sexta-feira, 22 de junho de 2007
Os Dez Mandamentos da Estrada
Segundo a «Agência Ecclesia», o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI) publicou recentemente os «Os Dez Mandamentos da Estrada», ou «O Decálogo dos Condutores», assim demonstrando a sua preocupação pelos milhões de mortes e feridos provocados pelos acidentes rodoviários em todo o mundo.
De facto é uma preocupação digna de nota.
Contudo, ao que parece devido a uma lamentável gralha tipográfica a que o «Conselho Pontifício» é completamente alheio, foi divulgada em todo o mundo uma versão resumida e manifestamente incompleta destes «Dez Mandamentos da Estrada».
Assim, e tendo tido acesso à sua versão integral o «Random Precision» não hesita em publicá-la imediatamente, indicando logo a seguir ao texto incialmente divulgado as partes que foram por lapso suprimidas.
«Os Dez Mandamentos da Estrada»
I - Não matarás – A não ser que o outro condutor seja um «agressor injusto» e que, por isso, mereça a pena de morte, de acordo com o que está claramente previsto no artigo 2267º do «Catecismo da Igreja Católica» a que tu, como bom católico, tens obviamente de obedecer.
II - A estrada seja para ti um instrumento de comunhão, não de danos mortais – Porque para um instrumento de danos mortais já te basta concordares com a Igreja Católica na proibição do uso do preservativo, contribuindo com isso para a disseminação massiva da SIDA, principalmente em África.
III - Cortesia, correcção e prudência ajudar-te-ão – Porque não é fácil convencer uma pessoa a partilhar contigo essa fábula infantil e ridícula e essa patranha gigantesca a que tu chamas «religião».
IV - Sê caridoso e ajuda o próximo em necessidade, especialmente se for vítima de um acidente – A não ser que só tenhas uns míseros 50 milhões de euros que os fiéis te deram para comprarem milagres à Nossa Senhora, e tu precises deles para construir um novo santuário em Fátima, para poderem lá ir mais pessoas e comprarem ainda mais milagres.
V - O automóvel não seja para ti expressão de poder, de domínio e ocasião de pecado – porque não precisas de um automóvel para nada disso: para uma expressão de "poder e de domínio", basta ires à missa ou viveres num país governado por fanáticos religiosos; para uma "ocasião de pecado", bastam as traseiras de uma sacristia ou um quarto de hotel à beira da estrada, porque essa porcaria imunda que é o sexo não se faz nos carros.
VI - Convence os jovens e os menos jovens a não conduzirem quando não estão em condições de o fazer – Porque logo que estejam em condições, podes muito bem convencê-los a partilhar contigo os teus piedosos sentimentos católicos de homofobia, misoginia e intolerância.
VII - Apoia as famílias das vítimas dos acidentes – A não ser que se trate de homossexuais, porque para esses a Bíblia proclama a pena de morte.
VIII - Procura conciliar a vítima e o automobilista agressor, para que possam viver a experiência libertadora do perdão – Porque se o conseguires podes ensinar os padres pedófilos a conseguir essa tal «experiência libertadora do perdão» das crianças que foram suas vítimas, antes que os bispos os mudem outra vez de paróquia.
IX - Na estrada, tutela a parte mais fraca – Porque sabes muito bem que fora da estrada tens de tutelar e bajular a parte mais forte.
X - Sente-te responsável pelos outros – A não ser que se trate de uma mulher com uma gravidez ectópica, porque nessa altura (uma vez que tu és «pela vida» e por isso és contra o aborto quaisquer que sejam as circunstâncias), essa mulher tem de morrer. E como tu «és pela vida», é claro que a responsabilidade já não é tua.