quinta-feira, 15 de junho de 2006
As mini-férias
E pronto: lá houve mais uma greve dos professores!
Desta vez, na base destas "mini-férias" está o protesto contra as políticas do Ministério da Educação que visam a possibilidade de os pais virem a avaliar os professores, e ainda a imposição de quotas para a progressão na carreira docente.
Não há dúvida que esta greve veio a calhar: mesmo no meio de dois feriados.
Pena foi o tempo de chuva que estragou os planos balneares dos nossos ilustres professores.
De qualquer modo, confesso que não entendo porque raio os professores persistem em fazer greve só para irem a banhos.
Basta reparar no caso da estudante do ensino secundário cá de casa:
- Na segunda-feira, só teve duas aulas;
- Na terça-feira, só teve uma aula, apesar de não ser feriado cá no concelho;
- Na quarta-feira, houve greve, não teve aulas;
- Na quinta-feira, é feriado.
- Na sexta-feira não vai ter aulas: os seus professores já tiveram a amabilidade de lhe dizerem que vão todos fazer ponte.
- Na próxima semana não tem aulas: a escola já está de férias antecipadas.
É uma pena, de facto, que em Portugal os professores persistam em manifestar uma imensa pena de si próprios, exibindo publicamente como troféus de caça os colegas que são espancados nas escolas, ou as turmas de alunos inadaptados e sociopatas, como pretexto para lutarem por privilégios corporativos anacrónicos e absolutamente injustificados.
Esta greve é mais um exemplo disso mesmo.
Sob a capa de engraçadas caricaturas, que já circulam na Internet, de pais analfabetos a darem notas negativas a professores que não trataram bem os seus meninos, passando, assim, um atestado de estupidez a quem acredita que é isso que o Ministério quer, o que os professores pretendem afinal é continuarem o seu regabofe de semanas de 16 horas e de 4 dias de trabalho, e de três meses de férias por ano.
Por isso mesmo é que querem que eu continue sem poder ter uma simples palavra sobre a educação escolar das minhas filhas, e fazem greve para que não haja ninguém que me aceite uma reclamação que eu pretenda fazer sobre a assiduidade dos seus professores – e que obviamente não seja totalmente inconsequente como até agora.
Nem sobre a assiduidade dos professores, nem sobre a sua competência ou desempenho!
De facto, não me surpreende que haja professores que persistam fanaticamente em protestar contra qualquer tipo de propósito de serem avaliados, e lutem com todas as suas forças para que se mantenha o actual estado de coisas.
E não me surpreende, porque em todas as profissões há bons e maus profissionais.
E, por isso, é absolutamente compreensível que aqueles que bem sabem "que não têm vida para aquilo" não queiram ser avaliados e queiram continuar a progredir nas suas carreiras, não pelo mérito profissional que demonstrem, mas unicamente pela sua simples antiguidade.
E que, assim, lá vão continuando a criar gerações de alunos que não aprendem a ponta de um corno, sem que ninguém disso se aperceba e lhes possa pedir contas.
E sem que haja alguém que pura e simplesmente os despeça por indecente e má figura: como são incompetentes há muitos anos, já são «efectivos» nas escolas.
É como se fosse assim uma espécie de direito à incompetência adquirido pela antiguidade dessa mesma incompetência.
E se nada disto me surpreende já, o que me continua a espantar é que uma grande e imensa maioria – quero crer – de excelentes e dedicados professores continue a deixar-se levar por meia dúzia de incompetentes e que, ano após ano, permita que os metam com eles no mesmo saco.
Por isso mesmo acho que a solução para toda esta polémica, para todos estes protestos e greves, estaria nas respostas a estas duas simples perguntas:
- Haverá alguém que defenda que os professores incompetentes devem continuar impunemente a dar aulas e a progredir nas respectivas carreiras pela sua simples antiguidade?
- Na classe dos professores, quem tem medo de ser avaliado?