na ponta da língua aquela porcaria, que se cola ao céu-da-boca e tudo, então já podem vir cá para fora dizer que os dogmas são mais importantes que as vidas humanas, que se deve matar as pessoas que acreditam noutros deuses, porque este sim, este é que é um Deus que diz que o devem amar a ele acima de todas as coisas, mas também que se devem matar as pessoas que não acreditam em deuses nenhuns, e matar também as pessoas que são homossexuais ou matar as pessoas que fazem bruxarias, porque a bruxaria é perigosa e faz assim medo às pessoas como o catano, e matar até as pessoas que trabalham ao sábado, embora tenha de ser tudo morto à pedrada, que dói mais e as pedras são mais baratas e o espectáculo demora mais tempo e dá um certo gozo ver um blasfemo a esvair-se em sangue até morrer, o sacana, mas é um Deus que mandou deixar ficar algumas pessoas, essas sim, mais especiais, reservadas para serem atadas a uns postes e mortas pelo fogo, que é mais giro vê-las assim a guinchar, a guinchar até morrer, e depois a crepitar alto que até parecem baratas a estalar, principalmente a porcaria dos judeus, mas esses têm de levar umas torturazinhas primeiro assim estilo a esticarem-nos numa roda de madeira ou a esmagarem-lhes os tomates com um martelo, que foram eles que mataram o Nosso Senhor, e o sangue de Jesus Cristo tem de cair na cabeça destes facínoras, que é o que dizem os evangelhos e é por isso que quem mata judeus e espeta com eles em campos de concentração não está mais do que a obedecer à palavra de Deus ditada aos homens num livro que tem umas tiragens doidas e que se chama Bíblia, mas bem vistas as coisas não é bem todos os judeus porque há um judeu que é uma excepção porque é um judeu que é aquele Deus que engravidou a própria mãe, e que era homem ao mesmo tempo, embora como homem fosse também judeu, mas esse sim, era um judeu que era bonzinho e não era para queimar, nem para tostar, nem para ouvir crepitar na fogueira, porque era um judeu que mesmo circuncisado e tudo era um judeu que é Deus, embora fosse de outra religião, que isso de uma religião ter como Deus um homem que é doutra religião é uma coisa perfeitamente normal, e enfim um Deus que diz que o homem que meter um tubo de borracha à volta da pila quando está a pecar, que é como quem diz, que está a usar o canal vaginal da mulher no sentido que foi proibido por Deus, que é o sentido ascendente, que nem a mãezinha dele o usou nesse sentido, coitada, só no outro e foi um pau, salvo seja, porque isso seria feio e toda a gente sabe que isso dá cabo da mulher que não fica com préstimo para mais nada, então o homem vai parar ao Inferno, com tubo de borracha e tudo, que aquilo deve estar um calor dos Diabos e até derrete a borracha à volta da pila, e é bem feito, porque deve doer como o raio, mesmo que o tubo de borracha na pila impeça a propagação de doenças que andam por aí por certos países a dizimar populações inteiras, que aquilo que Deus diz é mais importante que as populações, mesmo as populações inteiras, que se não quiserem morrer cheias daquelas borbulhas horríveis a deitar pus que a SIDA provoca, então que não pequem nem andem por aí a usar os canais vaginais das mulheres em sentido contrário ao que Deus disse, porque a verdadeira virtude é a castidade, porque só com a castidade é que os homens sabem que não fazem má figura na cama com as mulheres e é por isso que só quem pode pecar é quem é sacerdote da religião deste judeu que agora é Deus doutra religião, mas só se for com criancinhas pequeninas, que assim não faz mal, mesmo que se lhes dê cabo do resto da vida, e quando vier a polícia ou os tribunais pega-se no dinheiro que se andou a extorquir às pessoas em troca da vida eterna e pagam-se-lhes indemnizações e fica tudo bem, muda-se a malta de paróquia e faz de conta que não foi nada, a não ser que seja um arcebispo ou um cardeal, porque aí não há indemnizações para ninguém, e refugia-se o gajo no Vaticano e já não lhe acontece mal nenhum, porque ali Deus está a protegê-lo das criancinhas, dos tribunais e da polícia e quem toma conta deles agora é o Papa que diz que os homossexuais não são seres humanos como os outros, como por exemplo aqueles seres humanos que são padres e andam a saltar de paróquia em paróquia a roubar a inocência às crianças, porque o Papa prefere que os homossexuais continuem sem os mesmos direitos civis que os outros seres humanos, mesmo que sejam aqueles seres humanos que dão cabo da vida às crianças de paróquia em paróquia, porque mais vale um homossexual morto que um homossexual casado, não vá o Diabo tecê-las porque os homossexuais bem diz a Bíblia também é tudo gente para ir à vida, assim como os judeus e os ateus e os gajos das outras religiões, tudo atirado ao fogo assim todos bem atados a postes e a deitar-lhe fogo devagarinho para vê-los a guinchar, a guinchar e a estalar como se fossem baratas...

Enfim, é Natal!


domingo, 21 de dezembro de 2008

 

Brain Damage



Sobre as músicas «Brain Damage» e «Eclipse», dos Pink Floyd, é este o meu comentário pessoal à maneira tão peculiar como no mundo ocidental ainda se celebra o Solstício de Inverno e como inconscientemente se revive de forma tão fervorosa a primitiva mitologia do nascimento de Jesus Cristo.

Uma mitologia que, como é óbvio, foi ponto por ponto descaradamente plagiada dos cultos de outros deuses solares anteriores a Jesus Cristo, como os de Javé ou Eloim (conforme lhe queiram chamar), passando pelos cultos de Hórus ou de Mitra, todos tão marcadamente politeístas como o cristianismo.



sábado, 20 de dezembro de 2008

 

The Bush Legacy


(Clicar para ampliar)


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

 

O Milagre



quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

 

A Poesia Política



Vamos supor que Manuel Alegre, que diz que já não se revê nos ideais e nas políticas fundamentais “deste PS”, resolve, num gesto de dignidade política e intelectual, abandonar o partido.

Vamos supor que até vai mais longe do que isso e, num gesto de larga coerência, diz «não!» e deixa o seu lugar no Parlamento.

Vamos supor, então, que Manuel Alegre formava um novo partido político e que conquistava um resultado eleitoral que lhe permitia formar Governo.

Pois bem:
Importa então perguntar o que faria este nosso novo "Primeiro-ministro Manuel Alegre" nalgumas das políticas fundamentais sobre que têm consistido as suas principais críticas à governação de José Sócrates:

- Suspendia a avaliação de desempenho dos professores e institucionalizava a sua «auto-avaliação», obviamente precedida de uma «reflexão»?
- Suspendia o Estatuto do Aluno e o Estatuto da Carreira docente?
- Que implementaria em sua substituição? Deixava ficar tudo como estava antes?
- Suspendia a avaliação dos funcionários públicos?
- Decidia um aumento do funcionalismo público superior a 2,9%? Para quanto?
- Aumentava o ordenado mínimo acima dos 450 euros? Para quanto?
- Reabria todos os Centros de Saúde que foram encerrados pelo Governo do PS?
- Que medidas concretas tomava para os equipar de meios humanos e técnicos aptos ao seu funcionamento?
- Que medidas macro-económicas precisas e concretas tomaria para baixar a taxa de desemprego que tanto o tem afligido?
- Aumentava as pensões? Para quanto?
- Aumentava o subsídio de desemprego?
- Aumentava os impostos? Diminuía os impostos?
- Que decisão tomava sobre o montante que estava disposto a fixar para o défice do PIB?
- Nacionalizava os sectores de produção que se revelassem deficitários?
- Deixava falir o BPN e o BPP?
- Suspendia o aval do Estado a todos os empréstimos bancários, mesmo que isso implicasse a falência de mais instituições bancárias?
- Que medidas concretas tomaria quanto às consequências que se seguiriam a estas decisões?
- Garantia os depósitos bancários nos bancos falidos a toda a gente?
- O que faria em concreto para «diminuir a desigualdade social» entre os portugueses?
- Não tendo maioria absoluta, com quem negociaria a aprovação dos Orçamentos?

Uma coisa é certa:
Manuel Alegre pode ser uma invulgar e inultrapassável referência da nossa democracia.

Mas uma coisa é a «poesia política», outra é o pragmatismo de quem tem de tomar decisões e de lidar com situações precisas e bem concretas de um determinado estado de coisas que existe, e que não pode ser ignorado.

Uma coisa é aparecer na televisão a papaguear a «vertente social» e que «isto está mal», ou a constatar «este estado de coisas» ou «o descontentamento das pessoas», que obviamente toda a gente que tem olhos na cara está a ver também.
Mas outra coisa bem diferente é dizer-nos o que faria para modificar tudo isso.
E, se virmos bem, Manuel Alegre nem uma palavra nos diz sobre o assunto.

Manuel Alegre é um poeta e um emérito democrata.
Mas é também um lírico ingénuo. Que nem sequer conhece os dossiers sobre que se pronuncia.

Mais do que isso, Manuel Alegre está infectado por um esquerdismo irrealista que tão bem o liga ao Bloco de Esquerda, com quem tem descoberto tantas afinidades nos últimos tempos.

Nessa alucinação, que não é de esquerda mas sim miseravelmente «esquerdista», Manuel Alegre já aparece a acolher acriticamente o slogan mais trauliteiro, mais cínico e vazio de significado do Bloco de Esquerda, que todos os dias vemos repetido (tantas vezes naquele tom de corneta baixinho e soprado de Francisco Louçã) da Assembleia da República às Assembleias Municipais e que se poderá talvez resumir nesta singela frase:

- Não podem ser as pessoas a pagar isto; tem de ser o Estado!

O que é pior, é que Manuel Alegre já nem se apercebe do miserabilismo político e intelectual que esta frase só por si significa.


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

 

Um Fumo de Racionalismo



No «Expresso» deste fim-de-semana o bom do João Carlos Espada decidiu obsequiar-nos com alguns conselhos sobre os livros que acha que devíamos ler nesta quadra solsticial.

Diz ele a certa altura:
«A religião é, ou devia ser, uma esfera em que o Estado fica à porta. Isso mesmo nos recordou Joseph Ratzinger em “Fé e Futuro”.
«Keith Ward, professor de Oxford e feloow da British Academy, apresenta um argumento racionalista (popperiano) sobre “Why There Almost Certainly Is a God”.
«Sobre o mesmo tema escreve João César das Neves em “Deixem-me Falar-vos do Impossível»
.

Admitamos que João Carlos Espada tem um dom absolutamente espantoso: ´
- É que não é nada fácil dizer tanta cretinice com tão poucas palavras.

Mas não deve ser só isso. Eu não sei o que é que o João Carlos Espada anda a fumar às escondidas. Mas o que ele fuma está estragado com toda a certeza!

Começa o Espada por dizer que a religião é uma esfera em que o Estado fica à porta.
Pois claro que é. E tanto que é, que até o Papa acha que sim.
Então não é? Que suprema idiotia seria o Estado legislar sobre a configuração das missas ou de quaisquer outras cerimónias religiosas.
Que inigualável cretinice seria, por exemplo, o Governo português, ao legislar sobre o divórcio, decretar igualmente a possibilidade da dissolução da vertente religiosa do casamento católico.

Pois é:
Só é pena que o Espada, enquanto acha que o Estado não se deve imiscuir nos assuntos da religião, não ache também que a religião não se deve meter nos assuntos do Estado.
Quisesse o Espada deixar de ser intelectualmente desonesto, haveria de criticar, por exemplo, a recente tentativa da Igreja Católica de modificar a formulação do novo regime do divórcio – obviamente do divórcio civil.

Mas isso era pedir-lhe demais, não era?

Mas a coisa vai tendo ainda mais piada:
De seguida, o Espada destapa uma vez mais o profundo complexo de inferioridade que traz de arrasto consigo para todo o lado. É que o Espada gostava de ser racionalista; mas o Diabo… é que não consegue!

Então, quando tem uma recaída, o Espada não hesita: faz de conta.
E é assim, enganando-se a si próprio, que o João Carlos Espada deve adormecer todos os dias, agora de consciência tranquila.

Desta vez o nosso Espada tem mesmo o arrojo de pegar num livro de Keith Ward e de classificar – vejam só (!) – como “racionalista” um argumento sobre a probabilidade… da existência de Deus.

E como para reforçar essa coisa lindíssima que é o “racionalismo” de uma argumentação teológica, o nosso João Carlos pega na espada e, qual Zorro num campo de papoilas, saltita alegremente sobre a lógica e diz-nos que o tal argumento racionalista é um «argumento racionalista popperiano».

Talvez nunca se saiba o que é que o João Carlos Espada e o Karl Popper andaram por aí a fumar juntos.
Mas, uma vez mais, não deve ter sido coisa boa.

Mas enfim:
Se o João Carlos Espada não consegue encontrar mais argumentos racionalistas sem ser os que foram debitados por esse emérito “filósofo da ciência” que foi Karl Popper, isso é lá com ele.

Mas então, era bom que contasse nos seus textos que esse fantástico “filósofo da ciência” que foi Popper ainda em 1976 se declarava um acérrimo crítico de Charles Darwin e da sua teoria da evolução pela selecção natural.

Sem sequer se dar ao trabalho de disfarçar a sua ignorância dos mais básicos ensinamentos de Darwin, Karl Popper classificava o evolucionismo como «um mero programa de pesquisa metafísica» e também como «tautológico», tendo então passado a ser o guru dos criacionistas de todo o mundo.
E, claro está, de João Carlos Espada.

Finalmente, e para fechar com chave de ouro, o nosso espadachim do racionalismo resolve ir buscar um livro que para si constitui o exemplo final desse tal «argumento racionalista popperiano».

O autor?
Ah! Mas que outro poderia ser?
Isso mesmo: João César das Neves!
O título também não poderia ser outro: “Deixem-me Falar-vos do Impossível”.

Que belo exemplo não é?
De facto, que melhor exemplo poderia o João Carlos Espada ir buscar para ilustrar a admiração intelectual que tem por Karl Popper, para nos mostrar o que verdadeiramente pensa sobre o criacionismo e, enfim, qual o peculiar conceito que tem sobre o racionalismo, que não um livro de João César das Neves que disserta piedosamente sobre… o impossível?...

Mas o que será que o João Carlos espada anda a fumar, que o deixa assim?
Será… incenso?...


sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

 

A Auto-Avaliação



Segundo o «Público», depois da última reunião com os sindicatos a ministra da Educação declarou que pretende prosseguir o seu modelo de avaliação de desempenho dos professores «com as medidas de simplificação já anunciadas».

Perante o insucesso das conversações «os sindicatos decidiram manter a greve agendada para o dia 19 de Janeiro e vão fazer circular, a partir de amanhã, uma petição nas escolas, em defesa da suspensão da avaliação».

Como seria de esperar, «os sindicatos não apresentaram nenhuma proposta verdadeiramente alternativa para a avaliação dos professores».
Na verdade, a proposta apresentada pelos sindicatos não contempla a observação de aulas, não prevê o envolvimento da direcção da escola e nem sequer qualquer possibilidade de distinção do mérito.


De facto, nada há de novo:
Os professores portugueses continuam a persistir intransigentemente numa proposta de avaliação do seu desempenho que se baseia fundamentalmente na sua... «auto-avaliação».


Senhora ministra: por favor, não desista!


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

 

Como se entala um homofóbico



Neste pequeno filme podemos ver uma entrevista de Jon Stewart a Mike Huckabee.

Governador do Estado do Arkansas de 1996 a 2007, Michael Dale "Mike" Huckabee é agora um frustrado ex-candidato às eleições primárias republicanas para a presidência dos Estados Unidos e um famoso ministro da convenção das igrejas baptistas americanas.

Curiosamente, a entrevista de Jon Stewart é feita a propósito do lançamento do livro «Do The Right Thing» da autoria de Mike Huckabee, em que este defende o princípio de que toda a gente devia tratar os outros do modo como gostaria de ser tratado.

Como é bom de ver, em duas penadas Jon Stewart mostra bem como é fácil entalar um homofóbico, quem nem sequer se apercebe de que já perdeu a lucidez no meio da hipocrisia da sua alucinação religiosa.


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

 

Os comunistas que temos



O jornalista cubano Ricardo Gonzalez Alfonso foi escolhido pelo júri dos «Repórteres Sem fronteiras» como o “Jornalista do Ano 2008”, como reconhecimento pelos seus esforços pela sobrevivência de uma imprensa livre em Cuba.

Ricardo González, que foi preso em 2003 juntamente com outros 26 jornalistas dissidentes, foi condenado a 20 anos de cadeia acusado de atentado à independência e à integridade territorial cubana.

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O prémio «Media 2008» foi concedido pelo júri dos «Repórteres Sem fronteiras» aos jornalistas norte-coreanos da “Radio Free NK”, como recompensa pela sua coragem e determinação na denúncia das atrocidades do regime “necrocrático” de Kim Jong Il, apesar das constantes perseguições e ameaças de morte, que só não têm sido concretizadas graças à permanente protecção das autoridades da Coreia do Sul.

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É inegável o significado político – e também humano – da atribuição destes prémios, que chamam inequivocamente a atenção para os regimes ditatoriais e torcionários que ainda vão permanecendo um pouco por esse mundo fora.

E é precisamente a propósito desse significado político e humanista que interessará conhecer as posições dos partidos políticos portugueses a propósito dos regimes de Cuba e da Coreia do Norte, destacados agora por estes prémios dos «Repórteres Sem fronteiras».

Vejamos então qual a posição política do Partido Comunista Português, revelada oficialmente nas «teses» – que foram até aprovadas por unanimidade – no seu Congresso de há escassos 8 dias.

A mais actual posição oficial do P.C.P. é pois a seguinte:

«…em Cuba… na República Democrática Popular da Coreia… prosseguem batalhas decisivas para o futuro desses povos e para a estabilidade nas respectivas regiões que merecem a activa solidariedade dos comunistas portugueses».
«A solidariedade com Cuba socialista é um imperativo de todas as forças revolucionárias e amantes da paz».

«…papel de resistência à «nova ordem» imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista – Cuba, China, Vietname, Laos e República Democrática Popular da Coreia».

Imaginemos.
Imaginemos então que o Partido Comunista Português conquistava o poder em Portugal e passava a determinar a vida e os destinos políticos do nosso país.

Não me refiro agora às tácticas de persistente desgaste partidário da Fenprof, às aldrabices utilizadas como oposição às reformas laborais ou sequer às longas greves de mera oportunidade política de oposição à contratação privada de serviços camarários de recolha de lixo.

Falo da política que é globalmente defendida pelos comunistas portugueses, no que se refere ao sistema político e macroeconómico em geral e, muito principalmente, aos direitos fundamentais dos cidadãos e ao seu direito à Democracia, à liberdade de expressão e a todos os direitos fundamentais que estão actualmente consagrados na Constituição da República Portuguesa.

Então, pelo que vemos defendido tão claramente pelo próprio P.C.P. e adoptado – por unanimidade – como princípios básicos da política que os comunistas preconizariam para Portugal se fossem poder, nem é preciso muita imaginação para vermos em que espécie de regime Portugal se transformaria.

Basta olharmos para o que se passa em Cuba ou na Coreia do Norte a quem o P.C.P. atribui «um papel de resistência à “nova ordem” imperialista» e que tanto merecem «a activa solidariedade dos comunistas portugueses».

O que é surpreendente é haver na Europa do século XXI quem defenda um regime belicista e alucinado que na prática ultrapassa de longe a própria imaginação de George Orwell, como é o regime da Coreia do Norte, cujo presidente «vitalício» e oficialmente deificado é ainda Kim Il Sung, apesar de ter morrido há mais de uma década.

Surpreendente ainda, é alguém ser capaz de olhar para a foto de Ricardo Gonzalez Alfonso o repórter cubano condenado a 20 anos de cadeia por delito de opinião e, ainda assim, ter coragem suficiente para preconizar para Portugal um regime político como o de Cuba.

*

Assim, e após esta brilhante clarificação das suas «teses» aprovadas por unanimidade no seu Congresso, quando na próxima campanha eleitoral vir um dos meus concidadãos a empunhar uma bandeira da U.R.S.S. e a apelar ao voto no P.C.P., ao olhar então para a foto de Ricardo Gonzalez Alfonso já me será muito mais fácil imaginar qual o destino que me estaria pessoalmente reservado se em Portugal o poder político estivesse entregue ao Partido Comunista Português.


sábado, 6 de dezembro de 2008

 

O Credo dos Apóstolos





quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

 

A Greve dos Médicos



Os médicos portugueses estiveram hoje em greve.

Segundo Mário Azinheira, o secretário-geral da federação dos sindicatos dos médicos, a FenMed, a greve foi um sucesso esmagador e revela bem a fortíssima união e a inequívoca oposição de toda a classe médica às políticas do ministério de Ana Jorge.

De acordo com a FenMed a adesão dos médicos portugueses a esta greve chegou a cerca de 96%, um número histórico e nunca antes visto nas lutas sindicais em Portugal.
Esta adesão significa sem dúvida um claro aviso à ministra da Saúde para que ponha um fim imediato a sua intransigência e ao actual sistema de avaliação de desempenho dos médicos.

A FenMed é clara: a luta dos médicos não cessará enquanto o Ministério da Saúde não suspender o actual sistema de avaliação de desempenho e o substituir por uma avaliação que dignifique a classe.

Nem sequer quando é confrontado com o acordo de princípio celebrado com a ministra da Saúde há escassos 6 meses o secretário-geral da FenMed hesita por um momento: "simplesmente mudámos de ideias", afirma Mário Azinheira.
E acrescenta: "é completamente falso que os médicos não queiram ser avaliados".

De facto, a FenMed tem proposto nos últimos dias um sistema de avaliação de desempenho alternativo ao sistema ministerial, que Mário Azinheira classifica de “muito simples”:

- Em primeiro lugar deixa de haver essa coisa iníqua e abstrusa que é um médico avaliar outro médico. Os colegas estão unidos e não se deixam instrumentalizar; pô-los a avaliarem-se uns aos outros está absolutamente fora de questão.

- Depois, não se entende a teimosia da ministra em pretender que os resultados do desempenho dos médicos contem para a sua avaliação. Pretender isso é ignorar as precárias condições de trabalho com que os médicos todos os dias se deparam, e a completa falta de apoios do ministério.
Na verdade, não é possível confrontar um médico com os resultados do seu trabalho, ou com os sucessos ou insucessos dos seus diagnósticos ou das suas prescrições, quando é sabido que muitos médicos estão sujeitos a serviços de “banco” de 24 horas seguidas.

- Também não é admissível que continue o sistema de «consultas de substituição» implementado pelo Ministério da Saúde. Se um médico tem de faltar ao seu trabalho, isso não quer dizer que os doentes tenham de ser atendidos por outro médico, só porque este não está naquele momento a dar consultas.

- Terá igualmente de terminar a obrigatoriedade de os médicos permanecerem nos Hospitais durante o seu horário de trabalho. Com efeito, os médicos não podem dar mais do que 16 horas semanais de consultas e muito menos de desgastantes intervenções cirúrgicas.
Não é possível que o Ministério da Saúde continue a ignorar que os médicos têm de preparar as consultas e as operações, têm de ver as análises, depois disso ainda têm de estar presentes em reuniões de trabalho com os chefes de serviço e com os directores dos Hospitais, e ainda por cima têm de preencher uma resma interminável de relatórios e de fichas clínicas.
"Esta papelada é uma burocracia insustentável", afirmam os médicos. E ainda por cima há que preencher as fichas das doenças de comunicação obrigatória que vão aparecendo. Um autêntico pesadelo!

- Resultado, os médicos não têm tempo para se actualizar, para estudar ou para ir a congressos profissionais, o que desde sempre têm feito por sua conta e risco, sem o menor reconhecimento e apoio por parte das entidades ministeriais.
Uma conhecida médica afirmou mesmo: antes de ser implementado este sistema, quando vinha para o Hospital nem sentia que vinha trabalhar! Agora há dias em que chego a casa quase às 4 da tarde, vejam só, e até o meu filho já me diz: só agora?

- É que os médicos também são seres humanos e querem estar de pleno direito na sua profissão porque têm família, porque têm filhos e precisam de tempo para eles.

- Antes ainda havia alguns cursos de formação reconhecidos pelo Ministério da Saúde e de inegável interesse pessoal e profissional para os médicos portugueses, como sejam os cursos de Arraiolos, de aromaterapia, de "reiki", de "feng-shui", etc. Agora nem isso!

- Os médicos portugueses estão também unidos na sua pretensão de continuarem como até agora: a concentração das suas 16 horas de consultas semanais em quatro dias, de modo a poderem ter um dia de folga por semana, nem que isso se reflicta nos horários das consultas e obrigue os doentes a estarem nos Hospitais de manhã à noite.

- Também não se entende a intransigência da ministra que quer acabar com o sistema de férias dos médicos, que constitui um inequívoco direito por si adquirido ao longo de muitos anos: a interrupção das consultas e das intervenções cirúrgicas de 18 de Dezembro a 6 de Janeiro, uma semana no Carnaval, mais 15 dias por ocasião da Páscoa e, finalmente, de 15 de Junho a 15 de Setembro, o que mal passa os quatro meses de férias, período manifestamente insuficiente para os médicos retemperarem as suas forças do esgotante trabalho que desempenham.

- Pretendem ainda os médicos que as suas carreiras sejam divididas em 10 escalões, com subida automática de 2 em 2 anos ao escalão seguinte, e obviamente com a correspondente actualização salarial.

- Quanto à avaliação de desempenho propriamente dita, a proposta da FenMed é bem clara:
O médico a ser avaliado faz uma «auto-avaliação». A explicação para este sistema de avaliação é muito simples, uma vez que a auto-avaliação resulta de uma profunda reflexão do médico que está a ser avaliado.

- Então, depois dessa auto-avaliação, cada médico reúne-se em conjunto com os restantes médicos do seu serviço e, agora em conjunto, fazem todos uma reflexão conjunta, de que resulta então uma «co-avaliação».
Mas atenção: é uma co-avaliação em que não se põem os médicos uns contra os outros, nem ninguém dá notas a ninguém, o que seria denegrir a classe dos médicos, pois que os colegas não se avaliam uns aos outros.

- Como é óbvio, depois da reflexão conjunta e da co-avaliação, cada um dos médicos volta a fazer uma reflexão por ele próprio, e assim termina a sua avaliação de desempenho, que é a única forma de avaliação que os médicos portugueses admitem: a auto-avaliação.

E a esmagadora adesão à greve fala por si: 96% dos médicos portugueses estão unidos e estão a favor e apoiam inequivocamente este sistema de auto-avaliação de desempenho da sua classe profissional.

Por isso, assegura a FenMed, os portugueses que estejam doentes e que precisem de ir ao médico para uma consulta ou até mesmo para serem operados podem estar descansados:
- A sua saúde e até a sua vida estão em boas mãos; a dignidade profissional e a incontestável competência dos médicos portugueses estão perfeitamente asseguradas!




Pois é:
Senhora Ministra: por favor, não desista!


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

 

O Orgulho de Ser Católico



A França, que ocupa actualmente a presidência da União Europeia, irá apresentar na ONU um projecto no sentido de promover a despenalização universal da homossexualidade.

Contudo, segundo o «El País», o observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, o monsenhor Celestino Migliore, declarou já que se opõe terminantemente ao projecto.

Porque, explica este eminente católico, com esta proposta se está a pedir aos Estados e às Organizações Internacionais «que acrescentem novas categorias protegidas de discriminações sem se levar em linha de conta que, se isso acontecer, se criarão novas e implacáveis discriminações».

Quer isto dizer que o Vaticano continua a defender que tudo fique como está, e que os homossexuais continuem a ser perseguidos criminalmente, presos, torturados e até condenados à morte, tal como ainda acontece em tantos países de mundo.

Uma coisa é certa:

Não consigo entender como é que alguém pode arrogar-se, tantas vezes com orgulho, ser membro desta tenebrosa organização que dá pelo nome de Igreja Católica Apostólica Romana.


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