quarta-feira, 21 de junho de 2006
Hipocrisia Política
Noticia o «Público» que o Ministério da Educação quer reduzir de 450 para 300 o número de professores com funções sindicais a tempo inteiro, e que por esse motivo estão dispensados de dar aulas, mas que apesar disso continuam a ser pagos integralmente pelo erário público como se as dessem.
Ora, a lei prevê que um dirigente sindical tem direito somente a quatro dias por mês de dispensa de aulas.
Mas, muito curiosamente, a mesma lei prevê também que os créditos dessas dispensas semanais possam ser concentrados, isto é, permite que um determinado dirigente sindical mais sortudo possa «receber» créditos de outros dirigentes sindicais, de forma a obter sozinho uma dispensa total dos dias de aulas.
Quer isto dizer que para um dirigente sindical estar a tempo inteiro nas suas funções, e integralmente dispensado de dar aulas, é necessário que cinco outros abdiquem dos seus créditos a seu favor.
Por outras palavras, se há neste momento 450 professores com dispensa total de dar aulas mas a receber tal e qual como os seus restantes colegas, quer isto também dizer que actualmente existem nada mais nada menos do que 2.250 dirigentes sindicais!
Não professores sindicalistas, ou professores sindicalizados. Não!
São todos eles dirigentes sindicais, que em vez de serem pagos pelos respectivos sindicatos com as quotas dos seus associados, como em qualquer outra parte do mundo ou em qualquer outro sindicato, custam ao Estado a módica quantia de 20 milhões de euros anuais.
Perante este plano de redução do número de professores com funções sindicais a tempo inteiro, e que (para além de marcarem greves em dias que calhem bem para fazer pontes) ninguém sabe bem o que andam fazer o dia inteiro, mas que continuam dispensados de dar aulas, de preparar lições e corrigir testes, e que são pagos como tal, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) – em que tantos e tantos professores, pelos vistos, se revêem – já se manifestou veementemente contra.
E acusou o Governo de... isso mesmo: hipocrisia política!