quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

 

Curiosa Coincidência



A Igreja Católica, as Igrejas Evangélicas americanas e as suas inúmeras organizações fanático-dependentes estão em completo estado de choque:

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos acabou de rejeitar uma iniciativa legislativa de responsabilidade pessoal do próprio presidente americano George W. Bush, que visava revogar o precursor e inédito sistema legal do estado do Oregon, que vigora já desde 1994, e que permite o suicídio assistido a doentes em estado declaradamente terminal.

Por uma maioria de 6-3, o Supremo Tribunal considerou que o Governo Federal não tem autoridade legal para proibir ou punir criminalmente os médicos daquele estado por darem aos seus pacientes acesso a doses letais de medicamentos com o objectivo de lhes abreviarem a morte.

Contudo, e como não podia deixar de ser, estes fanáticos activistas sempre cega e persistentemente determinados em decidir a vida dos outros, não desistiram ainda: declararam já que nada na decisão judicial sugere que o Congresso não está dotado de autoridade constitucional para revogar a lei, planeando agora influenciar aquele órgão legislativo americano precisamente nesse sentido.


Curiosamente, são precisamente estas mesmas organizações religiosas que têm vindo a apelar a um generalizado e maciço boicote nacional a grandes empresas como a Microsoft, Hewlett-Packard, Boeing, Nike e muitas outras, que ultimamente se têm distinguido pelo apoio declarado aos direitos civis dos homossexuais.

Com uma indisfarçada ameaça, os mais proeminentes servidores religiosos declararam já que estas companhias “nem sabem com quem se meteram”, e que claramente subestimaram o poder dos consumidores religiosos, somente porque elas têm manifestado o seu apoio a uma iniciativa legislativa que visa tão simplesmente proibir a discriminação dos cidadãos também em razão da sua «orientação sexual».

Esta iniciativa legislativa tem sido apresentada e sistematicamente rejeitada no Senado, ano após ano nos últimos trinta anos, embora este ano a anunciada mudança do sentido de voto por parte de um senador republicano crie tantas expectativas na sua aprovação como tanta raiva nos seus opositores.

Unidas por uma homofobia fanática de incompreensível violência, as Igrejas cristãs americanas evocam mesmo, sempre em tom de ameaça, o exemplo das próprias eleições presidenciais americanas, cujo resultado, lembram, foi determinado pelo apelo «aos valores morais do país».

De facto, é muito curioso como são precisamente as organizações religiosas quem mais fanaticamente se distingue pela falta de respeito pela dignidade das pessoas e pelos mais básicos direitos humanos.
Seja pelo direito à vida.
Seja pelo direito à morte.



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