segunda-feira, 21 de junho de 2010
O Homem da Bomba de Gasolina
É tão simples como isto:
Portugal devia à memória de José Saramago uma representação ao mais alto nível no seu funeral.
Ora, se o artigo 120º da Constituição da República Portuguesa determina que o Presidente da República representa a República Portuguesa, então o Presidente Aníbal Cavaco Silva deveria ter estado no funeral de José Saramago.
E não esteve.
É o Presidente que temos: ora se envolve em querelas mesquinhas com jornais, ora em manobras político-constitucionais de baixo nível, ou então promulga uma lei com que não concorda nem política nem ideologicamente, com uma explicação cretina e absolutamente abaixo de cão.
Um verdadeiro Estadista teria assumido uma atitude política vertical e coerente com os seus princípios, e teria vetado a lei do casamento homossexual; um badameco qualquer promulgou-a considerando que o seu veto seria um gesto político inútil e, pasme-se, pouco consentâneo com a “crise”.
Um verdadeiro Homem de Estado teria comparecido em representação do povo que o elegeu no funeral de um dos mais brilhantes homens da cultura portuguesa, galardoado com o Prémio Nobel; o mesmo badameco optou por continuar umas férias de família à distância de um par de horas de voo e, como um qualquer Sousa Lara, preferiu desonrar a memória de quem merece a consideração da maioria do povo português.
Mas talvez tenha sido melhor assim:
Se Saramago merecia uma representação ao mais alto nível, talvez tenha sido melhor Cavaco Silva não ter comparecido…