sábado, 8 de outubro de 2005

 

O Relativismo Moral



Aqui há meia dúzia de dias o Papa Bento XVI proclamou solenemente o afastamento definitivo da Igreja Católica de tudo a que «cheirasse» a homossexualidade.

Numa inaudita fúria homofóbica, o «Rottweiller de Deus» proibiu a entrada de homossexuais no sacerdócio, e esclareceu que mesmo os sacerdotes gays já ordenados não eram bem-vindos ao seio da Igreja Católica, dando inequivocamente a entender que deveriam abandoná-la.

Só que, entretanto, alguém deve ter dito ao actual detentor da divina graça da infalibilidade papal que uma medida tão drástica como esta iria significar não só o imediato esvaziamento das frias camaratas dos seminários, como também a perda de uma percentagem significativa dos seus apaniguados distribuidores de hóstias.

Vai daí, este insigne sucessor de Pedro... voltou atrás!

Segundo a «ABC News» o Vaticano vai afinal permitir a entrada de homossexuais no sacerdócio.

Mas atenção: unicamente desde que estes possam demonstrar o seu celibato e uma absoluta castidade durante pelo menos os três anos anteriores!

E para aqueles que se interroguem sobre a razão de ser deste prazo de «amnistia» de três anos, ou tenham dúvidas sobre a forma como esta castidade vai ser comprovada na prática, o Vaticano, através da sua «Congregação para a Educação Católica» esclareceu desde já que serão banidos os padres que «manifestem publicamente a sua homossexualidade» ou demostrem «uma atracção irresistível pela cultura homossexual, ainda que só intelectualmente».

Moral da História:
Já para não falar do insulto e do autêntico enxovalho que, antes de mais, estas determinações significam para todos os homossexuais – em especial para aqueles que são católicos – elas representam mais um exemplo da mais profunda e abjecta hipocrisia da Igreja Católica.

Dizer que, afinal, a homossexualidade será permitida no seio da Igreja, mas unicamente desde que ela seja escondida e mantida em recatado segredo, significa exigir dos próprios sacerdotes que MINTAM a toda a gente – incluindo principalmente a si próprios – e que vivam uma vida inteira de MENTIRA e ENGANO enquanto, ao mesmo tempo, lhes é encomendado que preguem a palavra de Deus.

E são, ao fim e ao cabo, mais um eloquente sinónimo do «relativismo moral» de que, paradoxalmente, o próprio Bento XVI persiste em acusar a «sociedade moderna».




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