quarta-feira, 18 de maio de 2005

 

Anti-católico, eu? Por amor de deus!


E pronto: bastaram meia dúzia de textos para a recorrente necessidade de rotular as pessoas com alguma coisa ter feito de mim um perigoso anti-católico.
Posso ser “anti” muita coisa.
Mas anti-católico não é uma delas.

Simplesmente acho que me é permitido ver a Igreja Católica com os meus próprios olhos, principalmente pelos reflexos que esta produz, e procura persistentemente produzir, na sociedade onde vivo.

E penso também que me é permitido olhar qualquer fenómeno religioso com os meus olhos ateus.
Tal como é meu direito procurar viver a minha vida isenta de influências clericais, e como também é meu dever procurar resguardar as minhas filhas de influências que considero nefastas.

Eu dou um exemplo:
Há muitos anos visitei no interior longínquo de Angola uma aldeia nativa onde decorria uma cerimónia religiosa.
Essa cerimónia, de um colorido riquíssimo, reflectia nas máscaras, nos trajes, nas danças, na música, a religião animista daquela gente.
Ainda hoje me recordo de toda a cerimónia a que tive o privilégio de assistir e considero-me enriquecido por tudo aquilo que vi, sempre procurando entender todo o significado antropológico dos ritos e do culto às forças da natureza, talvez velhos de milénios.

Como poderia ser contra isto?
Seria absurdo!

Esqueçamos agora as pessoas que são contra, e a forma como desde há séculos têm tentado fazer substituir religiões que fazem parte da cultura africana por cultos importados doutros continentes.
Isso é outra conversa.

Onde eu quero chegar é aqui:
Permitam-me que olhe e que dê a um culto animista africano o mesmo significado que dou a qualquer outra cerimónia religiosa. A uma missa católica, por exemplo.

Pode ser mais ou menos colorida, numa cubata ou numa catedral, mas para mim o significado é o mesmo: nada mais do que uma simples curiosidade antropológica, por vezes dotada até de um pouco – permitam-me – de “ridículo”...

E, como e óbvio, não sou “anti” nenhuma delas.

São estes os valores que considero correctos e que procuro transmitir às minhas filhas.
E que procuro que elas sigam.
Mas não por estarem sob a vigilância de uma entidade espiritual qualquer que “tudo vê”, ou sob a ameaça de caírem em “pecado”.
Mas simplesmente pela convicção sincera de que são isso mesmo: correctos!

E talvez eu esteja a fazer um bom trabalho:
Aqui há uns tempos, a escola de música que a minha filha mais velha frequenta foi solicitada para ir tocar numa missa que naquela ocasião se revestia de um significado qualquer que já não recordo.
Obviamente não me opus.

Quando ela regressou, e como aos 14 anos de idade nunca tivesse ainda assistido a uma missa, perguntei-lhe o que tinha achado da cerimónia e de tudo aquilo que tinha visto.
Ao que ela me respondeu:
- Foi engraçado! Parecia um filme dos Monty Python...



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