sábado, 19 de março de 2005

 

Aos seus lugares


Miguel Sousa Tavares no «Público»:

«...assistimos a mais um episódio, dos tais de que se socorreu o Presidente da República para despedir Santana das suas funções governativas. Um milhão de lisboetas só podem ter-se sentido enxovalhados pela forma eloquente como Santana mostrou que estava a ver se caía qualquer coisa de pessoalmente mais apetecível, antes de se decidir, por ausência de alternativas, a regressar à Câmara da maior cidade do país.

«...Mais do que esperança, o que os portugueses sentem, desde 20 de Fevereiro, é uma sensação de alívio. Sócrates pode governar bem ou mal, mas ninguém espera dele uma atitude de leviandade, enquadrada por uma constante e primária cobertura de propaganda e promoção da imagem.
«Apesar deste nenhum tempo decorrido, há já quem reclame que os colunistas que antes criticavam Santana Lopes comecem já a fazer o mesmo com Sócrates, abolindo, como o fizeram com Santana, o tradicional período do "estado de graça".
«E, mais curioso ainda, até há quem o tenha já começado a fazer, com medo de que lhe chamem incoerente.

«Pois eu, que não só não respeitei o período de graça, como até comecei a criticar o Governo de Santana antes mesmo de ele ter tomado posse, não enfio o barrete. Porque as diferenças são, à partida, abissais: Sócrates não é Santana, e esse é o ponto essencial.
«O homem que escolhe os cargos políticos de acordo com as suas conveniências pessoais não merece dúvida nem condescendência - ou então acabemos com o choradinho sobre a falta de categoria da classe política.
«Por outro lado, Sócrates foi eleito por metade dos portugueses, e Santana foi cooptado, e também por razões de interesse pessoal, por aquele que eu, pessoalmente, considero o mais vazio e o mais profiteur de todos os políticos portugueses contemporâneos: Durão Barroso....»



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