quarta-feira, 12 de novembro de 2008

 

Poderão 120.000 professores estar errados?



O «Portugal Diário» dá conta que os professores da Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, «suspenderam a avaliação de desempenho» e ainda que na próxima quinta-feira se realizará «uma reunião de conselhos executivos do distrito para uma posição conjunta sobre o processo».

Uma coisa é certa:
Em todo este processo da avaliação do seu desempenho, a primeira coisa que os professores já perderam foi a serenidade que lhes seria exigível para lidar com o caso.
Tanto, que enquanto acusam a ministra de «intransigência» os professores já nem admitem as opiniões que sejam contrárias aos seus interesses corporativos (por muito erradas que elas sejam) sem reagirem violentamente e insultando tudo e todos, seja na rua seja simplesmente… nas caixas de comentários dos blogues.

Não me interessa agora saber se os professores querem ou não ser avaliados ou se a avaliação que preconizam é essa coisa peregrina a que chamam «auto-avaliação».
Também não me interessa saber agora quão bom ou mau será o sistema de avaliação implementado pelo ministério e quais as melhorias que o mesmo é susceptível de ainda aceitar, ou sequer quais os acordos que os sindicatos da classe têm vindo a desonrar.

Nem vale a pena conjecturar sobre até que ponto os professores estão ou não a ser infantilmente manipulados por dois ou três partidos políticos, em troca de uma mão-cheia de votos.

Porque, no meio do cego entusiasmo que lhes trouxeram as gigantescas manifestações que conseguiram reunir, é absolutamente inequívoco que os professores perderam já também o sentido do ridículo, de que nem se apercebem que estão a fazer associar à sua própria profissão.

E agora, pelos vistos, os professores perderam até a lucidez.

Porque o que os professores resolveram acriticamente tolerar, e até acatar, é que meia-dúzia de alucinados, agora embriagados pelos números das manifestações e saudosos dos seus «bons velhos tempos», voltem a reunir-se em plenários revolucionários e, como se representassem toda a classe, decidam no exercício das suas funções desobedecer e agir contra as leis que lhes foram democraticamente instituídas e que, certas ou erradas, fazem parte do meu Estado de Direito.

E isso eu não posso admitir!

No dia 19 de Julho de 1975 estive na manifestação da Fonte Luminosa e nesses tais «bons velhos tempos» fui demasiadas vezes para a Faculdade com matracas debaixo do casaco simplesmente porque militava num partido político que não era classificado como «suficientemente revolucionário» pelo actual presidente da Comissão Europeia.

Já vivi tempo mais do que suficiente em países dominados por este tipo de energúmenos que decidem na rua a sua própria legalidade em «plenários populares revolucionários», para sequer pensar em tolerar ou admitir que o meu país volte a viver «esses bons velhos tempos».

Será mesmo que 120.000 professores poderão estar todos enganados?
A resposta só pode ser uma: não interessa agora se estão ou não enganados; mas claro que podem!
E a História bem o demonstra.

E, se não estiverem enganados, então que lutem!
Que se manifestem, que façam greves, que gritem. Que se indignem.
Sim, que lutem!
Mas que lutem dentro da legalidade. Tanto assim que o podem fazer livremente.
Chama-se a isso DEMOCRACIA!

Que se lixe agora a porcaria da avaliação dos professores ou o Estatuto da Carreira Docente.

Mas se uma luta pelos interesses corporativos de uma classe profissional, seja ela certa ou errada, seja ela justa ou injusta, de repente se transforma numa ameaça à legalidade e ao Estado de Direito democrático do meu país, então eu só posso dizer:

- Senhora ministra: por favor, não desista!




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