quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

 

Joint Venture



Noticia o «Le Monde» que em França os representantes das religiões católica, muçulmana, judaica, ortodoxa e protestante resolveram tomar uma posição comum contra o casamento homossexual naquele país.

Uma vez mais as principais multinacionais da exploração da fé e do medo da morte resolveram unir-se em torno daquilo que na realidade as une e a todas caracteriza: a intolerância e o preconceito.

Num documento conjunto que intitularam «O casamento é a união de um homem e de uma mulher», e sem temerem retaliações das leis anti-monopolistas da União Europeia à sua «joint venture» da homofobia, as principais religiões lá voltaram a unir sua persistente e patológica mania de tentarem influenciar e determinar a vida das pessoas, quer professem ou não o seu credo, quer perfilhem ou não dos seus valores e opções éticas.

Como não podia deixar de ser, depois de meterem a pata na poça ao tentarem chamar à instituição do casamento «uma referência da criação da humanidade», este clube de alucinados pelo sexo tem mesmo a ousadia de «recusar» qualquer debate sobre este assunto na sociedade, alegando que uma instituição tão essencial como o casamento não pode estar sujeita «às flutuações das correntes de pensamento».
Ou seja: como já pensaram e debateram pelos outros... a decisão está tomada!

Enquanto isso, em Portugal vive-se mais ou menos uma situação similar.
Enquanto o processo de recurso do indeferimento do casamento da Teresa e da Lena aguarda pacientemente a coragem de uma decisão juridicamente correcta por parte dos tribunais superiores, os milhares de casais homossexuais que em Portugal pretendem não mais do que o acesso à celebração de um simples contrato de natureza civil aguardam também que o poder político tenha a coragem e a dignidade – humana, pessoal e política – de legislar sobre o assunto.

Enquanto isso, o tempo vai passando ao sabor da vontade de quem se acha no direito de pensar pelos outros e de influenciar e determinar a sua vida de acordo com os seus próprios valores e princípios éticos ou religiosos.


Entretanto, e vergonhosamente, Portugal continua ao lado dos países que no mundo constituem os maiores exemplos de intolerância, homofobia e preconceito.

Na imagem ao lado (clicar na imagem para a ampliar) pode ver-se o mapa dos países da Europa que autorizam já o casamento homossexual ou uma união civil de características semelhantes, os que, como a França, autorizam um «Pacto Civil de Solidariedade» e os que, como Portugal, a Itália, a Polónia e a Hungria, não prevêem qualquer tipo de estatuto jurídico para os casais homossexuais.




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