segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Por um mundo mais livre e mais justo
É este precisamente o título que o abominável César das Neves dá à sua prédica do «Diário de Notícias» de hoje: “Por um mundo mais livre e mais justo”.
Já nem vale muito a pena fazer comentários sobre as crónicas deste simples e santo indivíduo.
Os seus delírios místicos e a sua perturbada visão do mundo revelam antes de mais uma personalidade nitidamente alucinada por uma qualquer tara sexual que ele não há meio de conseguir resolver.
De tal forma que os seus escritos já não pedem comentários; já só pedem pena!
Mas entre a embriagada religiosidade da sua crónica de hoje, talvez se imponha uma excepção e se exija um pequeno e singelo comentário.
É que o nosso cronista, casto e puro como as neves, resolveu desta vez fazer uma espécie de um apocalíptica ficção científica do mundo.
E, claro está, onde o sexo – sempre e sempre essa coisa maldita, suja, revoltante e que até dá vómitos só de pensar nisso, que é o sexo – ocupa uma vez mais lugar de destaque nas suas preocupações.
Como se o sexo fosse algo de que não consegue livrar-se, e que persiste em martelar-lhe constantemente as ideias, 24 horas por dia.
E onde até podemos encontrar em lugar de especial destaque nas suas alucinadas preocupações – vá-se lá saber porquê – a homossexualidade!
De tal forma, que entre os horrores do Apocalipse que nos anuncia, “prevê” para 2019 a atribuição do Prémio Nobel «a dois investigadores da Califórnia que identificaram a homossexualidade como a forma mais igualitária de matrimónio».
E é então que o seu futurismo de pesadelo termina, quase como se fosse um imenso orgasmo (ai, que palavra horrível!), que lhe tenha assim surgido de repente, e em incontroláveis catadupas de revelações, feitas numa visita muito privada do próprio Arcanjo Gabriel em pessoa, quando o nosso obreiro de Deus perora sobre «a tradição islâmico-judeu-cristã» e pelo lema que dá o título e o mote ao seu textículo: "Por um mundo mais livre e mais justo".
E é aqui que se impõe um pequeno comentário:
É curioso como é das palavras de um emérito Doutor da Igreja Católica (passe a expressão), como o é João César das Neves, que ficamos a saber que a Igreja Católica – e os católicos – defendem princípios e valores da «tradição islâmico-judeu-cristã».
Presumo então que corresponda aos valores e aos princípios dessa «tradição islâmico-judeu-cristã» o facto de o Arcebispo emérito de Boston, o Cardeal Bernard Law, depois de ter sido acusado da prática de crimes de pedofilia e de abuso sexual de dezenas e dezenas de crianças, e do crime de encobrimento de muitos outros praticados pelo clero católico, e de que teve conhecimento directo, crimes esses que confessou expressamente, se encontre agora refugiado no território do Estado do Vaticano, vivendo confortavelmente e em paz, livre da extradição que a justiça norte americana há anos exige.
Mais ainda:
Presumo também que o facto de o Cardeal Bernard Law ter sido nomeado pelo Papa João Paulo II, decerto pelos méritos e pelas características morais e pessoais que demonstrou, para altos cargos de renome e de prestígio na hierarquia do Vaticano, como Arcipreste da Basílica de “Santa Maria Maggiore”, como membro da Cúria Romana e de diversas congregações e até – vejam só – como presidente do “Conselho Pontifício para a Família”, o que é realmente adequado, para além de ter participado normalmente no conclave que elegeu Bento XVI, corresponda também aos valores e aos princípios dessa mesma... «tradição islâmico-judeu-cristã».
Presumo também que é esse o entendimento que João César das Neves, e todos os seus tão tradicionais colegas católicos, têm dessa coisa tão bonita e tão bela a que chamam.. «um mundo mais livre e mais justo»...