quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Foi por interesse ou foi por amor?…
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Estas são as recentes acusações do ministro Jaime Silva a Paulo Portas, referindo-se ao caso Portucale, à venda do Casino de Lisboa e às fotocópias tiradas no Ministério da Defesa antes de Portas deixar o Governo.
E como a melhor defesa é o ataque, Paulo Portas anunciou já, muito indignado e ofendido, que vai processar judicialmente o ministro por estas afirmações.
Mas o ministro Jaime Silva tem razão: Paulo Portas, tem muitas explicações a dar ao país e muitos comentários a fazer às escutas telefónicas com origem no caso Portucale e num processo judicial que misteriosamente marca passo e origina arquivamentos parcelares a arguidos de personalidade mais mediática, como Luís Nobre Guedes.
Mas há mais explicações a dar e não só da parte de Paulo Portas.
Também o ministro Jaime Silva, o ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira e o próprio Procurador Geral da República deveriam explicar-nos se em Portugal há afinal cidadãos de primeira e de segunda e por que motivo um qualquer cidadão, por exemplo um qualquer sujeito de nome Paulo de Sacadura Cabral Portas pode tirar fotocópias a milhares de documentos classificados do ministério da Defesa e levá-los para casa, quando tal direito não seria nunca concedido a qualquer outra pessoa.
E Paulo Portas, Telmo Correia e Santana Lopes têm ainda muito mais que explicar.
Enquanto o país galhofa distraído sobre o gosto e a origem dos projectos arquitectónicos e de engenharia feitos (ou assinados) pelo Primeiro-ministro há mais de vinte anos, finalmente a pressão mediática levou a Procuradoria Geral da República a acordar da sua letargia e a abrir um Inquérito por suspeitas de favorecimento à «Estoril–Sol».
E os factos concretos são tão simplesmente estes:
Por força da alteração do artigo 27º da Lei do Jogo, com uma redacção despudoradamente encomendada e sugerida ao Governo de Santana Lopes pela própria «Estoril–Sol», o edifício de propriedade originariamente estatal onde agora funciona o «Casino de Lisboa», não reverterá para o Estado no final da concessão, tal como teria de suceder antes da alteração da lei.
Num complexo jogo de interesses ilustrado por escutas telefónicas curiosíssimas, o que é facto é que Paulo Portas, Telmo Correia e Santana Lopes levaram a cabo uma alteração à lei através de uma redacção encomendada por quem dela veio beneficiar.
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E é a explicação deste benefício concreto a uma empresa privada, em detrimento dos interesses do Estado, que Paulo Portas, Telmo Correia e Santana Lopes têm de nos dar.
Porque, de facto, o benefício existiu e foi por eles concedido.
Agora só precisamos de saber se esse benefício foi concedido por interesse ou se foi simplesmente... por amor....