segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

 

O Bom Jornalista



Segundo o «Correio da Manhã», o director do jornal matutino «Público», José Manuel Fernandes, criticou num artigo da revista «Atlântico» que será publicada hoje a actuação dos jornais «Expresso» e «Diário de Notícias».

Em causa está aquilo a que o director do «Público» chama o «mau jornalismo» da publicação da sondagem do «Expresso» sobre a homossexualidade em Portugal, e também os artigos de Fernanda Câncio no «Diário de Notícias» sobre o casamento das lésbicas Teresa e Helena.

José Manuel Fernandes não resiste ainda a referir-se àquilo a que chama «o hábil agendamento mediático do “caso Teresa e Helena”» que relaciona com a publicação da sondagem do «Expresso» e também com a petição entregue recentemente na Assembleia da República sobre o casamento homossexual.

Não sei exactamente qual o conceito que José Manuel Fernandes faz de «mau jornalismo».

Mas, pelas suas palavras, fiquei a saber qual o tipo de jornalismo que pratica, a que corresponderá, sem dúvida ao seu conceito de «bom jornalismo».
Ora, no seu artigo, José Manuel Fernandes fala do «agendamento mediático do caso Teresa e Helena», agendamento esse a que chama «hábil», porque o relaciona com o artigo do «Expresso» e com a petição entregue na Assembleia da República.

Mas, como estou farto de explicar às pessoas, o “caso Teresa e Helena” está absolutamente desligado de quaisquer organizações, sejam elas quais forem, e é completamente alheio a qualquer iniciativa mais ou menos mediática que tenha sido levada a cabo sobre o mesmo assunto.
O "agendamento" do caso, que José Manuel Fernandes no alto da sua iluminada sapiência descobriu que era «hábil», decorreu somente do tempo que mediou entre o dia 7 de Dezembro de 2005 (dia em que foi publicada no «Jornal de Notícias» uma referência ao meu nome) e o dia 1 de Fevereiro de 2006 (data em que a Teresa e a Lena se apresentaram na Conservatória).
Tempo esse que foi o estritamente necessário para, como é óbvio, haver um prévio conhecimento pessoal e directo das pessoas, e para a elaboração das alegações de recurso que deveriam ser entregues imediatamente após o expectável indeferimento do processo de casamento.

Mas, pelos vistos, para José Manuel Fernandes o conceito de «bom jornalismo» corresponde (depois de uma despudorada crítica aos seus colegas de profissão), à publicação de um artigo de opinião onde expõe conclusões que baseia unicamente em conjecturas e em deduções falaciosas absolutamente desprovidas de qualquer tipo de suporte fáctico.
Tudo bem enquadrado numa indisfarçável homofobia e num inequívoco preconceito que, pelos vistos, lhe deforma o raciocínio.

O que, convenhamos, é uma coisa bem triste para a definição do que é «um bom jornalista».
Muito principalmente se esse jornalista for também o director de um jornal de referência como é o «Público».




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