quarta-feira, 29 de julho de 2009
A Filiação Partidária
A filiação partidária não é algo que se deva simplesmente ao acaso.
Mais do que a partilha de meia dúzia de ideais inscritos num programa eleitoral, a filiação partidária significa a comunhão de princípios básicos de uma determinada filosofia política, social, cultural, etc.
Mas principalmente ética.
Provavelmente só um militante partidário acrítico e fanático partilhará de todos os princípios filosóficos e programáticos do partido de que é militante ou simpatizante.
Mas uma coisa é certa: a comunhão partidária e a colocação de um voto numa urna por parte de uma qualquer pessoa certamente lhe exigem uma partilha dos mais básicos princípios fundamentais com o partido com quem diz identificar-se ideologicamente.
Ora, a filosofia política de qualquer partido define-se, mais do que pela leitura do seu programa, pela sua História mais recente e, principalmente, pela construção diária dos seus princípios éticos, que nos vão sendo transmitidos pelas posições fundamentais que os seus principais líderes vão quotidianamente definindo.
Vem isto a propósito da notícia da proposta de revisão constitucional aprovada conjuntamente e por unanimidade pelo PSD, pelo CDS/PP e pelo MPT na Assembleia Regional da Madeira.
E o que essa notícia nos transmite já é mais significativo do que as costumeiras palhaçadas de Alberto João Jardim e da ausência de dignidade institucional e de sentido de Estado com que vai fazendo reféns os titulares dos restantes Órgãos de Soberania, enquanto meia dúzia de sabujos o vão aplaudindo cobardemente, com medo de perderem as suas preciosas sinecuras e o seu lugar à mesa do Orçamento Regional.
Desta vez, entre outros dislates, como a eliminação da alusão ao "Estado Unitário", propõe-se a par da proibição do fascismo, já inscrita no texto constitucional, a pura e simples proibição do comunismo.
Repare-se que não se pretende a eliminação da actual proibição constitucional do fascismo. Isso, eu até entenderia, que não vejo grandes e fundamentais diferenças entre o fascismo e o comunismo.
Mas o que é significativo é estarmos perante a definição agora historicamente actualizada da filosofia política de três partidos políticos, entre os quais o PSD (que pode bem ser Governo em Portugal dentro de um par de meses - longe vá o agoiro!), e que num Estado de Direito, numa democracia ocidental, pretendem implementar a proibição de uma ideologia partilhada por uma percentagem significativa da população portuguesa, à bela maneira de Salazar, Franco ou Hitler, que tão boa companhia fazem a Lenine, Estaline ou Brejnev.
É este, pois, o PSD que temos.
É esta a sua ideologia e é esta a sua filosofia política, tal como elas nos vão sendo definidas e muito bem esclarecidas pelos seus responsáveis estatutários.
Só resta saber quem se identifica com isto…
Só resta saber quem se identifica com isto…