segunda-feira, 24 de julho de 2006
O Projecto de Lei
Noticia o «Expresso» deste fim de semana (não encontrei o link para a edição online) que, pela voz do seu secretário-geral Pedro Nuno Santos, a Juventude Socialista anunciou que logo a seguir ao referendo sobre a despenalização do aborto, que se prevê venha a ter lugar já no início de 2007, vai avançar logo de seguida com um projecto de lei para a legalização dos casamentos homossexuais.
Quando a iniciativa da Teresa e da Lena (as duas lésbicas que se apresentaram a casamento numa Conservatória do Registo Civil de Lisboa), marcou a agenda política nacional e monopolizou a informação portuguesa, a Juventude Socialista apressou-se a anunciar precisamente uma iniciativa legislativa semelhante.
Aliás, o mesmo sucedeu com o Bloco de Esquerda, que ora no próprio dia do casamento entregou ao Presidente da Assembleia da República um projecto de lei que visava a legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, ora veio mais tarde inquirir formalmente o Procurador Geral da República sobre a inqualificável posição tomada pelo Ministério Público nas alegações do recurso interposto pelas duas lésbicas contra o indeferimento do seu casamento civil.
Inquirição que, como é óbvio, mereceu o mais completo desprezo da Procuradoria Geral da República ao Bloco de Esquerda, e não teve qualquer resposta.
Desprezo esse com que o Bloco de Esquerda está, pelos vistos, muito conformado.
Mas, o que infelizmente seria de esperar aconteceu:
Acalmada a espuma mediática daqueles dias, e feito que estava o aproveitamento e a facturação política do caso, quer a J.S. quer o Bloco de Esquerda parecem ter-se envergonhado de andar a reboque de duas lésbicas anónimas, e desinteressaram-se do assunto.
Por isso, e para quem pensa que a solução ideal para este assunto é precisamente política e não judicial, este anúncio da Juventude Socialista, tantos meses depois, vem agora trazer nova esperança para a resolução de um problema que diz respeito a muitos mais portugueses do que aquilo que muita gente ousa pensar.
Esperemos então a iniciativa legislativa da Juventude Socialista já para o próximo ano de 2007.
A ver vamos!
A não ser que aqueles gajos porreiros que são os deputados da J.S. continuem a pensar que, apesar de terem sido tão eleitos como os outros, são assim uma espécie de deputados de segunda categoria, e voltem a levar umas palmatoadas e a ser metidos na linha pelos seus colegas mais velhos (com as mui católicas e piedosas, as inefáveis Maria do Rosário Carneiro e Teresa Venda à frente), e sejam todos obrigados a meter a viola no saco.
É que não seria a primeira vez...