segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Um Fumo de Racionalismo
No «Expresso» deste fim-de-semana o bom do João Carlos Espada decidiu obsequiar-nos com alguns conselhos sobre os livros que acha que devíamos ler nesta quadra solsticial.
Diz ele a certa altura:
«A religião é, ou devia ser, uma esfera em que o Estado fica à porta. Isso mesmo nos recordou Joseph Ratzinger em “Fé e Futuro”.
«Keith Ward, professor de Oxford e feloow da British Academy, apresenta um argumento racionalista (popperiano) sobre “Why There Almost Certainly Is a God”.
«Sobre o mesmo tema escreve João César das Neves em “Deixem-me Falar-vos do Impossível».
Admitamos que João Carlos Espada tem um dom absolutamente espantoso: ´
- É que não é nada fácil dizer tanta cretinice com tão poucas palavras.
Mas não deve ser só isso. Eu não sei o que é que o João Carlos Espada anda a fumar às escondidas. Mas o que ele fuma está estragado com toda a certeza!
Começa o Espada por dizer que a religião é uma esfera em que o Estado fica à porta.
Pois claro que é. E tanto que é, que até o Papa acha que sim.
Então não é? Que suprema idiotia seria o Estado legislar sobre a configuração das missas ou de quaisquer outras cerimónias religiosas.
Que inigualável cretinice seria, por exemplo, o Governo português, ao legislar sobre o divórcio, decretar igualmente a possibilidade da dissolução da vertente religiosa do casamento católico.
Pois é:
Mas não deve ser só isso. Eu não sei o que é que o João Carlos Espada anda a fumar às escondidas. Mas o que ele fuma está estragado com toda a certeza!
Começa o Espada por dizer que a religião é uma esfera em que o Estado fica à porta.
Pois claro que é. E tanto que é, que até o Papa acha que sim.
Então não é? Que suprema idiotia seria o Estado legislar sobre a configuração das missas ou de quaisquer outras cerimónias religiosas.
Que inigualável cretinice seria, por exemplo, o Governo português, ao legislar sobre o divórcio, decretar igualmente a possibilidade da dissolução da vertente religiosa do casamento católico.
Pois é:
Só é pena que o Espada, enquanto acha que o Estado não se deve imiscuir nos assuntos da religião, não ache também que a religião não se deve meter nos assuntos do Estado.
Quisesse o Espada deixar de ser intelectualmente desonesto, haveria de criticar, por exemplo, a recente tentativa da Igreja Católica de modificar a formulação do novo regime do divórcio – obviamente do divórcio civil.
Mas isso era pedir-lhe demais, não era?
Mas a coisa vai tendo ainda mais piada:
De seguida, o Espada destapa uma vez mais o profundo complexo de inferioridade que traz de arrasto consigo para todo o lado. É que o Espada gostava de ser racionalista; mas o Diabo… é que não consegue!
Então, quando tem uma recaída, o Espada não hesita: faz de conta.
E é assim, enganando-se a si próprio, que o João Carlos Espada deve adormecer todos os dias, agora de consciência tranquila.
Desta vez o nosso Espada tem mesmo o arrojo de pegar num livro de Keith Ward e de classificar – vejam só (!) – como “racionalista” um argumento sobre a probabilidade… da existência de Deus.
E como para reforçar essa coisa lindíssima que é o “racionalismo” de uma argumentação teológica, o nosso João Carlos pega na espada e, qual Zorro num campo de papoilas, saltita alegremente sobre a lógica e diz-nos que o tal argumento racionalista é um «argumento racionalista popperiano».
Talvez nunca se saiba o que é que o João Carlos Espada e o Karl Popper andaram por aí a fumar juntos.
Mas, uma vez mais, não deve ter sido coisa boa.
Mas enfim:
Quisesse o Espada deixar de ser intelectualmente desonesto, haveria de criticar, por exemplo, a recente tentativa da Igreja Católica de modificar a formulação do novo regime do divórcio – obviamente do divórcio civil.
Mas isso era pedir-lhe demais, não era?
Mas a coisa vai tendo ainda mais piada:
De seguida, o Espada destapa uma vez mais o profundo complexo de inferioridade que traz de arrasto consigo para todo o lado. É que o Espada gostava de ser racionalista; mas o Diabo… é que não consegue!
Então, quando tem uma recaída, o Espada não hesita: faz de conta.
E é assim, enganando-se a si próprio, que o João Carlos Espada deve adormecer todos os dias, agora de consciência tranquila.
Desta vez o nosso Espada tem mesmo o arrojo de pegar num livro de Keith Ward e de classificar – vejam só (!) – como “racionalista” um argumento sobre a probabilidade… da existência de Deus.
E como para reforçar essa coisa lindíssima que é o “racionalismo” de uma argumentação teológica, o nosso João Carlos pega na espada e, qual Zorro num campo de papoilas, saltita alegremente sobre a lógica e diz-nos que o tal argumento racionalista é um «argumento racionalista popperiano».
Talvez nunca se saiba o que é que o João Carlos Espada e o Karl Popper andaram por aí a fumar juntos.
Mas, uma vez mais, não deve ter sido coisa boa.
Mas enfim:
Se o João Carlos Espada não consegue encontrar mais argumentos racionalistas sem ser os que foram debitados por esse emérito “filósofo da ciência” que foi Karl Popper, isso é lá com ele.
Mas então, era bom que contasse nos seus textos que esse fantástico “filósofo da ciência” que foi Popper ainda em 1976 se declarava um acérrimo crítico de Charles Darwin e da sua teoria da evolução pela selecção natural.
Mas então, era bom que contasse nos seus textos que esse fantástico “filósofo da ciência” que foi Popper ainda em 1976 se declarava um acérrimo crítico de Charles Darwin e da sua teoria da evolução pela selecção natural.
Sem sequer se dar ao trabalho de disfarçar a sua ignorância dos mais básicos ensinamentos de Darwin, Karl Popper classificava o evolucionismo como «um mero programa de pesquisa metafísica» e também como «tautológico», tendo então passado a ser o guru dos criacionistas de todo o mundo.
E, claro está, de João Carlos Espada.
Finalmente, e para fechar com chave de ouro, o nosso espadachim do racionalismo resolve ir buscar um livro que para si constitui o exemplo final desse tal «argumento racionalista popperiano».
O autor?
Ah! Mas que outro poderia ser?
Isso mesmo: João César das Neves!
O título também não poderia ser outro: “Deixem-me Falar-vos do Impossível”.
Que belo exemplo não é?
De facto, que melhor exemplo poderia o João Carlos Espada ir buscar para ilustrar a admiração intelectual que tem por Karl Popper, para nos mostrar o que verdadeiramente pensa sobre o criacionismo e, enfim, qual o peculiar conceito que tem sobre o racionalismo, que não um livro de João César das Neves que disserta piedosamente sobre… o impossível?...
Mas o que será que o João Carlos espada anda a fumar, que o deixa assim?
Será… incenso?...