sexta-feira, 13 de julho de 2007

 

O Monopólio da Imbecilidade



É fatal como o destino: quando uma pessoa se convence que a sua «fé» é motivo de orgulho e que é assim «uma coisa muito bonita» e que «traz muita felicidade», como se fosse uma espécie de um «dom» só ao alcance de um grupo restrito de «escolhidos», é então que se torna irresistível que essa pessoa procure impor a irracionalidade das suas crenças e dos seus dogmas aos outros.

Daí à mais completa imbecilidade é um passo.
A prová-lo estão aqueles que não se conformam com a separação do Estado das religiões, por muito que a laicidade mereça consagração constitucional em praticamente todos os países democráticos.

Ninguém estranhará que seja nos Estados Unidos (where else?) que se encontre o paroxismo desta imbecilidade irracional. E é logo o próprio site do Senado americano que nos deixa tudo muito bem explicadinho:

«Ao longo dos anos, o Senado dos Estados Unidos honrou a histórica separação da Igreja do Estado»
«Mas não a separação de Deus do Estado».
«Durante os últimos 207 anos todas as sessões do Senado abriram com uma oração, afirmando convictamente a fé que o Senado tem em Deus, como o Senhor Soberano da nossa Nação».

Não podia ser, de facto, mais esclarecedor!

Mas eis que o próprio Capelão do Senado se lembrou de convidar um padre hindu, de nome Rajan Zed para ser ele a fazer desta vez as habituais macaquices, louvaminhices e rezas de abertura da sessão do Senado de ontem, dia 12 de Julho.

E lá foi ele dizer estas lindas baboseiras:
«Nós meditamos na glória transcendental da Divindade Suprema, que está dentro do coração do mundo, dentro da vida do céu e dentro da alma do Paraíso. Que ela possa estimular e iluminar os nossos pensamentos. Paz, paz, que a paz esteja com todos vós».

Enfim: não quer dizer absolutamente nada, mas é bonito à mesma, não é?

Pois é: mas o pior é que houve muita gente que não gostou!

Ainda por cima, logo agora que o Papa Bento XVI reafirmou a primazia da Igreja Católica Apostólica Romana dizendo que todas as outras religiões, mesmo cristãs, não são verdadeiras e que só o catolicismo é o único caminho para «a salvação».

Como o filme aqui ao lado mostra, vários ilustres senadores começaram logo a protestar em voz alta e tentaram interromper o padre hindu e a sua oração, que consideraram uma ignóbil abominação, todos muito indignados, coitados, pelo facto de a pantominice daquele dia não estar a ser proferida por um sacerdote cristão a quem, claro está, devia caber o exclusivo do embuste das adulações divinas naquele local.

Moral da história:
Não há dúvida que o pior dos imbecis é o reclama para si o monopólio da imbecilidade!




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