sexta-feira, 16 de dezembro de 2005
E agora?
Em meados de Novembro o colectivo do Tribunal da Relação de Lisboa que apreciou o recurso do Ministério Público no âmbito do «Processo Casa Pia» decidiu por unanimidade que não havia indícios suficientes para levar Paulo Pedroso, Herman José e Francisco Alves a julgamento, mantendo assim o despacho de não-pronúncia da juíza de instrução.
Segundo o «Diário de Notícias» o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa pôs em causa toda a argumentação do Ministério Público, considerando no caso de Paulo Pedroso haver uma «dupla e insanável dúvida» quanto à veracidade das imputações feitas ao arguido e quanto à pretendida inocência deste.
Mas o acórdão da Relação não se limitou simplesmente a considerar que não havia «indícios suficientes de o arguido haver cometido os imputados crimes».
O acórdão foi mais longe:
Pôs em causa os reconhecimentos e os testemunhos, a que chamou «pretendidamente incriminatórios» e classificou as declarações como «falsas, inventadas, contraditórias e delirantes».
E foi muito mais longe ainda:
E foi muito mais longe ainda:
Concluiu que Paulo Pedroso nunca deveria ter sido arguido neste processo, e muito menos ser nele acusado, e acusou mesmo o Ministério Público de retirar conclusões ilegítimas e de «tentativa de manipulação grosseira de depoimentos».
Estas considerações sobre a actuação do Ministério Público são de uma gravidade incomensurável e mancham e envergonham toda a Justiça portuguesa no seu conjunto.
E agora?
Bem:
Estas considerações sobre a actuação do Ministério Público são de uma gravidade incomensurável e mancham e envergonham toda a Justiça portuguesa no seu conjunto.
E agora?
Bem:
Agora Paulo Pedroso vai processar o Estado português e demandar civil e criminalmente todos os intervenientes no processo que o fizeram passar pela afronta de ser acusado do pior e mais abjecto de todos os crimes, e por ter passado cinco meses preso por isso.
E por ter a sua reputação inegavelmente manchada para o resto da sua vida.
Agora Paulo Pedroso acusa publicamente o Procurador Geral da República do Estado português de «faltar aos deveres de isenção imparcialidade» que o cargo lhe deveria merecer.
E é tudo!!!
Porque à boa maneira portuguesa, com a costumeira complacência pela incompetência e pela mediocridade, tudo o resto vai ficar na mesma:
Porque os agentes e os inspectores da Polícia Judiciária que começaram a investigação do caso continuam impunemente nos seus cargos, sem que alguém os questione sobre o bonito trabalho que andaram a fazer ou até mesmo se estão no seu perfeito juízo.
Porque os magistrados do Ministério Público que dirigiram e conduziram do processo continuam tranquilamente nos seus postos, sem que ninguém questione a sua competência e até procure aquilatar da sua responsabilidade e da sua aptidão pessoal para os importantes cargos que desempenham.
Porque o juiz de instrução que no início do processo deu cobertura a tudo isto e até foi à Assembleia da República prender pessoalmente Paulo Pedroso debaixo dos holofotes das televisões (entretanto misteriosamente alertadas para comparecerem em peso no local), continua constitucionalmente irresponsável e isento de avaliação pelo seu desempenho neste caso.
Porque o próprio Procurador Geral da República que, recorde-se, avocou o «Processo Casa Pia» para a sua responsabilidade, continuará, sempre com aquele inocente e singelo sorriso, a desempenhar o seu cargo até ao fim do mandato, misteriosamente protegido pelo próprio Presidente da República, que não permite que o Governo o demita.
Sem ter a dignidade e a hombridade de assumir as suas responsabilidades e de ele próprio se demitir, o Procurador Geral da República continuará tranquilamente a fingir que nada se passou, e a fazer de conta que o acórdão do Tribunal da Relação, que fala em «tentativa de manipulação grosseira de depoimentos», não lhe diz respeito, apesar de ter avocado o processo para a sua responsabilidade pessoal e directa.
Enquanto isso, um simples cidadão tem a ousadia e o autêntico desplante de acusar publicamente o próprio Procurador Geral da República do Estado português de «falta de isenção e imparcialidade» sem que nada lhe aconteça.
Como se o próprio silêncio do Procurador Geral da República lhe desse razão!
Se um país se define em primeiro lugar pelo modo e pelas pessoas que administram a justiça junto dos seus cidadãos, então Portugal está em muito maus lençóis...
E por ter a sua reputação inegavelmente manchada para o resto da sua vida.
Agora Paulo Pedroso acusa publicamente o Procurador Geral da República do Estado português de «faltar aos deveres de isenção imparcialidade» que o cargo lhe deveria merecer.
E é tudo!!!
Porque à boa maneira portuguesa, com a costumeira complacência pela incompetência e pela mediocridade, tudo o resto vai ficar na mesma:
Porque os agentes e os inspectores da Polícia Judiciária que começaram a investigação do caso continuam impunemente nos seus cargos, sem que alguém os questione sobre o bonito trabalho que andaram a fazer ou até mesmo se estão no seu perfeito juízo.
Porque os magistrados do Ministério Público que dirigiram e conduziram do processo continuam tranquilamente nos seus postos, sem que ninguém questione a sua competência e até procure aquilatar da sua responsabilidade e da sua aptidão pessoal para os importantes cargos que desempenham.
Porque o juiz de instrução que no início do processo deu cobertura a tudo isto e até foi à Assembleia da República prender pessoalmente Paulo Pedroso debaixo dos holofotes das televisões (entretanto misteriosamente alertadas para comparecerem em peso no local), continua constitucionalmente irresponsável e isento de avaliação pelo seu desempenho neste caso.
Porque o próprio Procurador Geral da República que, recorde-se, avocou o «Processo Casa Pia» para a sua responsabilidade, continuará, sempre com aquele inocente e singelo sorriso, a desempenhar o seu cargo até ao fim do mandato, misteriosamente protegido pelo próprio Presidente da República, que não permite que o Governo o demita.
Sem ter a dignidade e a hombridade de assumir as suas responsabilidades e de ele próprio se demitir, o Procurador Geral da República continuará tranquilamente a fingir que nada se passou, e a fazer de conta que o acórdão do Tribunal da Relação, que fala em «tentativa de manipulação grosseira de depoimentos», não lhe diz respeito, apesar de ter avocado o processo para a sua responsabilidade pessoal e directa.
Enquanto isso, um simples cidadão tem a ousadia e o autêntico desplante de acusar publicamente o próprio Procurador Geral da República do Estado português de «falta de isenção e imparcialidade» sem que nada lhe aconteça.
Como se o próprio silêncio do Procurador Geral da República lhe desse razão!
Se um país se define em primeiro lugar pelo modo e pelas pessoas que administram a justiça junto dos seus cidadãos, então Portugal está em muito maus lençóis...