quinta-feira, 13 de setembro de 2007

 

O «Dalai Lama» ou «Quando uma reputação nos precede»



O «Dalai Lama» anda por aí!

O «Dalai Lama», ou «O Grande Lama» ou ainda «O Oceano de Sabedoria», é o título de um senhor de nome Tenzin Gyatso que é, de facto, um gajo muito porreiro.
E é essa, de facto, a reputação que o precede.

E tem tudo para o ser:
Para já, tem aquele aspecto simpático, risonho e afável, e ainda por cima aquela curiosa contradição entre as suas vestes de monge e uns óculos aparentemente grandes demais para a sua cara.

Depois, o «Dalai Lama» prega os belíssimos valores do Budismo, como a comunhão pacífica e universal de todos os seres vivos, a compaixão, a tolerância, o amor e a bondade.
E ainda por cima defende a relação harmoniosa entre todas as religiões, baseada na compreensão e respeito mútuos.
Não podia ser melhor!

Até 1950 o «Dalai Lama» foi o líder político e espiritual do Tibete, ano que este país foi invadido e ocupado pela República Popular da China.
Seguiu-se uma carnificina indiscritível da população tibetana por parte das tropas chinesas, e uma perseguição racial e xenófoba que dura até aos dias de hoje.

Apesar disso, durante os primeiros anos foi-se organizando um movimento de resistência à ocupação chinesa financiado abertamente pelos Estados Unidos, pelo menos até 1959.
Nesse ano, após uma tentativa falhada de rebelião contra o exército chinês de ocupação, e que liderou pessoalmente, o «Dalai Lama», foi forçado a abandonar o Tibete disfarçado de simples soldado, e vive agora exilado na Índia.

Desde então tem dedicado toda a sua vida não só a proclamar os valores do Budismo, como também a chamar a atenção de todo o mundo para a causa tibetana e para os horrores do autêntico holocausto que tem sido a ocupação chinesa.

Refere-se a si próprio humildemente como «um simples monge budista» e é recebido com um entusiasmo solidário em todos os países que visita onde lhe chamam «o monge peregrino».

Em 1989 Tenzin Gyatso foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz, pela sua defesa e luta pacífica contra a invasão chinesa e pela total autonomia de Lhasa em relação a Pequim.

Não há dúvida: O «Dalai Lama», é realmente um gajo porreiro!

É um gajo tão porreiro, que quando o Governo português e o Presidente da República se recusaram a recebê-lo oficialmente todos os partidos da oposição em coro gritaram indignados: o PSD acusou o Primeiro-ministro de ceder às pressões da China, embora curiosamente se tenha recusado a comentar a posição do Presidente; o Bloco de Esquerda lamentou que o Governo não tenha aproveitado a oportunidade desta visita para organizar um debate sobre os direitos humanos no Tibete e o CDS acusou-o de ter dois pesos e duas medidas.
Só o PCP não se manifestou, decerto para não embaraçar a delegação chinesa presente na «Festa do Avante».
De facto, o Partido Comunista Português é o único partido político português que não condenou a invasão e a ocupação chinesa do Tibete, nem nunca criticou, ou sequer se pronunciou, sobre as inenarráveis carnificinas que regularmente nos são noticiadas.

Até Ana Gomes criticou o Governo e o inefável D. Januário Torgal Ferreira comparou a ocupação do Tibete à ocupação de Timor pela Indonésia.
E não resistindo uma vez mais a meter-se na política, criticou igualmente o Governo embora, estranhamente, também ele não se tenha referido ao Presidente da República.

É curiosa esta comparação (que é, de facto, bem real) da ocupação chinesa com a ocupação indonésia.
Mas o que é mais curioso é que nunca ninguém se tenha lembrado de apelar ao boicote dos produtos feitos na China, quando ainda deve estar na memória de todos o boicote febril a tudo quanto viesse da Indonésia durante os últimos anos da ocupação de Timor.

Mas, dizia eu, que é inegável que o «Dalai Lama» é um gajo porreiro.

O pior é aquilo que nunca é dito, que nunca é comentado ou que simplesmente as pessoas desconhecem ou fingem desconhecer.

Mas, para já, é bom que fique bem claro que tudo, mas mesmo TUDO, seria preferível aos horrores da ocupação chinesa do Tibete.
Mas do que aqui se trata não é de comparações, mas da simples menção e comentário, primeiro a uma realidade e depois, separadamente, a uma outra absolutamente distinta.
Repito: nada se pode comparar ao massacre de centenas e centenas de milhar de pessoas.

O que se passa é que sob o domínio político e espiritual de Tenzin Gyatso, esse «gajo porreiro» que é o «Dalai Lama», o Tibete estava muito longe de ser um mar de rosas.
Por outras palavras, não era exactamente no Tibete que ficava o «Shangri-La»!

Até à sangrenta invasão chinesa, o que é facto é que Tenzin Gyatso governava o Tibete sob uma mão de ferro, numa feroz ditadura simultaneamente temporal e espiritual.

Durante o seu domínio, este e os anteriores «Dalai Lamas» transformaram o Tibete numa teocracia irracional, e durante mais de 500 anos impuseram ao povo tibetano (que obviamente nenhuma palavra tem a dizer sobre o assunto, muito menos votar), um Chefe de Estado, precisamente o «Dalai Lama», cuja «legitimidade» lhe advém de ser nada mais nada menos do que a «reencarnação» do «Dalai Lama» anterior.

E durante meio milénio, quem se atrevesse a contestar esta irracionalidade era perseguido e enclausurado, frequentemente por toda a vida.

Obviamente que a escolha ou a descoberta do «reencarnado», que então passava a ser o novo «Dalai Lama» era feita por métodos "tradicionais" e ultra-secretos completamente inacessíveis ao povo, por uma clique autoritária de monges.

Por isso, e para quem tiver curiosidade em saber como é que este gajo porreiro que é o Tenzin Gyatso era o Chefe de Estado do Tibete à data da invasão chinesa, e de onde lhe veio a legitimidade para o desempenho de tão alto cargo, agora já sabe: Tenzin Gyatso foi escolhido por uma elite de monges por ser a reencarnação do «Dalai Lama» anterior.

Aliás, era precisamente da mesma forma que o «Panchen Lama» uma espécie de primeiro-ministro do Tibete era também escolhido: por ser também a «reencarnação» do seu antecessor.
Como curiosidade, diga-se ainda que em 1995, e apesar de estar no exílio, o nosso amigo «Dalai Lama», nomeou como actual primeiro-ministro do Tibete, ou «Panchen Lama», por precisamente lhe reconhecer a qualidade de ser a reencarnação do primeiro-ministro anterior, um sujeito de nome Gedhun Choekyi Nyima, que era na ocasião uma criança... de 6 anos de idade!

A teocracia imposta no Tibete pelos sucessivos «reencarnados» chegava ao ponto de legislar e determinar ao povo a frequência, a forma e até as posições em que deviam ter relações sexuais, e tudo aquilo que deviam comer e a forma de o cozinhar.

Contudo, esta «ditadura culinária» tinha uma razão de ser bastante lógica e uma explicação por demais simples:
É que por todo o Tibete pululava uma elite ociosa de monges, que ora se recolhiam no escurinho dos mosteiros, todos muito juntinhos uns aos outros e com uma afabilidade e um carinho entre eles que não pode deixar de ser realçada, todos eles a meditar, claro está, ora andavam por ali pelas ruas sem nada para fazer, coitados.

Ora, e como toda a gente sabe, um monge não é de ferro!
Por isso estava claramente determinado pelos «reencarnados» que toda a gente tinha obrigação de sustentar e alimentar os monges.
Por isso, se à hora do almoço um determinado monge com apetite decidisse entrar numa casa para comer, os seus habitantes, por muito pobres ou miseráveis que fossem, eram obrigados a prescindir da comida de toda a família e a entregá-la ao monge até ele estar perfeitamente saciado.
Às vezes as crianças ficavam com fome, sim. Mas temos que ver que um monge é um monge, que Diabo!

Daí a tal determinação que era imposta ao povo na forma de cozinhar: é que um monge não podia estar sujeito, coitado, a entrar de repente numa casa qualquer e ser posto perante a desagradável experiência de... não gostar do almoço...

Se um ilustre monge tibetano fosse sujeito a esta abominável privação, a pena imposta, por vezes a toda a família, podia ir de uma pesada pena de prisão a uma mais piedosa e simples e suave pena de serem todos chicoteados em público.

Os crimes mais severos, entre os quais se contava, por exemplo, o desrespeito de um camponês ao seu senhor feudal, o proprietário das terras onde trabalhava e a quem devia obediência incondicional e absoluta, ou a adoração de divindades proibidas e consideradas demoníacas, ou ainda a blasfémia contra as divindades "oficiais", eram punidos com o arrancar de um ou dos dois braços, ou de um ou de ambos os olhos, consoante a gravidade da ofensa.

Era com esta elite de monges parasitas, destes autênticos chulos, que este "gajo porreiro" que é o nosso amigo «Dalai Lama» contava para, durante anos, submeter o Tibete a esta espécie de insana teocracia monacal e a esta aberrante irracionalidade feudal, e para subjugar todo um povo, mantido na ignorância e na mais indigente miséria e sob a opressão de pesadíssimos impostos, e sem sequer ter a mais pequena noção do que são os direitos humanos.

Mas de quem, ainda assim, tanta gente parece gostar e admirar.

Mas, apesar de tudo, nem tudo era mau no Tibete. Às vezes havia coisas com piada!
Vejamos:
No Tibete a prostituição sempre foi vista como uma coisa abominável e imperdoavelmente pecaminosa e imoral. A sua prática era de todo inaceitável.
Por isso, e durante séculos, a prostituição foi proibida e severamente punida no Tibete. Não raro, quer a prostituta quer o seu cliente eram condenados (pelo menos) a pesadas penas de prisão.
E é então aqui, que podemos encontrar mais um exemplo de como o Tenzin Gyatso é, na verdade, um gajo porreiro:
De facto, poucos anos antes da invasão chinesa o nosso bom «Dalai Lama» determinou que a prostituição deixava de ser imoral, pecaminosa e proibida, mas unicamente desde que o homem que recorria a uma prostituta deixasse de lhe dar o dinheiro directamente na sua mão, devendo para tal efeito escolher um amigo que lho desse por si.
Genial!

Mas os exemplos desta curiosa maneira que o «Dalai Lama» tem de ver o mundo, não se ficam por aqui: a talhe de foice sempre se pode contar que numa recente visita a Barcelona o nosso amigo declarou que a ocupação do Tibete pelas tropas chinesas era comparável à ocupação da Catalunha pelos espanhóis.
De visita ao Chile, defendeu que Pinochet devia ser compreendido e perdoado.
Numa outra vez, declarou peremptoriamente que apoiava o programa nuclear indiano e o seu consequente projecto de construção de armas atómicas.

É mesmo um gajo porreiro, este «monge peregrino», que regula a sua vida, tal como em tempos determinou os destinos dos tibetanos, e às vezes até os seus mais pequenos gestos e decisões, recorrendo a oráculos, bruxos, adivinhos, astrólogos e outros aldrabões do género.
Por vezes ele próprio atira ao ar umas bolas especiais, em misteriosos exercícios de adivinhação.

O seu delírio supersticioso tem sido nos últimos tempos entregue a «uma menina de tenra idade» por quem se faz frequentemente acompanhar e que é «especialista em aplacar o fogo do deus Dorje Shugden», cujos seguidores eram ferozmente perseguidos no Tibete, quer antes quer mesmo já depois da invasão chinesa, sendo ainda hoje frequentemente espancados por hordas organizadas de budistas seguidores do «Dalai Lama».

Ao contrário da tolerância religiosa que proclama nos jornais, o «Dalai Lama» desde o dia 14 de Julho de 1978, data em que o fez pela primeira vez, passou a defender a proibição do deus Dorje Shugden (que ele próprio adorara durante muitos anos) e a feroz perseguição dos seus fiéis, não escondendo que essa posição se deveu a uma mensagem que recebeu pessoalmenente de Nechung, o seu «espírito protector».

É perfeitamente conhecida e do domínio público a história do «Grande Gelugpa», o Lama Reting Rinpoche. Ainda antes da invasão chinesa, em 1947, este Lama de elevado estatuto ousou desafiar a autoridade do «Dalai Lama» e dos restantes monges, membros da sua administração, e algumas das suas decisões governamentais.
Pois bem:
Após deliberação expressamente tomada em pleno «Conselho de Ministros» com esse objectivo, foi decidido matar o Lama Reting Rinpoche.
Contudo, e face ao seu elevado estatuto, foi ainda mostrada alguma complacência, tendo sido decidido que o Lama Reting Rinpoche seria envenenado, em vez de ser atirado de um penhasco abaixo como era costume lá na terra.

Em suma:
Como disse no princípio, o «Dalai Lama» anda por aí!
E de acordo com a reputação que o precede, o «Dalai Lama» é um gajo porreiro.
É essa, de facto, a reputação que o precede.

Pois bem:
Se é mesmo um gajo porreiro, então o «Dalai Lama» que ande por aí em paz e em perfeita liberdade a dar umas voltas, e a dizer e a pregar às pessoas o que lhe der na sua «reencarnada» e real gana.

Mas mesmo com aquela cara bondosa e simpática, sendo um gajo porreiro ou não, o que era mesmo bom era que esse tal de «Dalai Lama» se despachasse daqui, e fosse mas é pregar para outra freguesia!!!




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