segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

 

«A Última a Morrer»



O abominável César das Neves dedica a sua homilia no «Diário de Notícias» desta segunda-feira à «esperança».

E de facto, o título que dá à sua prédica sobre a esperança não podia ser mais apropriado: «A Última a Morrer».

Pois bem:
A maior parte das vezes não vale a pena tecer grandes comentários às imbecilidades místicas que o beato das Neves bolsa na sua incansável procura de um lugar na vida eterna, nem que seja por troca com a sua própria dignidade enquanto pessoa humana.
Seria uma pura e simples perda de tempo.

Esta é uma dessas vezes.
Mas é irresistível não dizer duas ou três coisas: é que na sua fanática irracionalidade o César das Neves matou de vez a esperança que eu tinha de encontrar alguma réstia de lucidez lá no fundo desta «gente de fé».
Essa esperança podia ser a última a morrer, sim, mas... já morreu!

E não vale mesmo a pena tecer grandes considerações sobre o texto que escreve.
Bastará fazer duas breves citações:

- «A ânsia do progresso revelou-se no martírio da Igreja».
e
- «Porque razão o progresso tomou a Igreja como inimiga?».

Perante esta incomensurável cretinice, quem conheça o mínimo da História da Humanidade, que valeria a pena dizer?

É tão lorpa, tão néscio o César das Neves, que conseguiu mesmo atribuir à Igreja Católica a fundação das Universidades e a preservação da civilização!
Encarregues dessa nobre tarefa em prol do bem da Humanidade ficaram alguns «génios» que, enquanto «cristãos devotos» criaram em nome da Igreja, pasme-se... a ciência moderna!!!

No seu estupor de fé, o Neves tem mesmo a frieza, de citar alguns dos tais génios e devotos cristãos que, em nome da Igreja Católica, criaram a ciência e preservaram a civilização e tem mesmo o autêntico arrojo de, entre eles citar o próprio Galileu.
Cita mesmo Copérnico, cujo livro «De Revolutionibus Orbium Colelestium» esteve no «Index» dos livros proibidos pela Inquisição até nada menos do que 1835.

E se falou de Galileu, terá sido por esquecimento que não falou de um seu contemporâneo, Giordano Bruno?...

Numa palavra:
Em qualquer Estado de Direito digno desse nome o direito à liberdade religiosa tem forçosamente de merecer dignidade de protecção e garantia constitucionais. E é precisamente o que acontece em Portugal.
Que ninguém duvide que, sem qualquer sombra de dúvida ou sequer a mínima hesitação, considero o direito à liberdade religiosa como um dos mais fundamentais direitos dos cidadãos.

Reconheço, por isso, às «pessoas de fé» o seu direito a praticarem e a exercerem em condições de total liberdade os cultos que lá muito bem entendam.
Desde que não me chateiem, para mim está tudo bem.
Reconheço-lhes também, claro está, até o seu pleno direito a proferirem os dislates e as maiores barbaridades, tal como o ignaro do César das Neves o faz todas as segundas-feiras no «Diário de Notícias».

Tudo isso eu reconheço às «pessoas de fé».

Mas enquanto isso mesmo, enquanto «pessoas de fé», não me peçam é que as respeite!




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