quinta-feira, 20 de outubro de 2005
Citação
« (...) O PCP, claro, vê em cada derrota intercalar de qualquer maioria a derrota do respectivo governo e a necessidade de "mudar de política": é assim há 30 anos e já ninguém espera outra conclusão dos comunistas, seja qual for a eleição, sejam quais forem os resultados.
«Suponho que, para o PCP, o facto de eu, por exemplo, poder ter votado em Ruben de Carvalho em Lisboa não implicaria qualquer mérito próprio do respectivo candidato, mas apenas que estaria contra as políticas do actual governo.
«Acontece que, naquilo que sobretudo o PCP combate, eu não estou contra as políticas do actual Governo.
«Antes pelo contrário: quero que os magistrados deixem de mandar na justiça, que os professores deixem de mandar na educação, que os farmacêuticos deixem de mandar no orçamento da saúde, que terminem os privilégios e mordomias dos "corpos especiais" da administração pública, quero que, tirando casos verdadeiramente excepcionais e de senso comum, todos tenham de trabalhar o mesmo número de anos para ganhar a reforma (...).
«O critério da justiça que as reformas devem ter exigem que elas toquem a todos por igual e, simultaneamente, que a todos incomodem, que a todos causem prejuízo efectivo e ponham fim a sagrados "direitos adquiridos".
«O critério da justiça que as reformas devem ter exigem que elas toquem a todos por igual e, simultaneamente, que a todos incomodem, que a todos causem prejuízo efectivo e ponham fim a sagrados "direitos adquiridos".
«Por isso mesmo é que nenhum governo até hoje - incluindo os tão injustamente afamados "governos reformistas" de Cavaco Silva - se tenha atrevido a mexer no "pântano".
«Porque o preço a pagar é justamente este: eleições perdidas, autarcas e caciques locais revoltados, aparelhos partidários desmotivados. O bem comum há-de ser sempre o prejuízo dos interesses instalados (...) ».
(Miguel Sousa Tavares, Público, 14-10-2005)