segunda-feira, 16 de janeiro de 2006
O Milagre das Rosas
Era uma vez...
...um rei chamado D. Dinis e uma rainha chamada D. Isabel.
A rainha D. Isabel era muito piedosa. Apesar de espanhola, era também muito caridosa e bondosa, e por isso dava muitas esmolas aos pobrezinhos.
Tantas, que o rei já estava a ver o caso mal parado, pois todos o dias era uma rebaldaria de pobres à espera à porta do castelo, com o mau aspecto que se calcula que isso dava.
Vai daí, e como para além disso a coisa já estava a ficar demasiado dispendiosa para o erário público, o rei proibiu a rainha de uma vez por todas dar mais esmolas aos pobres.
Mas a rainha era tão piedosa, caridosa e bondosa (apesar de espanhola), e tão temente a Deus e seus correligionários, que resolveu desobedecer ao rei, e continuou a dar esmolas aos pobrezinhos que paravam por ali à volta do castelo a dar mau aspecto.
Um belo dia, andava a boa da rainha, coitada, na faina da distribuição, levando no seu manto real moedas e pão para aquela boa gente (moedas e pão misturados aos trambolhões dentro de um manto não é uma coisa lá muito higiénica, mas enfim, os pobres não são muito exigentes) quando, de súbito, provavelmente vindo de algum regabofe em Odivelas (terra, aliás, muito propícia a essas coisas), lhe saltou o rei ao caminho.
O rei, que não era nada parvo, viu logo o que a rainha andava a fazer contra as suas ordens expressas, e perguntou-lhe em tom irónico:
- Que levais aí no regaço, Senhora?”
Ao que a piedosa rainha lhe respondeu:
- São rosas, Senhor!
- Rosas em Janeiro? – perguntou o rei, já com um sorrisinho malandro a bailar-lhe nos lábios.
Mas eis que a caridosa rainha abriu o manto e, perante a grande admiração geral, as moedas e os pães que levava no regaço tinham-se milagrosamente transformado em viçosas, belas e frescas rosas, tão lindas como jamais se vira.
A moral desta bela e pungente história é tipicamente cristã:
Quando te vires à rasca, mente descaradamente!
Não só Deus te ajuda, como ainda podes vir a ser canonizado...