quinta-feira, 29 de junho de 2006

 

O Post Anterior



Comentei no post anterior o bárbaro assassinato de três meninas perpetrado pelo tenebroso cabo Costa, aposentado da GNR.

Aproveitei para falar da coincidência das convicções políticas e religiosas do sujeito, ilustradas pela iconoclastia que ele tinha pendurada na parede lá de casa.

Falei da lata do indivíduo em ir a Fátima em romaria com a família de uma das suas vítimas, escassos quatro dias depois de a ter assassinado.

Finalmente, e também pelo catolicismo que demonstra ter quem faz uma romaria a Fátima, conjecturei sobre o perdão divino (é o título do post) que o facínora terá implorado à respectiva divindade.

Agora vamos lá a ver se a gente se entende:

Ninguém defendeu que pelo facto de o homem ser católico teria ele de ter uma obrigatória afinidade com todos os restantes católicos do mundo.
Nem muito menos se disse que uma vez que um homem, lá porque é católico e é um assassino sanguinário, todos os outros católicos o são também.
Ou sequer disse que a Igreja Católica, pelos mesmos motivos, é um antro de assassinos sanguinários.

Seria a mesma coisa que descobrir que o homem é, por exemplo, do Benfica e defender o mesmo quanto aos restantes benfiquistas ou quanto ao próprio clube em si (debruçar-me-ei mais tarde quanto ao caso particular do Sporting).
Ou fazer o mesmo raciocínio se ele fosse ateu, advogado, médico, homossexual, decorador de interiores ou qualquer outra coisa assim do género.

Pois bem:
À parte da óbvia provocação que faço nesse e em muitos outros posts (às vezes com muito sucesso, pelos vistos), a crítica, agora mais a sério, que está subjacente no texto é precisamente à hipocrisia de tantas pessoas que por esse mundo fazem todas as barbaridades que lhes passa pela cabeça, para mais tarde correrem à Igreja a bater com a mão do peito e a pedir perdão, para no dia seguinte começarem tudo de novo.

E isso é um facto!
Obviamente não extensivo a TODOS os católicos, mas é um facto.

E, pelos vistos, o cabo Costa é um exemplo paradigmático do que digo: já ia na terceira criança assassinada e lá vai ele como se nada fosse, e ainda por cima com o desplante de ir na companhia da família de uma delas, em piedosa romaria à sua divindade.
Conjectura perfeitamente legítima é pensar que quando de lá voltou vinha com a consciência limpa do perdão divino que é concedido a todos os pecadores, pois com toda a certeza vinha muito arrependido do que tinha feito, embora sem prejuízo, claro, de o planear fazer outra vez.

Mas repito: não é o cabo Costa, por muito católico que seja, que faz da Igreja Católica um antro de bandidos.

Mas atenção!
O inverso também é verdade: também não são a Madre Teresa de Calcutá ou a Santa Teresinha do Menino Jesus que fazem da Igreja Católica uma fonte de piedosas virtudes.

Pois se não é uma atitude isolada que define uma instituição milenar e com milhões de pessoas, esse argumento é válido nos dois sentidos.
Porque o que define uma instituição, qualquer que ela seja, é precisamente a sua História, a ideologia propagandeada e a recorrência dos actos dos seus membros.

Então, e se assim é, meus caros amigos, a Igreja Católica é uma instituição absolutamente tenebrosa!

E não é necessário dar aqui muitos exemplos quanto à famigerada História da Igreja Católica, quer a mais vetusta quer a mais recente, da Inquisição ao Banco Ambrosiano.
Nem sequer é preciso falar da sua ideologia, que ora consta de um determinado livro tido como sagrado e revelador da palavra de Deus aos Homens, ora só lhe interessa algumas passagens criteriosamente escolhidas de acordo com as épocas mais favoráveis.
Nem quero falar do culto do medo como adubo da fé. Ou do abjecto auto-amesquinhamento em orações e ladainhas perante a divindade que praticam todos os «fiéis», inqualificavelmente aviltante para um Homem livre, digno desse nome.

Mas é principalmente uma instituição tenebrosa, e para mim uma inqualificável associação de malfeitores, porque não só pretende que os seus membros pratiquem um determinado estilo de vida (o que, apesar de tudo, acho muito bem e está na liberdade individual de cada um praticá-lo ou não), só porque ele consta de um qualquer catecismo elaborado por uma caterva de tarados sexuais de saias e alucinados pela falta de sexo, mas pretende também formatar as sociedades em que está inserida de forma a que todas as restantes pessoas deste mundo vivam obrigatoriamente de acordo com a sua ideologia e os seus cânones religiosos.

Incluindo eu.

E isso, meus caros amigos, isso eu não permito!




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