sexta-feira, 30 de novembro de 2007
«Não sei como é que isto se chama...»
É este o título que a Catarina dá a um texto que repete nos seus dois blogues: o «Já Tocou?» e o «As Minhas Histórias».
A querida Catarina ainda tem outro blogue, o «Mythologyas».
Nem sei como é que ela consegue ter tanto tempo para “administrar” três blogues...
Mas isso é lá com ela.
Pois bem, a querida Catarina, que é uma ilustre professora, queixa-se que anda estafada, coitada, dos dias escolares de 10 a 14 horas diárias.
De tal modo, que até já anda a tratar mal as suas próprias filhas, coitadas, o que antes de mais não deixa augurado nada de bom quando aos filhos dos outros.
Mas enfim, o que é que se há de fazer?
Talvez a Catarina faça hoje greve e descanse um pouquito. E ainda por cima uma sexta-feira, que dá sempre um jeitão um fim de semana alargado, não dá?
Mas esta querida vai mais longe: imagina mesmo que eu esteja «satisfeito» com a sua angústia. Tanto, que até há muito «que não malho nos professores».
- E ironiza: «deve ser por esquecimento».
- E acrescenta: «”Por favor, senhora ministra, não desista, que eles ainda mexem!” - deve estar ele a pensar...».
Ó querida Catarina: até já tinha saudades suas!
Mas tem razão numa coisa: é verdade que há muito tempo que não «malho» nos professores.
Mas não seja por isso!
E até explico porquê.
Para já, é notório que o tema dos professores não anda tanto na ordem do dia como andou aqui há uns tempos.
Depois aconteceu uma coisa bué da gira cá em casa: é que a mais nova acabou o 5º ano aqui ao pé, na Escola EB2,3 Maria Veleda, e até com notas muito razoáveis, diga-se de passagem.
Mas depois de uma olhadela de través aos livros e de meia dúzia de perguntas, tornou-se perfeitamente óbvio que havia ali alguma coisa que não estava bem. Não batia a bota com a perdigota.
Saem os horários do 6º ano, e verificamos que os professores são precisamente os mesmos do ano anterior. Até a professora de inglês era a mesma, precisamente aquela que continuava impávida e serena de olhar vago e tom monocórdico a debitar matéria para o vazio enquanto os alunos andavam aos saltos por cima das carteiras e até se pisgavam da sala de aula pela janela.
A directora de turma lamentou-se: mas o que é que eu hei-de fazer? Ela é assim...
Os outros professores não andavam muito melhor, mesmo a professora que faltava sistematicamente pelo menos uma vez por semana, ou a professora que levava as aulas a ler ou a mandar os alunos ler o livro.
Claro está que todas as semanas havia sempre professores a faltar. Até parecia que rodavam as faltas à vez!
E às vezes lá entravam as famosas «aulas de substituição», que os professores querem que lhes sejam pagas à parte e tudo, mesmo que sejam dadas durante os seus horários normais de trabalho.
Claro está também que invariavelmente durante essas aulas os professores diziam:
- Pronto agora façam o que quiserem, mas não façam barulho.
Talvez a Catarina faça hoje greve e descanse um pouquito. E ainda por cima uma sexta-feira, que dá sempre um jeitão um fim de semana alargado, não dá?
Mas esta querida vai mais longe: imagina mesmo que eu esteja «satisfeito» com a sua angústia. Tanto, que até há muito «que não malho nos professores».
- E ironiza: «deve ser por esquecimento».
- E acrescenta: «”Por favor, senhora ministra, não desista, que eles ainda mexem!” - deve estar ele a pensar...».
Ó querida Catarina: até já tinha saudades suas!
Mas tem razão numa coisa: é verdade que há muito tempo que não «malho» nos professores.
Mas não seja por isso!
E até explico porquê.
Para já, é notório que o tema dos professores não anda tanto na ordem do dia como andou aqui há uns tempos.
Depois aconteceu uma coisa bué da gira cá em casa: é que a mais nova acabou o 5º ano aqui ao pé, na Escola EB2,3 Maria Veleda, e até com notas muito razoáveis, diga-se de passagem.
Mas depois de uma olhadela de través aos livros e de meia dúzia de perguntas, tornou-se perfeitamente óbvio que havia ali alguma coisa que não estava bem. Não batia a bota com a perdigota.
Saem os horários do 6º ano, e verificamos que os professores são precisamente os mesmos do ano anterior. Até a professora de inglês era a mesma, precisamente aquela que continuava impávida e serena de olhar vago e tom monocórdico a debitar matéria para o vazio enquanto os alunos andavam aos saltos por cima das carteiras e até se pisgavam da sala de aula pela janela.
A directora de turma lamentou-se: mas o que é que eu hei-de fazer? Ela é assim...
Os outros professores não andavam muito melhor, mesmo a professora que faltava sistematicamente pelo menos uma vez por semana, ou a professora que levava as aulas a ler ou a mandar os alunos ler o livro.
Claro está que todas as semanas havia sempre professores a faltar. Até parecia que rodavam as faltas à vez!
E às vezes lá entravam as famosas «aulas de substituição», que os professores querem que lhes sejam pagas à parte e tudo, mesmo que sejam dadas durante os seus horários normais de trabalho.
Claro está também que invariavelmente durante essas aulas os professores diziam:
- Pronto agora façam o que quiserem, mas não façam barulho.
E lá se punham a ler o jornal, que a ministra não merece mais do que isso.
Que ricas aulas, de facto!
Os horários também tinham a sua graça: como é bom de ver, os horários são sempre formatados em função dos interesses dos professores, e de modo a que eles trabalhem somente quatro dias por semana.
Que ricas aulas, de facto!
Os horários também tinham a sua graça: como é bom de ver, os horários são sempre formatados em função dos interesses dos professores, e de modo a que eles trabalhem somente quatro dias por semana.
Há que haver «um dia de folga», claro está. Os professores mais porreiros até ficam sempre com a sexta-feira livre, que é muito mais baril. A segunda-feira também não é má.
Resultado, havia até um dia em que a desgraçada da criança entrava às 8,20 da manhã e saía às 6,30 da tarde, com furos inconcebíveis pelo meio.
Mas o que era verdadeiramente preocupante é que eram absolutamente notórios os défices de conhecimentos da miúda, e logo em todas as disciplinas.
Alguma coisa tinha de ser feita.
E foi o que se fez.
A solução foi verdadeiramente simples: mudou-se a criança para um colégio particular!
E entrámos então num mundo diferente: uma recepção inédita, reuniões, um interesse invulgar em conhecer a realidade concreta da aluna, e todos os professores logo perfeitamente a par dos antecedentes e das preocupações que os mesmos nos traziam.
O impacto inicial foi exactamente o esperado: uma notória descida das notas nos primeiros testes, mas uma espectacular recuperação já nesta segunda metade do período.
E as coisas lá vão andando bem melhor agora, felizmente.
E para que a querida Catarina não se sinta triste, muito menos neste seu dia de descanso semanal extra (só espero que o seu dia de folga semanal não seja às sextas-feiras, isso é que era azar), aqui lhe deixo as sete principais diferenças que encontro para já entre as duas escolas.
A principal semelhança, presumo que não seja preciso referir-lha: é que em ambas as escolas as aulas são dadas por... professores...
- A primeira diferença, é que agora, com todas as alcavalas, pago quase 500 euros por mês;
- A segunda diferença, é que o horário é contínuo e, com excepção de hora e meia para o almoço (sempre à mesma hora), não tem um único furo;
- A terceira, é que não consta que haja aulas onde os professores permitam que os alunos andem aos saltos em cima das carteiras;
- A quarta é que é visível o interesse e o acompanhamento dos professores por cada um dos alunos individualmente.
- A quinta é que até agora não houve uma única aula de substituição. Também nunca nenhum professor faltou, mas isso será, decerto, um pormenor sem importância.
- A sexta é que os professores deste colégio particular são anualmente avaliados no seu desempenho e só em função disso e da competência profissional que demonstrarem é que são novamente contratados no ano seguinte.
- A sétima diferença, e decerto a principal, é que é manifestamente óbvio que as notas dos testes parecem agora corresponder aos verdadeiros níveis de aprendizagem e parece já uma coisa do passado o défice de conhecimentos que trazia da escola oficial.
A acrescentar a tudo isto, é que a miúda anda feliz, e nem a brincar quer tornar a ouvir falar da outra escola.
Ah! E hoje vai haver aulas.
Pois é, querida Catarina.
Postas as semelhanças e as diferenças, e depois da espantosa curiosidade de vermos como todas elas se interligam incrivelmente umas nas outras, a conclusão só poderia, de facto, ser uma:
- Senhora ministra: por favor, não desista!
Resultado, havia até um dia em que a desgraçada da criança entrava às 8,20 da manhã e saía às 6,30 da tarde, com furos inconcebíveis pelo meio.
Mas o que era verdadeiramente preocupante é que eram absolutamente notórios os défices de conhecimentos da miúda, e logo em todas as disciplinas.
Alguma coisa tinha de ser feita.
E foi o que se fez.
A solução foi verdadeiramente simples: mudou-se a criança para um colégio particular!
E entrámos então num mundo diferente: uma recepção inédita, reuniões, um interesse invulgar em conhecer a realidade concreta da aluna, e todos os professores logo perfeitamente a par dos antecedentes e das preocupações que os mesmos nos traziam.
O impacto inicial foi exactamente o esperado: uma notória descida das notas nos primeiros testes, mas uma espectacular recuperação já nesta segunda metade do período.
E as coisas lá vão andando bem melhor agora, felizmente.
E para que a querida Catarina não se sinta triste, muito menos neste seu dia de descanso semanal extra (só espero que o seu dia de folga semanal não seja às sextas-feiras, isso é que era azar), aqui lhe deixo as sete principais diferenças que encontro para já entre as duas escolas.
A principal semelhança, presumo que não seja preciso referir-lha: é que em ambas as escolas as aulas são dadas por... professores...
- A primeira diferença, é que agora, com todas as alcavalas, pago quase 500 euros por mês;
- A segunda diferença, é que o horário é contínuo e, com excepção de hora e meia para o almoço (sempre à mesma hora), não tem um único furo;
- A terceira, é que não consta que haja aulas onde os professores permitam que os alunos andem aos saltos em cima das carteiras;
- A quarta é que é visível o interesse e o acompanhamento dos professores por cada um dos alunos individualmente.
- A quinta é que até agora não houve uma única aula de substituição. Também nunca nenhum professor faltou, mas isso será, decerto, um pormenor sem importância.
- A sexta é que os professores deste colégio particular são anualmente avaliados no seu desempenho e só em função disso e da competência profissional que demonstrarem é que são novamente contratados no ano seguinte.
- A sétima diferença, e decerto a principal, é que é manifestamente óbvio que as notas dos testes parecem agora corresponder aos verdadeiros níveis de aprendizagem e parece já uma coisa do passado o défice de conhecimentos que trazia da escola oficial.
A acrescentar a tudo isto, é que a miúda anda feliz, e nem a brincar quer tornar a ouvir falar da outra escola.
Ah! E hoje vai haver aulas.
Pois é, querida Catarina.
Postas as semelhanças e as diferenças, e depois da espantosa curiosidade de vermos como todas elas se interligam incrivelmente umas nas outras, a conclusão só poderia, de facto, ser uma:
- Senhora ministra: por favor, não desista!