sexta-feira, 25 de julho de 2008
O homofóbico "mais ou menos", o discriminador "selectivo" e a estupidez "imperdoável".
«Casamentos “gay”, o debate e a estupidez» é o título do artigo Henrique Monteiro publicado no «Expresso» do passado sábado.
O artigo começa logo mal com Henrique Monteiro a dizer uma coisa assim:
«Antes que venha a ILGA, ou outro qualquer lóbi "gay", acusar-me da costumeira homofobia…»
É que quando ouço alguém começar por proclamar o seu próprio liberalismo mesmo antes de dizer qualquer coisa, é certo e sabido que o que se segue não augura nada de bom.
Querem ver?
Diz Henrique Monteiro logo a seguir:
«…sou, no geral, contra qualquer discriminação…»
Pois é.
É isso mesmo: Henrique Monteiro diz que é contra qualquer discriminação.
Mas será que ele é mesmo contra “toda” e “qualquer” discriminação?
Ah! Isso é que não!
Também não exageremos.
Henrique Monteiro é contra qualquer discriminação mas, como ele próprio diz, só «no geral».
O que isto quer dizer é que «no particular» Henrique Monteiro pelos vistos já não é contra qualquer discriminação.
Por outras palavras, Henrique Monteiro afinal é a favor da discriminação, embora só em «casos particulares».
Posto isto, e para que não restem dúvidas, Henrique Monteiro explica melhor e então defende:
«…a possibilidade de os casais homossexuais terem mais ou menos os mesmos direitos do que os outros casais».
Eu não disse que aquele começo não augurava nada de bom?
Pois é:
Henrique Monteiro que assumiu corajosa e desassombradamente que afinal é a favor da discriminação, embora só em «casos particulares», acha que os casais homossexuais devem ter os mesmos direitos do que os «outros casais».
Mas será que são «todos» os direitos?
Serão mesmo, mesmo «todos» os direitos»?
Ah! Isso é que não!
Também não exageremos.
Henrique Monteiro acha que os casais homossexuais devem ter «mais ou menos» os mesmos direitos do que os outros casais.
Claro está que Henrique Monteiro se esqueceu de dizer quem é que define o que é que é isso de «mais ou menos» quando se trata de direitos fundamentais dos cidadãos.
Talvez um dia Henrique Monteiro seja a pessoa indicada para explicar aos portugueses o que são «os mais e os menos» dos direitos fundamentais dos cidadãos: pois não vimos já que Henrique Monteiro é «no geral» contra qualquer discriminação?...
Ou seja, a conclusão só pode ser uma:
Afinal Henrique Monteiro não é um homofóbico total; é homofóbico, sim, mas é só um homofóbico… «mais ou menos».
Mas, além disso, é também uma pessoa que quando discrimina os outros cidadãos não o faz à toa, e não discrimina assim toda a gente: Henrique Monteiro é uma pessoa que discrimina sim, mas com um certo e determinado critério, porque só discrimina em casos muito «particulares», que ele escolhe cuidadosamente.
E a provar que é uma pessoa de critério, Henrique Monteiro até nos diz que pelos vistos lhe faz impressão «a discriminação que sofreria uma criança entregue a um casal homossexual».
É de facto um critério como outro qualquer. Se isso lhe faz impressão e acha isso condenável, pronto estamos conversados.
Mas será que ele é mesmo contra “toda” e “qualquer” discriminação?
Ah! Isso é que não!
Também não exageremos.
Henrique Monteiro é contra qualquer discriminação mas, como ele próprio diz, só «no geral».
O que isto quer dizer é que «no particular» Henrique Monteiro pelos vistos já não é contra qualquer discriminação.
Por outras palavras, Henrique Monteiro afinal é a favor da discriminação, embora só em «casos particulares».
Posto isto, e para que não restem dúvidas, Henrique Monteiro explica melhor e então defende:
«…a possibilidade de os casais homossexuais terem mais ou menos os mesmos direitos do que os outros casais».
Eu não disse que aquele começo não augurava nada de bom?
Pois é:
Henrique Monteiro que assumiu corajosa e desassombradamente que afinal é a favor da discriminação, embora só em «casos particulares», acha que os casais homossexuais devem ter os mesmos direitos do que os «outros casais».
Mas será que são «todos» os direitos?
Serão mesmo, mesmo «todos» os direitos»?
Ah! Isso é que não!
Também não exageremos.
Henrique Monteiro acha que os casais homossexuais devem ter «mais ou menos» os mesmos direitos do que os outros casais.
Claro está que Henrique Monteiro se esqueceu de dizer quem é que define o que é que é isso de «mais ou menos» quando se trata de direitos fundamentais dos cidadãos.
Talvez um dia Henrique Monteiro seja a pessoa indicada para explicar aos portugueses o que são «os mais e os menos» dos direitos fundamentais dos cidadãos: pois não vimos já que Henrique Monteiro é «no geral» contra qualquer discriminação?...
Ou seja, a conclusão só pode ser uma:
Afinal Henrique Monteiro não é um homofóbico total; é homofóbico, sim, mas é só um homofóbico… «mais ou menos».
Mas, além disso, é também uma pessoa que quando discrimina os outros cidadãos não o faz à toa, e não discrimina assim toda a gente: Henrique Monteiro é uma pessoa que discrimina sim, mas com um certo e determinado critério, porque só discrimina em casos muito «particulares», que ele escolhe cuidadosamente.
E a provar que é uma pessoa de critério, Henrique Monteiro até nos diz que pelos vistos lhe faz impressão «a discriminação que sofreria uma criança entregue a um casal homossexual».
É de facto um critério como outro qualquer. Se isso lhe faz impressão e acha isso condenável, pronto estamos conversados.
Só que não entendo onde é que Henrique Monteiro foi buscar essa de que uma criança «entregue» a um casal homossexual é discriminada. Nos casos que conheço, isso nunca aconteceu e talvez muitos adultos devessem receber algumas lições de crianças que convivem normal e pacificamente com colegas e amigos filhos de homossexuais.
Também não entendo por que é que então Henrique Monteiro não defende que se devam retirar as crianças que estejam ao cuidado de pais que de repente se descubra que são homossexuais.
Mas o que não entendo mesmo é por que é que já não faz impressão ao Henrique Monteiro e já não é «condenável» vermos milhares de crianças internadas em instituições, tantas vezes em condições miseráveis, pacientemente à espera que algum dia algum casal as ache «dignas» de serem adoptadas, e que às vezes até façam parte de uma espécie de exposição de crianças, como se fossem bonecos em prateleiras de um supermercado, enquanto um qualquer casal – heterossexual, claro está – lhes vai passando à frente e as vai analisando cuidadosamente de alto a baixo, uma a uma, enquanto diz: esta não, esta não, esta não, esta não, esta talvez…
Depois, e como não podia deixar de ser, Henrique Monteiro começa a meter os pés pelas mãos e entala a foice na seara alheia quando diz que «uma lei de coabitação bem feita poderá perfeitamente servir».
Henrique Monteiro afinal não sabe o que diz. O que é pena (e dele não esperava, confesso), principalmente vindo da parte do director de um jornal de tanta expansão e responsabilidade.
É pena que Henrique Monteiro não saiba, nem se tenha informado, que uma «união de facto» pode ter sempre algumas (poucas e esparsas) consequências e tutela jurídica. Mas nunca deixará de ser mais do que isso: uma «união de facto».
Porque no dia em que for uma «união de direito» passa a chamar-se… isso mesmo: casamento!
Porque «de facto» e «de jure» não são propriamente a mesma coisa…
Mas como Henrique Monteiro não percebe isto, e é um discriminador criteriosamente selectivo e um homofóbico somente de casos particulares, quer transformar a «união de facto» em «união de direito», embora mantenha o nome de… «união de facto».
Só que mantendo este nome de «união de facto», este novo tipo de casamento poderia então servir de «casamento» para os homossexuais.
E cá tínhamos o problema resolvido, e não havia cá misturas: bastava não mais do que um bocadinho quase nada de homofobia, e assim só uma discriminaçãozinha de nada.
E pronto: cá temos o Henrique Monteiro a descobrir a pólvora e a desmontar e a fazer desmoronar como um castelo de cartas esta «agenda escondida» que é a adopção de crianças por homossexuais.
Um génio escondido, este Henrique Monteiro!
Querem ver?
Vejam só o que ele diz:
«Se se permitir todos os direitos menos o da adopção não se pode chamar a essa junção 'casamento'»
«Isso seria de uma estupidez imperdoável».
E é bem a propósito disto da «estupidez imperdoável» que alguém devia dizer ao Henrique Monteiro que a adopção não só não é proibida a casais que vivem em união de facto, como até é permitida a famílias monoparentais.
O que é engraçado é que em Portugal já nada na lei ACTUAL proíbe que uma criança seja adoptada por um casal homossexual que viva em união de facto, ou até por um homossexual que viva sozinho.
E tantos que eu conheço…
Mais ainda, ao mesmo tempo alguém lhe devia explicar que nenhum casamento passa a ser uma autorização automática para adoptar, uma espécie de «alvará de adopção», nem mesmo para os casais heterossexuais. Acima de tudo isso está esta coisa muito simples que se chama… interesse da criança!
Mas principalmente algum amigo mais chegado devia ter a comiseração de dizer ao Henrique Monteiro que mesmo que se chame «estupidez imperdoável» ao argumento de que «se se permitir todos os direitos menos o da adopção não se pode chamar a essa junção 'casamento'», ainda assim não passa despercebido às pessoas que este argumento só existe se antes se partir do princípio já previamente dado como estabelecido que os casais homossexuais… não podem adoptar.
E isso, obviamente, está bem longe de estar estabelecido.
Talvez então o que seja uma «estupidez imperdoável» seja não perceber nada disto.
Ou talvez seja também uma «estupidez imperdoável» pensar que é possível alguém ser uma espécie de «homofóbico mais ou menos» ou um «discriminador selectivo».
Isso seria, de facto, de uma «estupidez imperdoável»!
Também não entendo por que é que então Henrique Monteiro não defende que se devam retirar as crianças que estejam ao cuidado de pais que de repente se descubra que são homossexuais.
Mas o que não entendo mesmo é por que é que já não faz impressão ao Henrique Monteiro e já não é «condenável» vermos milhares de crianças internadas em instituições, tantas vezes em condições miseráveis, pacientemente à espera que algum dia algum casal as ache «dignas» de serem adoptadas, e que às vezes até façam parte de uma espécie de exposição de crianças, como se fossem bonecos em prateleiras de um supermercado, enquanto um qualquer casal – heterossexual, claro está – lhes vai passando à frente e as vai analisando cuidadosamente de alto a baixo, uma a uma, enquanto diz: esta não, esta não, esta não, esta não, esta talvez…
Depois, e como não podia deixar de ser, Henrique Monteiro começa a meter os pés pelas mãos e entala a foice na seara alheia quando diz que «uma lei de coabitação bem feita poderá perfeitamente servir».
Henrique Monteiro afinal não sabe o que diz. O que é pena (e dele não esperava, confesso), principalmente vindo da parte do director de um jornal de tanta expansão e responsabilidade.
É pena que Henrique Monteiro não saiba, nem se tenha informado, que uma «união de facto» pode ter sempre algumas (poucas e esparsas) consequências e tutela jurídica. Mas nunca deixará de ser mais do que isso: uma «união de facto».
Porque no dia em que for uma «união de direito» passa a chamar-se… isso mesmo: casamento!
Porque «de facto» e «de jure» não são propriamente a mesma coisa…
Mas como Henrique Monteiro não percebe isto, e é um discriminador criteriosamente selectivo e um homofóbico somente de casos particulares, quer transformar a «união de facto» em «união de direito», embora mantenha o nome de… «união de facto».
Só que mantendo este nome de «união de facto», este novo tipo de casamento poderia então servir de «casamento» para os homossexuais.
E cá tínhamos o problema resolvido, e não havia cá misturas: bastava não mais do que um bocadinho quase nada de homofobia, e assim só uma discriminaçãozinha de nada.
E pronto: cá temos o Henrique Monteiro a descobrir a pólvora e a desmontar e a fazer desmoronar como um castelo de cartas esta «agenda escondida» que é a adopção de crianças por homossexuais.
Um génio escondido, este Henrique Monteiro!
Querem ver?
Vejam só o que ele diz:
«Se se permitir todos os direitos menos o da adopção não se pode chamar a essa junção 'casamento'»
«Isso seria de uma estupidez imperdoável».
E é bem a propósito disto da «estupidez imperdoável» que alguém devia dizer ao Henrique Monteiro que a adopção não só não é proibida a casais que vivem em união de facto, como até é permitida a famílias monoparentais.
O que é engraçado é que em Portugal já nada na lei ACTUAL proíbe que uma criança seja adoptada por um casal homossexual que viva em união de facto, ou até por um homossexual que viva sozinho.
E tantos que eu conheço…
Mais ainda, ao mesmo tempo alguém lhe devia explicar que nenhum casamento passa a ser uma autorização automática para adoptar, uma espécie de «alvará de adopção», nem mesmo para os casais heterossexuais. Acima de tudo isso está esta coisa muito simples que se chama… interesse da criança!
Mas principalmente algum amigo mais chegado devia ter a comiseração de dizer ao Henrique Monteiro que mesmo que se chame «estupidez imperdoável» ao argumento de que «se se permitir todos os direitos menos o da adopção não se pode chamar a essa junção 'casamento'», ainda assim não passa despercebido às pessoas que este argumento só existe se antes se partir do princípio já previamente dado como estabelecido que os casais homossexuais… não podem adoptar.
E isso, obviamente, está bem longe de estar estabelecido.
Talvez então o que seja uma «estupidez imperdoável» seja não perceber nada disto.
Ou talvez seja também uma «estupidez imperdoável» pensar que é possível alguém ser uma espécie de «homofóbico mais ou menos» ou um «discriminador selectivo».
Isso seria, de facto, de uma «estupidez imperdoável»!