quarta-feira, 12 de abril de 2006

 

Já chegámos à Madeira…



Segundo o «Jornal de Notícias», o bispo do Funchal, o Sr. Teodoro Faria, exortou os jovens a não participarem num "evento musical" denominado «Madeira Paradise Dance Festival 2006», marcado para a próxima sexta-feira santa.

Segundo o ilustre bispo, um evento musical realizado numa sexta-feira santa constitui «uma falta de respeito às convicções religiosas do nosso povo», no que logo foi seguido por um grupo de padres e leigos que, em fiel obediência canina, resolveram bolsar no «Diário de Notícias» do Funchal um documento contra a realização do evento.

Este deslumbramento místico primitivo e esta persistente mania dos católicos de quererem determinar a vida de toda a gente, fez-me lembrar que aqui há já uma data de anos, quando me encontrava de férias na Madeira, resolvi visitar a velha igreja do Monte (nos arredores do Funchal), uma bela edificação do século XVII, onde está sepultado Carlos de Habsburgo.
A igreja estava ricamente decorada e, como é tradicional na Madeira, cheia de flores.

Mas, a certa altura, reparei numa coisa estranha e incrivelmente bizarra: alguém tinha retirado aos antúrios e aos jarros que decoravam a igreja as suas características flores centrais dispostas em espigão, deixando-os reduzidos às brácteas laterais e à folhagem verde circundante.
Como não podia deixar de ser, perguntei às ratas de sacristia que se encontravam no local a decorar a igreja a razão de ser daquele estranho costume.
Qual não foi o meu espanto, quando me explicaram que os espigões centrais dos antúrios e dos jarros tinham sido retirados, e muito bem, por ordem do senhor padre.

- Bem vê – disseram-me – é que o senhor padre diz que com aqueles espigões as flores ficam de facto muito ordinárias!...

Não há dúvida que o deslumbramento burgesso de Alberto João Jardim e seus apaniguados encontra perfeito eco no clero madeirense, no seio de quem, aliás, o inefável padre Frederico sempre foi acolhido como um igual, e desta vez determinado em castrar a natureza de tanta ordinarice.

Como também não restam dúvidas de que não há nada como a abstinência forçada para transformar qualquer ser humano num perfeito tarado sexual.




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