sexta-feira, 1 de julho de 2005
Nostradamus
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Michel de Notredame
(14 de Dezembro de 1503 – 1 de Julho de 1566)
Michel de Notredame, mais conhecido por Nostradamus, é o autor das mais famosas profecias até hoje realizadas.
Nostradamus publicou as suas profecias no livro que intitulou «Les Propheties» e escreveu-as sobre a forma de verso, em enigmáticas quadras agrupadas em conjuntos de 100, a que chamou «centúrias».
É tudo menos pacífico o crédito atribuído às profecias de Nostradamus.
Mas o que é certo é que o seu livro é lido, interpretado e estudado a fundo há mais de quatro séculos e gerou uma corrente de fiéis e incondicionais seguidores, que o consideram um génio e não admitem discussão quanto ao acerto das suas profecias.
Nem sequer quando são confrontados com as profecias feitas para anos que já passaram, e que persistem teimosamente em não se realizar, os seus seguidores mudam de opinião.
E o argumento é simples: se Nostradamus previu a abertura pública do túmulo de São Pedro para 1986, se previu a completa destruição de uma grande cidade no dia 14 de Abril desse mesmo ano, ou uma gigantesca guerra mundial para 1999, e nenhuma dessas previsões se concretizou, então é porque estamos perante, não uma falha do Mestre, mas face a grosseiros erros do intérprete das suas quadras, que não soube rodear-se dos conhecimentos e dos estudos multidisciplinares que são necessários para a sua correcta análise.
Mas, de facto, os únicos conhecimentos que são necessários para o estudo das profecias de Nostradamus são aqueles que provêm unicamente... do senso comum!
Nostradamus foi um exímio e genial utilizador das mais básicas regras da «boa profecia».
Em toda a História da humanidade foi Nostradamus, decerto, quem melhor do que ninguém foi o mais eficaz seguidor dos «12 Mandamentos do Profeta»:
1 – Em primeiro lugar o profeta tem de fazer muitas e muitas previsões, de preferência dezenas delas: quantas mais previsões fizer, mais possibilidades se tem de acertar;
2 – De seguida, tem de esperar calma e pacientemente que algumas previsões se concretizem, mesmo que sejam as mais óbvias;
3 – Depois, caso alguma se verifique, tem de destacá-la efusivamente e com muito orgulho;
4 – Como é óbvio as previsões que não se verificarem tem imediatamente de ser descartadas e completamente ignoradas, nunca devendo ser mencionadas;
5 – Para se conquistar a atenção do intérprete da profecia, nada melhor que prever desgraças, infortúnios, grandes catástrofes, guerras e mortes misteriosas de parentes ou pessoas famosas;
6 – Nunca revelar o nome de uma pessoa cuja morte se disse ter previsto. Em caso de absoluta necessidade, dizer somente que é «uma pessoa idosa e de cabelos brancos»;
7 – Do mesmo modo, nunca revelar o nome de uma cidade que se previu que vai ser destruída por uma catástrofe natural. Em caso de absoluta necessidade, dizer somente que é «uma grande cidade do lado de lá do mar»;
8 – Quando perguntado se alguém se deve aventurar num negócio qualquer, o profeta deve responder peremptoriamente que não;
9 – Quando interrogado sobre as características da personalidade de uma pessoa, o profeta deve responder elogiosamente, de preferência usando lugares-comuns como «calmo e ponderado, embora às vezes se irrite», «paciente mas às vezes teimoso», «hábil, curioso e inteligente», «não suporta injustiças», «apegado à família e honesto», etc.
10 – É imprescindível o uso de simbolismos e de linguagem críptica e aparentemente esotérica, de preferência com termos que não signifiquem rigorosamente nada.
11 – É preciso saber que para uma boa previsão é absolutamente essencial ser vago e ambíguo, de forma que ela se aplique a diversas pessoas ou às mais diferentes situações.
12 – Quando se fazem previsões anuais é da tradição prever regularmente a morte do Papa.
Cumpridas as regras, o sucesso está garantido:
O fiel seguidor do profeta, dotado de uma inconsciente «clarividência retroactiva» se encarregará de analisar selectivamente os factos, para de seguida os encaixar nas geniais previsões do Mestre.
Ao fim ao cabo, o que fez Nostradamus com as suas previsões não é nada mais do que se faz ainda hoje, já quase cinco séculos depois, às vezes até em directo na televisão.
Se os mandamentos forem eficazmente cumpridos, a fidelidade acrítica das pessoas será indiscutível.
E então, o sucesso financeiro está garantido.
Qualquer que seja, como é óbvio, o signo astrológico do fiel seguidor...
(14 de Dezembro de 1503 – 1 de Julho de 1566)
Michel de Notredame, mais conhecido por Nostradamus, é o autor das mais famosas profecias até hoje realizadas.
Nostradamus publicou as suas profecias no livro que intitulou «Les Propheties» e escreveu-as sobre a forma de verso, em enigmáticas quadras agrupadas em conjuntos de 100, a que chamou «centúrias».
É tudo menos pacífico o crédito atribuído às profecias de Nostradamus.
Mas o que é certo é que o seu livro é lido, interpretado e estudado a fundo há mais de quatro séculos e gerou uma corrente de fiéis e incondicionais seguidores, que o consideram um génio e não admitem discussão quanto ao acerto das suas profecias.
Nem sequer quando são confrontados com as profecias feitas para anos que já passaram, e que persistem teimosamente em não se realizar, os seus seguidores mudam de opinião.
E o argumento é simples: se Nostradamus previu a abertura pública do túmulo de São Pedro para 1986, se previu a completa destruição de uma grande cidade no dia 14 de Abril desse mesmo ano, ou uma gigantesca guerra mundial para 1999, e nenhuma dessas previsões se concretizou, então é porque estamos perante, não uma falha do Mestre, mas face a grosseiros erros do intérprete das suas quadras, que não soube rodear-se dos conhecimentos e dos estudos multidisciplinares que são necessários para a sua correcta análise.
Mas, de facto, os únicos conhecimentos que são necessários para o estudo das profecias de Nostradamus são aqueles que provêm unicamente... do senso comum!
Nostradamus foi um exímio e genial utilizador das mais básicas regras da «boa profecia».
Em toda a História da humanidade foi Nostradamus, decerto, quem melhor do que ninguém foi o mais eficaz seguidor dos «12 Mandamentos do Profeta»:
1 – Em primeiro lugar o profeta tem de fazer muitas e muitas previsões, de preferência dezenas delas: quantas mais previsões fizer, mais possibilidades se tem de acertar;
2 – De seguida, tem de esperar calma e pacientemente que algumas previsões se concretizem, mesmo que sejam as mais óbvias;
3 – Depois, caso alguma se verifique, tem de destacá-la efusivamente e com muito orgulho;
4 – Como é óbvio as previsões que não se verificarem tem imediatamente de ser descartadas e completamente ignoradas, nunca devendo ser mencionadas;
5 – Para se conquistar a atenção do intérprete da profecia, nada melhor que prever desgraças, infortúnios, grandes catástrofes, guerras e mortes misteriosas de parentes ou pessoas famosas;
6 – Nunca revelar o nome de uma pessoa cuja morte se disse ter previsto. Em caso de absoluta necessidade, dizer somente que é «uma pessoa idosa e de cabelos brancos»;
7 – Do mesmo modo, nunca revelar o nome de uma cidade que se previu que vai ser destruída por uma catástrofe natural. Em caso de absoluta necessidade, dizer somente que é «uma grande cidade do lado de lá do mar»;
8 – Quando perguntado se alguém se deve aventurar num negócio qualquer, o profeta deve responder peremptoriamente que não;
9 – Quando interrogado sobre as características da personalidade de uma pessoa, o profeta deve responder elogiosamente, de preferência usando lugares-comuns como «calmo e ponderado, embora às vezes se irrite», «paciente mas às vezes teimoso», «hábil, curioso e inteligente», «não suporta injustiças», «apegado à família e honesto», etc.
10 – É imprescindível o uso de simbolismos e de linguagem críptica e aparentemente esotérica, de preferência com termos que não signifiquem rigorosamente nada.
11 – É preciso saber que para uma boa previsão é absolutamente essencial ser vago e ambíguo, de forma que ela se aplique a diversas pessoas ou às mais diferentes situações.
12 – Quando se fazem previsões anuais é da tradição prever regularmente a morte do Papa.
Cumpridas as regras, o sucesso está garantido:
O fiel seguidor do profeta, dotado de uma inconsciente «clarividência retroactiva» se encarregará de analisar selectivamente os factos, para de seguida os encaixar nas geniais previsões do Mestre.
Ao fim ao cabo, o que fez Nostradamus com as suas previsões não é nada mais do que se faz ainda hoje, já quase cinco séculos depois, às vezes até em directo na televisão.
Se os mandamentos forem eficazmente cumpridos, a fidelidade acrítica das pessoas será indiscutível.
E então, o sucesso financeiro está garantido.
Qualquer que seja, como é óbvio, o signo astrológico do fiel seguidor...