segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

 

A Culpa



«Os nossos males estão sobejamente diagnosticados e todos os conhecemos: não produzimos, não valorizamos o mérito, não corremos riscos.
Os sindicatos defendem os que têm emprego seguro até à eternidade contra os que não têm emprego; os patrões apostam no Estado clientelar contra o mercado livre; o Estado defende o carreirismo e a filiação partidária contra o mérito e a independência.
Um país assim só pode ser um país falhado. Se nada mudar radicalmente, nós vamos ser um país falhado.

«Domingo, 1 de Janeiro, arrostando com filas de trânsito e arriscando acidentes, tive de tratar do regresso do meu filho mais novo a Lisboa, porque no dia seguinte abriam as aulas no ensino público e no liceu central onde estuda e onde se imagina que todos os professores públicos gostariam de estar colocados.
Das cinco aulas marcadas para segunda-feira, teve uma; das quatro marcadas para terça, teve outra: todos os restantes professores estavam de «baixa».
Ou seja, prolongaram as férias que nós não tivemos porque acreditámos que o seu compromisso com a reabertura das aulas era para levar a sério.
E, todavia, o Sindicato dos Professores quer-nos fazer crer que a profissão é tão violenta que não aguentam trinta e cinco anos até à reforma, mesmo que, em alguns casos, um terço dos trinta e cinco anos tenha sido passado de «baixa».

(Miguel Sousa Tavares in «Expresso» de 7/01/2006)



Que fique bem claro que esta transcrição parcial de mais um dos «desabafos» frequentemente brilhantes de Miguel Sousa Tavares não pretende ser «mais um post do "Random Precision" contra os professores».
Até porque os professores que conto entre os meus familiares e grandes amigos não me permitiriam tal indiscritível aleivosia.

E mesmo até porque a situação descrita (que, por incrível que pareça, se repetiu exactamente da mesma forma com a estudante do secundário cá de casa), sendo embora uma constatação de facto absolutamente indesmentível, tem para os professores uma explicação lógica e bem simples:

- Então não são conhecidas as mais recentes medidas da ministra da Educação contra os professores?
- Então já foi esquecida a autêntica afronta da ministra a toda a classe dos professores com a obrigação do cumprimento de 35 horas semanais nos estabelecimentos de ensino?

Então que não se estranhe!
Pois por muito acertado que seja o que Miguel Sousa Tavares escreve, a explicação só pode ser uma:
- A culpa é da ministra!




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