terça-feira, 9 de novembro de 2004
A ajuda desinteressada
.
Foi encontrada qualquer coisa de “maldoso” no post que versava sobre a propagação do vírus da SIDA em África, e que intitulei «A desproporção de valores», .
Achei curioso o argumento do Rodrigo de que a Igreja não tem o direito nem a autoridade de proibir seja o que for, seja a quem for.
Este é o seu primeiro equívoco!
Que não tenha o “direito”, lá nisso estamos de acordo.
Mas que tem a “autoridade” – lá isso tem.
Porque não existe só autoridade temporal; existe também autoridade espiritual (ou "autoridade moral”, se quisermos ser mais prosaicos) e que, frequentemente, é até mais forte e determinante que a primeira.
Porque é preciso não esquecer que, ao contrário do o Rodrigo refere, são precisamente as pessoas dotadas de maior “fervor clerical” que são incapazes de distinguir «ordens de recomendações, influência de autoritarismo e doutrina de legislação».
E são precisamente as mais vulneráveis às recomendações “espirituais” que lhes são feitas – como as “queimas de preservativos” que referi.
Também não entendo o argumento de que a Igreja não faz distinções geográficas nas «recomendações» que faz sobre o preservativo, sobre as relações monogâmicas, a santidade do matrimónio ou a simples... castidade.
Como se a mera persistência ou a coerência geográfica fizessem de um acto asinino uma atitude recomendável...
Finalmente, já só faltava ver o recorrente argumento de que a Igreja é também responsável por um enorme trabalho humanitário em África.
Achei curioso o argumento do Rodrigo de que a Igreja não tem o direito nem a autoridade de proibir seja o que for, seja a quem for.
Este é o seu primeiro equívoco!
Que não tenha o “direito”, lá nisso estamos de acordo.
Mas que tem a “autoridade” – lá isso tem.
Porque não existe só autoridade temporal; existe também autoridade espiritual (ou "autoridade moral”, se quisermos ser mais prosaicos) e que, frequentemente, é até mais forte e determinante que a primeira.
Porque é preciso não esquecer que, ao contrário do o Rodrigo refere, são precisamente as pessoas dotadas de maior “fervor clerical” que são incapazes de distinguir «ordens de recomendações, influência de autoritarismo e doutrina de legislação».
E são precisamente as mais vulneráveis às recomendações “espirituais” que lhes são feitas – como as “queimas de preservativos” que referi.
Também não entendo o argumento de que a Igreja não faz distinções geográficas nas «recomendações» que faz sobre o preservativo, sobre as relações monogâmicas, a santidade do matrimónio ou a simples... castidade.
Como se a mera persistência ou a coerência geográfica fizessem de um acto asinino uma atitude recomendável...
Finalmente, já só faltava ver o recorrente argumento de que a Igreja é também responsável por um enorme trabalho humanitário em África.
Uma enorme «ajuda desinteressada»!
No entanto, sem sequer falar na destruição cultural que esse “enorme trabalho” frequentemente também significa, também aqui relembro que o período da História recente em que a Alemanha mais se desenvolveu foi de 1933 a 1939: a produção industrial cresceu exponencialmente; fizeram-se pontes, auto-estradas inovadoras, terminou a enorme recessão que vinha já da 1ª Guerra e do Tratado de Versailles, não havia desemprego, criaram-se famosas organizações culturais e de juventude...
Era chanceler um sujeito chamado Adolf Hitler.
Não é preciso dizer mais nada, pois não?
Nem tudo o que luz é ouro, pois não?
No entanto, sem sequer falar na destruição cultural que esse “enorme trabalho” frequentemente também significa, também aqui relembro que o período da História recente em que a Alemanha mais se desenvolveu foi de 1933 a 1939: a produção industrial cresceu exponencialmente; fizeram-se pontes, auto-estradas inovadoras, terminou a enorme recessão que vinha já da 1ª Guerra e do Tratado de Versailles, não havia desemprego, criaram-se famosas organizações culturais e de juventude...
Era chanceler um sujeito chamado Adolf Hitler.
Não é preciso dizer mais nada, pois não?
Nem tudo o que luz é ouro, pois não?
A «ajuda desinteressada» não desculpa as incontáveis vidas humanas inquisitorialmente ASSASSINADAS em nome de uma encíclica papal, pois não?
Só mais uma coisa: nesta pequena comparação entre o nazismo e a Igreja poderia muito bem ter utilizado a célebre e significativa expressão «salvaguardadas as devidas proporções».
Não o fiz.
Propositadamente!