quarta-feira, 20 de maio de 2009

 

O Trigo e o Joio



Uma professora da Escola Básica 2,3 Sá Couto, em Espinho, de seu nome Josefina Rocha, está suspensa e enfrenta agora um processo disciplinar por falar com os alunos de questões sexuais e das suas vidas privadas «de forma inadequada», incluindo grosseiras alusões a orgias e à vida sexual dos alunos.

As afirmações da professora ficaram conhecidas de todo o país depois de terem sido gravadas por uma aluna durante uma aula.

Ora, é por demais óbvio que o comportamento desta professora indicia uma personalidade perturbada e, segundo as próprias palavras da ministra da Educação, "não é corrente, nem normal, nem de regra".

Pois não.
Mas o problema não é esse!

O problema é que tudo indica que o comportamento desta professora era comentado jocosamente em toda a escola e há muito que era já do conhecimento de toda a gente, incluindo do Conselho Executivo.

E, no entanto, o que é facto é que ninguém fez absolutamente nada, e foi preciso que uma aluna gravasse uma aula para que alguma coisa fosse feita, e para que o Conselho Executivo suspendesse a professora e deixasse finalmente de conviver pacificamente com este autêntico escândalo.

O problema é que se a aula não tivesse sido gravada, a professora continuaria a dar as suas aulas «normalmente», ano após ano.

O problema é que não é aceitável que a dignidade de toda uma classe profissional de prestígio fique manchada pelo comportamento errático e excepcional de uma professora obviamente perturbada.

O problema é que tem mesmo de haver um sistema qualquer de avaliação de desempenho dos professores que de forma célere e eficaz distinga os bons dos maus profissionais: e que premeie os melhores e expulse os incompetentes. E, pelos vistos, também... os “perturbados”.

O problema é que perante um modelo de avaliação que vai sendo implementado pelo Ministério da Educação, os professores portugueses continuam reféns de jogadas político-partidárias dos Sindicatos, de objectivos manifestamente eleitoralistas, e a pretender teimosamente que a avaliação dos professores se faça através de «uma auto-avaliação precedida de uma reflexão».

E, no caso desta professora de Espinho, está-se mesmo a ver qual seria o resultado da sua auto-avaliação precedida da sua própria reflexão…

Senhora ministra: por favor, não desista!




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