quarta-feira, 3 de janeiro de 2007
O Sr. Almirante
A falta de tempo e a sua inequívoca actualidade decerto justificarão a repetição deste texto, publicado no «Random Precision» aqui há coisa de um ano.
Mas não está o auto-plágio na moda?
Trata-se de algumas das inúmeras «pérolas» proferidas pelo Almirante Américo Tomás que, por mais incrível que isso agora nos pareça, foi durante quase duas décadas Presidente da República de Portugal.
Aqui vão elas:
«A hora vai demasiadamente adiantada, precisamente porque nós estamos muito atrasados e é por isso que limitarei as minhas palavras às indispensáveis»
«Começo por me congratular com a inauguração deste melhoramento; melhoramento da maior importância para os povos desta região, melhoramento que, evidentemente, não pode comparar-se àqueles que inaugurei faz hoje precisamente um ano».
«Mas as obras, como os homens, não se medem aos palmos e, para esta região, a Ponte da Varela terá certamente mais importância que a ponte da Arrábida».
«A minha boa vontade não tem felizmente limites. Só uma coisa não poderei fazer: o impossível. E tenho verdadeiramente pena de ele não estar ao meu alcance».
(in «Diário de Notícias», 23/6/1964).
«Ao visitar todas as terras de Portugal, embora só tenha nascido numa, parece que, afinal de contas, pelas saudades que todas me deixam, nasci simultaneamente em todas elas».
«O Sr. Prof. Oliveira Salazar, ao longo de mais de trinta anos, é uma vida inteiramente sacrificada em proveito do país, e desconhecendo completamente todos os prazeres da vida, é um homem excepcional que não aparece, infelizmente, ao menos, uma vez em cada século, mas aparece muito raramente ao longo de todos os séculos».
(in «Seara Nova», Maio 1965).
«Foi uma manhã sumamente produtiva, porque numa das cerimónias cumprimos o preceito; e na outra prestámos homenagem de gratidão».
«Neste almoço ouvi vários discursos, que o Governador Civil intitulou de simples brindes. Peço desculpa, mas foram autênticos discursos».
«... com palavras que dirigiu a minha mulher e a mim, pode crer que apreciámos os dois, sumamente.
«Não queremos sequer ponderar se elas foram ou não inteiramente justas; mas como foram inteiramente sentidas, é como se fossem inteiramente justas».
«Não queremos sequer ponderar se elas foram ou não inteiramente justas; mas como foram inteiramente sentidas, é como se fossem inteiramente justas».
(in «Diário de Notícias», 14/9/1970).
«Pedi desculpa ao Sr. Engº. Machado Vaz por fazer essa rectificação. Mas não havia razão para o fazer porque, na realidade, o Sr. Engº. Machado Vaz referiu-se à altura do início do funcionamento dessa barragem e eu referi-me, afinal, à data da inauguração oficial. Ambas as datas estavam certas.
«E eu peço, agora, desculpa de ter pedido desculpa da outra vez ao Sr. Engº. Machado Vaz».
(in «Seara Nova», Agosto 1972).
«Eu prolongo no tempo esse anseio de V. Exª. e permito-me dizer que o meu anseio é maior ainda. Ele consiste em que, mesmo para além da morte, nós possamos viver eternamente na terra portuguesa, porque se nós, para além da morte, vivermos sempre sobre a terra portuguesa, isso significa que Portugal será eterno, como eterno é o sono da morte».
(in «Diário da Manhã, 24/5/1969).
«É a primeira vez que visito oficialmente Celorico da Beira. Nos meus longos anos de chefia do Estado tenho visitado certamente milhares de terras do nosso país.
«No entanto, algumas não tiveram ainda oportunidade de receber a visita de um Chefe de Estado e esta era uma delas.
«É, pois, não só a minha primeira visita, como a primeira visita de um Chefe de Estado a esta histórica terra .
«E ainda bem que assim foi».
«E ainda bem que assim foi».
(in «República», 18/11/1972).
«Lembrei que há 4 anos e quase um mês, aqui estive. Voltei hoje em circunstâncias totalmente diferentes.
«O entusiasmo é o mesmo, o desejo de bem servir nunca me abandonou nem abandonará.
«Nesse aspecto, sou digno de elogio; talvez seja o único aspecto em que o mereça».
«Nesse aspecto, sou digno de elogio; talvez seja o único aspecto em que o mereça».
(in «O Segundo Mandato na Chefia do Estado»)
«Quem me ouviu falar pode supor que tenho espírito de guerreiro. Não, não sou um guerreiro; sou apenas um homem que deseja o bem de Portugal e a verdade é que também, muitas vezes, o bem se consegue através do mal».
(in «Diário de Notícias», 26/6/1970).
«A minha dificuldade reside somente na impossibilidade de compreensão para o que me não é possível compreender».
(in «O Segundo Mandato na Chefia do Estado»).