quarta-feira, 17 de novembro de 2004
O Muro de Berlim
Tal como estava fatalmente previsto, foi hoje anunciada a indicação de Jerónimo de Sousa para próximo secretário geral do Partido Comunista Português.
Esta nomeação vem deitar por terra as mais remotas esperanças de qualquer espécie de renovação partidária, já que ela corresponde, uma vez mais, à vitória da mais conservadora e ortodoxa tendência do Comité Central do partido.
Faz até lembrar os últimos anos da União Soviética (ao que parece ainda hoje vista por muita gente como o “Sol da Terra”), com as sucessivas e anunciadas nomeações para a liderança dos mais fieis seguidores do regime: Estaline, Brejnev, Andropov, Chernenko e Gromiko. Até que, finalmente, se chegou a Mikhail Gorbachov.
E ainda que esta teimosa “persistência” esteja a levar ao progressivo esvaziamento do partido – não só em termos eleitorais, mas cada vez mais em termos programáticos - que conduzem a autênticas “escorregadelas ideológicas” que acabam inevitavelmente em referências muito “simpáticas” a Fidel Castro e até mesmo… à Coreia do Norte.
Esta nomeação foi mesmo vista por Edgar Correia como uma autêntica “farsa política”, e como significando para o partido somente “mais do pior”.
E significa, afinal, que no próprio interior do P.C.P. o “Muro de Berlim” está ainda orgulhosamente de pé e de muito “boa saúde”.
E profundamente escorado na mais conservadora ortodoxia das estruturas do partido, e na sua mais tradicional… COERÊNCIA…