terça-feira, 22 de julho de 2008
O dinheiro ao serviço da insanidade
Sir John Marks Templeton
(29 de Novembro de 1912 – 8 de Julho de 2008)
John Templeton, falecido no passado dia 8 de Julho, foi um dos mais famosos homens de negócios e filantropo e talvez um dos homens mais ricos do mundo.
Nascido no seio de uma família pobre do Tennessee, Templeton soube como ninguém tirar partido das jogadas financeiras e bolsistas americanas, e partindo de um pequeno empréstimo de 10.000 dólares criou uma das maiores empresas de consultoria de Wall Street, que mais tarde vendeu com um lucro astronómico.
Logo depois criou uma nova empresa, desta vez em Nassau, que uma vez mais se tornou uma das maiores do mundo.
John Templeton sempre atribuiu o seu invulgar sucesso nos negócios ao seu desenvolvimento espiritual e a uma inquebrantável fé cristã.
Não é por isso de estranhar que grande parte das suas actividades filantrópicas se dirigisse para os assuntos religiosos – independentemente da religião que estivesse em causa – e para a criação da «Templeton Foundation» que patrocinava os estudos que contribuíssem para as “descobertas espirituais” e subsidiava sem hesitação todas as pesquisas que lhe aparecessem à frente com esses objectivos.
O próprio John Templeton definiu os objectivos da sua Fundação:
Tentar persuadir as pessoas de que nenhum ser humano alcançou ainda sequer 1% da sua capacidade de percepção das «realidades espirituais» e ainda tentar encorajar as pessoas com tal objectivo a passar a usar os mesmos métodos da Ciência, já que estes se têm demonstrado tão eficazes e produtivos noutras áreas.
Mas sempre com o objectivo de demonstrar cientificamente as tais «realidades espirituais».
Em 1972 instituiu ainda o «Prémio Templeton» destinado a fomentar o progresso das pesquisas e das descobertas na área das «realidades espirituais», e que todos os anos premiava com aproximadamente 1 milhão de euros (quantia superior à do Prémio Nobel) quem se distinguisse no aprofundamento da percepção humana da divindade e contribuísse para o desenvolvimento da criatividade divina.
Um dos mais famosos estudos científicos que John Templeton subsidiou com um significativo número de milhões de dólares – e que provavelmente terá sido o mais famoso – visava demonstrar com inegável rigor científico «o poder da oração» e a sua contribuição para a eficácia da medicina e, assim, a prova inequívoca de que Deus, quando convenientemente solicitado, intervém realmente na cura das pessoas doentes.
E foi de facto um estudo muito simples, e terá decerto sido a fé de todos aqueles que nele colaboraram que permitiu que ninguém temesse sequer sair dali coberto de ridículo:
Foi monitorizado um grupo de 1802 pacientes de seis hospitais que tinham sido sujeitos a cirurgias cardíacas.
Os pacientes foram divididos em 3 grupos:
- O primeiro grupo de pessoas era agraciado com fervorosas orações, que eram levadas a cabo por grupos de voluntários de vários pontos dos Estados Unidos, mas ninguém dizia nada a qualquer dos pacientes;
- O segundo grupo de pessoas (o grupo de controle científico) não tinha direito a quaisquer orações, e também ninguém lhes dizia rigorosamente nada;
- O terceiro grupo era beneficiado com orações, sendo agora todas as pessoas perfeitamente informadas do que se estava a passar, isto é, que havia vários grupos de voluntários a rezar pelas suas melhoras.
Para que não houvesse enganos e para que o controle científico fosse mais rigoroso, foram distribuídas aos voluntários listagens das pessoas doentes, contendo o seu primeiro nome completo e a inicial do seu último nome. Para Deus deveria ser suficiente para as identificar.
Os resultados deste estudo foram publicados na edição de Abril de 2006 do «American Heart Journal» e foram claros como água: nenhuma diferença havia afinal entre os pacientes agraciados com orações e os pacientes que não tinham tido essa sorte.
Que surpresa!
Mas o estudo revelou uma novidade surpreendente: entre os dois diferentes grupos de pacientes que tinham sido ambos agraciados com orações havia de facto uma significativa diferença, mais exactamente entre o grupo de pessoas que sabia que estavam a rezar por elas e o grupo de pessoas que não fazia disso a mínima ideia.
O curioso é que o estudo demonstrou que as pessoas que de facto sabiam que alguém estava a rezar por elas pioraram e sofreram muito mais complicações pós-operatórias do que aquelas que nada sabiam.
Que surpresa!
Não sei se algum dos «cientistas» agraciados com os milhões de Templeton lhe teria explicado que o efeito «perverso» causado nas pessoas doentes por tão fervorosas orações a Deus Nosso Senhor se deveria provavelmente à ansiedade e ao stress causado nessas pessoas, que assim poderão ter concluído que estavam em pior condição física do que antes pensavam.
Também não sei se algum desses eméritos homens de «ciência» com tantos milhões à disposição para tão brilhantes e extraordinárias pesquisas científicas teria dito a John Templeton o que deveria pensar se o estudo tivesse por acaso vindo a demonstrar a eficácia e o poder das orações na cura das pessoas doentes.
Antes de gastar o seu dinheiro neste estudo imbecil talvez Templeton devesse ter dado ouvidos ao comediante americano Bob Newhart que imaginou (mais coisa menos coisa) uma das pessoas que não tinham sido beneficiadas com as orações a rezar assim:
- Então, meu Deus o que é isto?
Quer isto dizer que tu vais curar as outras pessoas e só para ajudares a porcaria da experiência a mim não me vais curar porque faço parte do grupo de controle?
Então o gajo da cama aqui ao lado, que teve a sorte de ter mil pessoas a rezar por ele, mesmo sem saber se ele é uma boa ou má pessoa, vai e safa-se.
E eu, só porque tive o azar de cair no grupo errado, pimba, não me safo.
E então as orações da minha tia não te chegam? Logo ela que vai à missa todos os Domingos e tudo.
Era preciso haver mais pessoas a rezar por mim para as orações fazerem efeito?
Quantas, meu Deus?...
Mas sempre com o objectivo de demonstrar cientificamente as tais «realidades espirituais».
Em 1972 instituiu ainda o «Prémio Templeton» destinado a fomentar o progresso das pesquisas e das descobertas na área das «realidades espirituais», e que todos os anos premiava com aproximadamente 1 milhão de euros (quantia superior à do Prémio Nobel) quem se distinguisse no aprofundamento da percepção humana da divindade e contribuísse para o desenvolvimento da criatividade divina.
Um dos mais famosos estudos científicos que John Templeton subsidiou com um significativo número de milhões de dólares – e que provavelmente terá sido o mais famoso – visava demonstrar com inegável rigor científico «o poder da oração» e a sua contribuição para a eficácia da medicina e, assim, a prova inequívoca de que Deus, quando convenientemente solicitado, intervém realmente na cura das pessoas doentes.
E foi de facto um estudo muito simples, e terá decerto sido a fé de todos aqueles que nele colaboraram que permitiu que ninguém temesse sequer sair dali coberto de ridículo:
Foi monitorizado um grupo de 1802 pacientes de seis hospitais que tinham sido sujeitos a cirurgias cardíacas.
Os pacientes foram divididos em 3 grupos:
- O primeiro grupo de pessoas era agraciado com fervorosas orações, que eram levadas a cabo por grupos de voluntários de vários pontos dos Estados Unidos, mas ninguém dizia nada a qualquer dos pacientes;
- O segundo grupo de pessoas (o grupo de controle científico) não tinha direito a quaisquer orações, e também ninguém lhes dizia rigorosamente nada;
- O terceiro grupo era beneficiado com orações, sendo agora todas as pessoas perfeitamente informadas do que se estava a passar, isto é, que havia vários grupos de voluntários a rezar pelas suas melhoras.
Para que não houvesse enganos e para que o controle científico fosse mais rigoroso, foram distribuídas aos voluntários listagens das pessoas doentes, contendo o seu primeiro nome completo e a inicial do seu último nome. Para Deus deveria ser suficiente para as identificar.
Os resultados deste estudo foram publicados na edição de Abril de 2006 do «American Heart Journal» e foram claros como água: nenhuma diferença havia afinal entre os pacientes agraciados com orações e os pacientes que não tinham tido essa sorte.
Que surpresa!
Mas o estudo revelou uma novidade surpreendente: entre os dois diferentes grupos de pacientes que tinham sido ambos agraciados com orações havia de facto uma significativa diferença, mais exactamente entre o grupo de pessoas que sabia que estavam a rezar por elas e o grupo de pessoas que não fazia disso a mínima ideia.
O curioso é que o estudo demonstrou que as pessoas que de facto sabiam que alguém estava a rezar por elas pioraram e sofreram muito mais complicações pós-operatórias do que aquelas que nada sabiam.
Que surpresa!
Não sei se algum dos «cientistas» agraciados com os milhões de Templeton lhe teria explicado que o efeito «perverso» causado nas pessoas doentes por tão fervorosas orações a Deus Nosso Senhor se deveria provavelmente à ansiedade e ao stress causado nessas pessoas, que assim poderão ter concluído que estavam em pior condição física do que antes pensavam.
Também não sei se algum desses eméritos homens de «ciência» com tantos milhões à disposição para tão brilhantes e extraordinárias pesquisas científicas teria dito a John Templeton o que deveria pensar se o estudo tivesse por acaso vindo a demonstrar a eficácia e o poder das orações na cura das pessoas doentes.
Antes de gastar o seu dinheiro neste estudo imbecil talvez Templeton devesse ter dado ouvidos ao comediante americano Bob Newhart que imaginou (mais coisa menos coisa) uma das pessoas que não tinham sido beneficiadas com as orações a rezar assim:
- Então, meu Deus o que é isto?
Quer isto dizer que tu vais curar as outras pessoas e só para ajudares a porcaria da experiência a mim não me vais curar porque faço parte do grupo de controle?
Então o gajo da cama aqui ao lado, que teve a sorte de ter mil pessoas a rezar por ele, mesmo sem saber se ele é uma boa ou má pessoa, vai e safa-se.
E eu, só porque tive o azar de cair no grupo errado, pimba, não me safo.
E então as orações da minha tia não te chegam? Logo ela que vai à missa todos os Domingos e tudo.
Era preciso haver mais pessoas a rezar por mim para as orações fazerem efeito?
Quantas, meu Deus?...