quinta-feira, 26 de maio de 2005

 

O Estado de Graça


E pronto!
Terminou o estado de graça do Governo de José Sócrates.

Uma vez mais temos um Governo que opta pela consolidação financeira em detrimento do desenvolvimento económico do país.
Uma vez mais temos um Governo que investe na consolidação orçamental pretendendo alcançar o progresso económico, quando, com muito menos custos para os portugueses, poderia muito bem ter optado pela solução inversa.
Uma vez mais temos um Governo com falta de coragem para afrontar os burocratas de Bruxelas e para desafiar o «Pacto de Estabilidade e Crescimento», que pode ter muito de estabilidade financeira mas nada tem de crescimento económico. Como a França e a Alemanha já o demonstraram.


A subida dos impostos foi, de facto, a solução mais fácil.
E nem sequer souberam aproveitar a embalagem para acabar com o anacronismo das SCUT’s ou com os chocantes benefícios fiscais a sociedades financeiras.

É uma solução tão mais chocante quanto é a mesma que tinha sido encontrada por Durão Barroso e por Manuela Ferreira Leite, com os resultados absolutamente catastróficos para Portugal que todos conhecemos.
Fui contra essa solução nessa ocasião. E sou contra a mesma solução agora.

Mas não sou o único contra.
Já também o era um candidato a Primeiro-ministro, de nome José Sócrates, que em plena campanha eleitoral declarou (citações gamadas ao «Blasfémias») sem deixar quaisquer dúvidas:

«Eu não estou de acordo que se baixem os impostos por essas duas razões: porque isso destabiliza ainda mais as finanças públicas e porque isso é uma ameaça ao bom funcionamento e à qualidade dos serviços públicos em Portugal.
«Mas também não estou de acordo com a subida de impostos, não estou. Porque isso também já foi uma receita do passado. Isso já foi feito no passado e não produziu bons resultados».

«Eu não acho que os problemas das contas públicas em Portugal se possam fazer à custa da Economia, fazendo lançar impostos.
«Neste momento, no meu ponto de vista, criaria ainda condições para um arrefecimento ainda maior da economia portuguesa.
«Ora, eu acho que esse não é o caminho. O caminho é o caminho do crescimento, da aposta no crescimento, porque só a aposta no crescimento pode fazer com que possamos resolver o problema das finanças públicas, combater o desemprego e também combater as injustiças sociais»

«Há aqui, também, um julgamento a fazer, um julgamento sobre esses últimos três anos.
«Esse comportamento de quem prometeu nas eleições baixar impostos e quando chegou ao Governo, não os desceu, mas, ao contrário, subiu-os, tem de também ser penalizado, porque isso é negativo para a Democracia, é negativo para a confiança e, não se esqueça, que foi exactamente nesse momento que tudo começou a ruir.
«Foi no momento da falha dessa promessa eleitoral, quando o Governo chegou ao poder e decidiu aumentar o IVA, que a confiança veio por aí abaixo».


Quão proféticas poderão vir ainda a ser estas palavras?
Só espero que mesmo assim, algures, exista ainda uma diferença entre as duas governações.

Porque será que quando penso nesta obsessão fanática pelo défice orçamental, só me lembro daquela anedota do sujeito que deixou de dar de comer ao cavalo, e ao fim de um tempo se lamentava:
- Ora bolas: logo agora que o bicho estava a ficar habituado a não comer, é que morreu!...




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