segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

 

O Trilema de Alberto João Jardim



Segundo o «Expresso», a nova Lei das Finanças Regionais implicará um corte de 34 milhões de euros, que representam apenas cerca de dois por cento do orçamento regional da Madeira deste ano.

Mas talvez Alberto João Jardim tenha tomado uma decisão correcta ao demitir-se.
Porque dois por cento são dois por cento, e há aqui várias questões políticas de princípio.

Para já, e em primeiro lugar, Alberto João demonstrou já à saciedade que conseguiu transformar a Madeira numa região autónoma de sucesso. O interior da região ainda não está lá muito desenvolvido, mas lá chegaremos.
Ou seja: se Alberto João já demonstrou com inegável sucesso que com dinheiro consegue governar, está obviamente dispensado de demonstrar se o consegue ou não fazer sem dinheiro ou com restrições orçamentais.

Depois, não está escrito em lado nenhum que os madeirenses tenham de partilhar os sacrifícios económicos e orçamentais do “Contenente”.
Até porque é para isso que servem as acusações de colonialismo e as sucessivas ameaças de independência.

Mas o maior problema de Alberto João Jardim é outro muito diferente, e terá sido esse que o terá levado a esta brilhante decisão, só ao alcance de um número muito restrito de génios da política, que foi demitir-se para depois se candidatar novamente (embora bem saiba que os resultados eleitorais estão garantidos), borrifando-se para os que lhe chamam burgesso ou palhaço, ou o acusam de falta de sentido de Estado.
Ou até mesmo para aqueles que, obviamente desprovidos do inato sentido político do génio insular, dizem que as eleições vão custar mais dinheiro que os cortes orçamentais.

O seu maior problema é que neste mesmo Orçamento Regional que viu reduzido em 34 milhões de euros, Alberto João Jardim tem inscritas verbas importantíssimas e de um indiscutível significado político, social e estratégico para a Região Autónoma da Madeira.
E, como ele tem dito, não se podem mudar as regras a meio do jogo!
E os interesses da Madeira têm, claro está, de ser defendidos!

Por exemplo:
- Para as comemorações de Natal e fim-de-ano e «campanha de imagem»: 17 milhões de euros;
- Para a Igreja: 45 milhões de euros;
- Para os clubes de futebol: 78 milhões de euros.

É aqui que reside o maior problema do presidente do Governo Regional da Madeira.
Um autêntico trilema:
Com menos 34 milhões de euros, onde vai Alberto João cortar?
Na campanha de imagem?
Nos subsídios à Igreja?
Nos clubes de futebol?

Ah!
Como é difícil ser governante regional em Portugal!!!




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