domingo, 31 de julho de 2005

 

Francisco José








Francisco José

(16 de Agosto de 1924 – 31 de Julho de 1988)



Francisco José Galopim de Carvalho nasceu em Évora, na Rua da Cal Branca, no dia 16 de Agosto de 1924.

No início dos anos 50, Francisco José era já um cantor famoso pela sua arte, pela sua voz extraordinária e pelo seu modo apaixonado de cantar a música portuguesa.

No entanto, foi no Brasil que encontrou a verdadeira dimensão do seu talento, embora o tivesse conquistado somente depois de longos anos de sacrifícios e privações, e de um trabalho incansável em intermináveis tournés por todo o mundo.
Mas foi o seu programa num canal de televisão brasileiro e, pouco depois, o lançamento do seu álbum «A Figura de Francisco José» que lhe granjearam a imortalidade, primeiro no Brasil e muito mais tarde no seu país natal.

O Chico Zé, como era conhecido, era um cantor arrojado que, com a sua interpretação moderna e actualizada que fugia à pieguice tradicional, trouxe à música portuguesa uma agradável lufada de ar fresco.

Casou tarde, aos 41 anos, e teve duas filhas: Adília e Alexandra.
Morreu no dia 31 de Julho de 1988, aos 63 anos.

Tive o privilégio de conhecer o Chico Zé pessoalmente, pois foi um grande amigo da minha família do lado materno.
Um dia, em meados da década de 70, pedi-lhe:
- Ó Chico Zé, canta-me aí só para mim o «Guitarra Toca Baixinho», para eu um dia poder dizer à pessoas assim: «Uma vez o Chico Zé cantou só para mim o “Guitarra Toca Baixinho”.
E o Chico Zé cantou.
E eu já disse, pronto!


Conta-se que o que esteve na origem da sua ida para o Brasil foi a ruptura definitiva com a R.T.P., a única televisão portuguesa na altura.
Num programa musical transmitido em directo, em que dizia algumas palavras entre as canções, Francisco José resolveu «abrir o livro».
Falou então sobre a vida e as dificuldades dos artistas em Portugal.
Falou dos “cachets “ miseráveis que recebiam.
Falou da subserviência da televisão aos artistas estrangeiros e, sem qualquer hesitação, disse quanto estava ali a ganhar e quanto receberia se fosse um vulgar e medíocre cantor inglês ou americano.
E, finalmente, disse tudo o que lhe veio à cabeça sobre a televisão pública e sobre as pessoas que a dirigiam.

Ficou obviamente «queimado» para todo o sempre.
Mas não foi só isso: a R.T.P. decidiu processá-lo criminalmente, acusando-o do crime de injúrias.

No julgamento, depois de um longo interrogatório, o juiz acabou por lhe perguntar:
- Mas o senhor, quando disse essas palavras em directo na televisão, agiu com «animus injuriandi»?

Ao que Francisco José respondeu:
- Ó Sr. Dr. Juiz: eu agi foi com «animus desabafandi»!

Foi absolvido!



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