terça-feira, 29 de novembro de 2005

 

O Deus dos cristãos



A recente decisão do Governo de mandar retirar os crucifixos das paredes das escolas públicas tem sido objecto das mais veementes reacções por parte de responsáveis eclesiásticos e líderes de partidos políticos, e até mesmo do candidato presidencial Cavaco Silva.
Todos a fazer de conta que não sabem que tal determinação governamental se limita simplesmente a cumprir o que está determinado na Constituição e na Lei da Liberdade Religiosa.

Mas, afinal, que significado simbólico tem um crucifixo pendurado numa parede de uma sala de aula?
Que evocação divina pretende esta gente?
Que Deus é este que tanta gente pretende que acompanhe todos os dias as crianças portuguesas, até mesmo nas salas de aulas?

Será este Deus recomendável? Será um Deus de vida, de paz, de amor, de liberdade, de tolerância?

Perante este Deus estariam as crianças «em boa companhia»?

Bem: tal como para definir o carácter ou a personalidade de qualquer pessoa não há nada melhor do que conhecer os seus actos e as suas reacções, vejamos também o que nos diz a própria Bíblia sobre o Deus dos Cristãos, para então o conhecermos melhor.

Vejamos, por exemplo (Êxodo 10:27-29), o que fez o Deus dos cristãos quando o povo de Israel quis sair do Egipto:
Poderia ele muito bem ter influenciado o faraó para permitir tal saída. Poderia até nem ter feito nada.
Mas não: o Deus dos cristãos entendeu por bem «endurecer o coração do faraó» que, assim não a permitiu.
Vai daí, o Deus dos cristãos no meio de dez pragas, qual delas a pior, resolveu matar todos os filhos primogénitos do Egipto, tendo até aproveitado a embalagem para matar também todos os primogénitos dos animais.

Mas não se pense que estes instintos assassinos do Deus dos cristãos ficam por aqui.
São inúmeros os exemplos que o livro sagrado dos cristãos nos dá para ficarmos a conhecer a verdadeira personalidade do seu Deus.
E, como é óbvio, se é a Bíblia que o diz, então é porque é verdade!

Eis mais alguns exemplos:

«...matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos» (Samuel, 15:3).
«Se o vingador do sangue o encontrar fora dos limites da cidade e o matar, não será culpado do sangue» (Números, 35:27).
«E pelejaram contra os medianitas, como o Senhor ordenara a Moisés, e mataram a todos os homens» (Números, 31:7).
«E dominará um de Jacó, e matará os que restam nas cidades» (Números, 24:19).
«...então mate todos os machos mesmo as crianças pequenas, e mate toda mulher que tenha conhecido homem e se tenha deitado com ele. Mas todas as donzelas que não conheceram homem e se deitaram com ele, reservem-nas vivas para vocês mesmos» (Números, 31:17).
«Mas das cidades destas pessoas que o Senhor teu Deus dá para ti com uma herança, tu não deves salvar vivo nada que respire». (Deuteronómio. 28:16).
«E ele feriu os homens de Betsames, porque eles tinham olhado para dentro da arca do Senhor. Ele mesmo matou cinquenta mil pessoas da plebe e dez homens: e as pessoas lamentaram, porque o Senhor tinha golpeado muitas das pessoas com grande carnificina» (Samuel 6:19)
«Não penses que vim para enviar paz para a terra: Eu não vim trazer a paz, mas uma espada». (Mateus, 10:34)
«E minha ira se acenderá, e vos matarei à espada» (Êxodo, 22:24).



É este, pois, o Deus dos cristãos.
É este o Deus simbolizado pelo crucifixo que tanta gente quer ver pendurado nas salas de aulas das escolas portuguesas.

Mas, tal como nos transmite a própria Bíblia, acontece que o Deus dos cristãos não é, na verdade, um Deus de paz, de bondade, de amor, de tolerância. Não é um Deus de vida.

É um Deus de ira, de raiva, de medo, de vingança, de ódio.

É, de facto, um Deus de MORTE!




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