quinta-feira, 16 de outubro de 2008
O Rego de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo
Pelo «Arrastão» fico a saber que o Sr. João Rego de Carvalho, ilustre deputado do PSD à Assembleia Municipal de Odivelas, fez uma lindíssima declaração de voto numa moção sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Disse assim o tal Rego:
«O casamento é um sacramento instituído por Deus Nosso Senhor Jesus Cristo para ser celebrado entre um homem e uma mulher.
«E não é as ideias esquisitas que algumas pessoas, que entendo que têm uma formação deficiente, querem fazer impor à sociedade que vai alterar esta circunstância.
«Deus colocou no Paraíso um Homem e uma Mulher, não colocou dois paneleiros ou duas lésbicas».
A imbecilidade desta declaração está até acima de qualquer qualificação e só poderia provir mesmo de um lorpa como este Rego, eleito deputado municipal de Odivelas nas últimas eleições autárquicas pelas listas... da Igreja Católica.
Um Rego que deputa por aí que eu, por exemplo, tenho «ideias esquisitas» e «uma formação deficiente».
No entanto, é um Rego que revela uma alucinada perturbação mística que, quem sabe, não estará certamente dissociada de uma patológica disfunção decorrente de um Complexo de Édipo mal resolvido, ainda por cima com as dores atrozes que aquele cilício lhe deve causar, coitado.
Por isso, é impossível não associar esta indignidade a algumas das mais célebres declarações que até meados do século passado foram sendo proferidas a propósito do casamento inter-racial.
Como é por demais óbvio, trata-se de realidades diferentes. É verdade.
Mas também é verdade que, no fim, as discriminações são todas iguais e um imbecil é sempre um imbecil.
Na verdade, a iluminada declaração de voto deste ilustre e odivelense Rego, emérito intérprete das verdadeiras intenções de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, em nada fica a dever à brilhante sentença proferida por um juiz do Estado norte-americano da Virgínia que em 1967 condenou Mildred e Richard Loving pelo «crime de casamento inter-racial».
Uma sentença que ficará para sempre na História como uma das maiores cretinices que podem alguma vez ser proferidas por um ser humano (passe a expressão), e que reza mais ou menos assim:
«Permitir o casamento entre pessoas de raças diferentes significaria necessariamente a degradação do casamento convencional, uma instituição que merece admiração em vez de execração»
«Deus todo-poderoso criou as raças branca, negra, amarela, malaia e vermelha e colocou-as em continentes diferentes. E se não tivéssemos interferido com esta disposição nem sequer estaríamos agora a falar de casamento entre pessoas de raças diferentes.
«O facto de ter separado as raças demonstra bem que Deus não queria que as raças se misturassem».
Uma coisa é certa:
Um dia, uma a uma, terminarão todas as discriminações, e a Razão e a Ética finalmente prevalecerão.
Talvez este tipo de gente devesse meditar no facto de que, nesse dia, todas as pessoas dotadas de um mínimo de humanidade e de decência pensarão sobre todos os «Regos de Odivelas» o que hoje já quase unanimemente pensam sobre aquele juiz da Virgínia.
Porque nesse dia será escrita a História das discriminações entre os Homens, e nela ficarão para sempre escritas as ignomínias em que energúmenos como este juiz da Virgínia ou este Rego de Odivelas têm vindo a chafurdar, e irracionalmente persistem em inscrever nas suas mais vergonhosas, abjectas e nojentas páginas.
«Deus colocou no Paraíso um Homem e uma Mulher, não colocou dois paneleiros ou duas lésbicas».
A imbecilidade desta declaração está até acima de qualquer qualificação e só poderia provir mesmo de um lorpa como este Rego, eleito deputado municipal de Odivelas nas últimas eleições autárquicas pelas listas... da Igreja Católica.
Um Rego que deputa por aí que eu, por exemplo, tenho «ideias esquisitas» e «uma formação deficiente».
No entanto, é um Rego que revela uma alucinada perturbação mística que, quem sabe, não estará certamente dissociada de uma patológica disfunção decorrente de um Complexo de Édipo mal resolvido, ainda por cima com as dores atrozes que aquele cilício lhe deve causar, coitado.
Por isso, é impossível não associar esta indignidade a algumas das mais célebres declarações que até meados do século passado foram sendo proferidas a propósito do casamento inter-racial.
Como é por demais óbvio, trata-se de realidades diferentes. É verdade.
Mas também é verdade que, no fim, as discriminações são todas iguais e um imbecil é sempre um imbecil.
Na verdade, a iluminada declaração de voto deste ilustre e odivelense Rego, emérito intérprete das verdadeiras intenções de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, em nada fica a dever à brilhante sentença proferida por um juiz do Estado norte-americano da Virgínia que em 1967 condenou Mildred e Richard Loving pelo «crime de casamento inter-racial».
Uma sentença que ficará para sempre na História como uma das maiores cretinices que podem alguma vez ser proferidas por um ser humano (passe a expressão), e que reza mais ou menos assim:
«Permitir o casamento entre pessoas de raças diferentes significaria necessariamente a degradação do casamento convencional, uma instituição que merece admiração em vez de execração»
«Deus todo-poderoso criou as raças branca, negra, amarela, malaia e vermelha e colocou-as em continentes diferentes. E se não tivéssemos interferido com esta disposição nem sequer estaríamos agora a falar de casamento entre pessoas de raças diferentes.
«O facto de ter separado as raças demonstra bem que Deus não queria que as raças se misturassem».
Uma coisa é certa:
Um dia, uma a uma, terminarão todas as discriminações, e a Razão e a Ética finalmente prevalecerão.
Talvez este tipo de gente devesse meditar no facto de que, nesse dia, todas as pessoas dotadas de um mínimo de humanidade e de decência pensarão sobre todos os «Regos de Odivelas» o que hoje já quase unanimemente pensam sobre aquele juiz da Virgínia.
Porque nesse dia será escrita a História das discriminações entre os Homens, e nela ficarão para sempre escritas as ignomínias em que energúmenos como este juiz da Virgínia ou este Rego de Odivelas têm vindo a chafurdar, e irracionalmente persistem em inscrever nas suas mais vergonhosas, abjectas e nojentas páginas.