quinta-feira, 17 de abril de 2008

 

A Guerra Civil



Morrem mais de 3.000 pessoas por ano nas estradas portuguesas.
Quase 9 pessoas por dia!

Sucedem-se as campanhas de prevenção rodoviária: anúncios nas televisões, nos jornais, em outdoors. Vemos imagens de automóveis completamente desfeitos e depoimentos comoventes de pessoas marcadas para o resto da vida.
Mas tudo parece inútil. Nada resulta.É, de facto, uma autêntica GUERRA CIVIL!

Qual a causa deste autêntico morticínio?
Depois de viverem durante metade do século XX sob uma ditadura absolutamente imbecil onde era proibido falar, instalar uma fábrica, ou usar um isqueiro sem licença, criou-se nos portugueses a convicção de que as leis – todas as leis – são estúpidas e, por isso, só servem precisamente para serem violadas.
Se virmos bem não deixa de ser encarado como “perfeitamente normal” ter “um médico amigo” que nos permite faltar ao emprego e às vezes conseguir uma reforma antecipada, ou que concede um atestado para prorrogação da carta de condução a um velho gagá que anda em contramão nas auto-estradas, ter um dentista que nos “desdobra” os recibos verdes e até elogiamos o herói que consegue ir de Lisboa ao Porto em hora e meia.

É por isso que em Portugal a taxa de acidentes nunca descerá, por muitas campanhas de sensibilização que se façam.

Sejamos realistas: é um facto que, na grande generalidade dos casos, a violação do Código da Estrada não merece qualquer censura social dos nossos concidadãos.
Mas, paradoxalmente, há inúmeros comportamentos que, apesar de não serem legalmente proibidos, os portugueses evitam praticar, precisamente porque temem, não a polícia, mas simplesmente a censura das demais pessoas que os rodeiam.

Se fugimos aos impostos ou se “gamamos” um chocolate, porque será que não passamos à frente da fila do Multibanco?
Somente por um único motivo: porque tememos que as outras pessoas comecem a vociferar um qualquer «ouve lá ó palhaço, vai p’rá bicha!».

Do mesmo modo, a taxa de acidentes rodoviários em Portugal só descerá quando for pelo menos tão censurável ultrapassar numa curva ou conduzir com 1,5 de alcoolemia, como o é passar à frente da bicha do supermercado.
E é isso que as autoridades têm de compreender!

Jamais resultará qualquer campanha que mostre acidentados em cadeiras de rodas.
Já aqui o disse há uns tempos: só terá resultados uma campanha que ensine os portugueses a censurar socialmente os condutores que fazem asneiras à sua frente - de modo a que temam essa censura!

Que lhes ensine um "código", um gesto, uma espécie de “insulto padrão” que seja generalizado, e que os condutores passem a “temer” mais até do que temem a própria Brigada de Trânsito, principalmente se isso puser em questão a sua virilidade.
Isso sim, seria absolutamente intolerável e significaria provavelmente o mesmo que o pior dos insultos. Qualquer coisa como: “vai p’rá bicha ó maricas!».

Foi isso precisamente que pensou o Governo australiano que lançou uma campanha publicitária por todo o país, onde se faz uma clara analogia entre o excesso de velocidade e todas as cavalidades rodoviárias com o tamanho do pénis dos condutores que as praticam.

Como se pode ver no filme abaixo, os anúncios mostram algumas mulheres a dobrar o dedo mindinho à passagem de condutores inconscientes, num gesto que faz uma clara associação e dá a entender que quem na estrada adopta estas atitudes tem na realidade um pénis pequeno.

O que é facto é que, segundo as autoridades australianas o anúncio tem-se revelado de uma eficácia extraordinária.

Porque não se faz entre nós uma campanha semelhante e se continua a gastar milhões em campanhas publicitárias completamente inúteis e sem qualquer resultado?





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