sábado, 24 de fevereiro de 2007
Fogo-de-artíficio celestial
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Faz hoje 20 anos que dois astrónomos, Ian Shelton e Oscar Duhalde, numa sessão nocturna no Observatório Las Campanas, no Chile detectaram a morte de uma estrela de grande massa, a supergigante azul Sanduleak -69° 202a, situada a mais de 160 000 anos luz (o tempo que demorou o fenómeno a ser vísivel na Terra), na Grande Nuvem de Magalhães.
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A energia libertada pela mega explosão, que lançou as camadas exteriores da estrela a velocidades estonteantes (mais de 60 milhões de quilómetros por hora), foi transportada essencialmente por neutrinos. A equipa de Masatoshi Koshiba, o director do observatório de Kamioka, detectou 11 destes neutrinos que permitiram confirmar espectacularmente a física das supernovas. Pelo seu trabalho nas experiências de Kamioka e em particular pela detecção de neutrinos «astrofísicos», Koshiba foi galardoado com o prémio Nobel da Física em 2002.
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O Hubble foi lançado só três anos depois, em 1990, mas a partir daí tem acompanhado a evolução da explosão. E descobriu um sistema de três anéis de gás incandescente em torno da SN1987A. A origem desses anéis não é clara, mas uma possibilidade seria a sobreposição de dois ventos estelares ionizados pela explosão da estrela. Ou mais provavelmente serão resultado da libertação de material constituinte da supergigante antes e durante a explosão.
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Qualquer que seja a sua origem, estes anéis estão em expansão. Apesar da enorme velocidade da expansão, esta só é perceptível directamente em intervalos de alguns anos, mesmo com os instrumentos mais sensíveis, já que são necessárias mudanças de milhares de kilómetros nos raios destes anéis, para serem detectadas.
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Em 1994, o Hubble começou a ver uma sequência de pontos iluminados ao longo do anel central, atríbuidas a impacto das ejecções da supernova com o gás constituinte do anel.
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- Um artigo de Palmira F. da Silva