quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

 

O Incentivo à Masturbação


O inefável João César das Neves deu recentemente uma entrevista ao «Independente».
O impagável beato, que se manifesta muito preocupado com a mudança de atitude da sociedade relativamente a coisas que estão a destruir a família, produziu nessa entrevista pérolas de inigualável brilhantismo e clarividência, de que não resisto a citar algumas ao acaso:

«A sociedade, ao longo dos tempos sempre considerou a homossexualidade como um comportamento aberrante. A Igreja afirma isso mesmo em vários documentos. É um acto contra aquilo que entendo como moral.
A sociedade está cada vez mais obcecada pelo prazer e acha que tudo o que dá prazer, independentemente das consequências, deve ser aceite. E isso prejudica a família».

«Hoje temos livros de educação sexual que incitam as crianças do ensino básico à masturbação.
Parece-me mal a educação sexual que o Estado está a impor às nossas crianças. Que tudo é igual, que tudo é equivalente, que a masturbação é uma coisa perfeitamente razoável, que as crianças devem descobrir a sexualidade umas com as outras...
A masturbação não é uma prática razoável. Nunca foi. É um desvio da acção sexual. A pessoa fica cada vez mais agarrada ao prazer, deixa-se controlar pelo prazer. Isso distorce a personalidade».

«A nossa obsessão pelo prazer carnal está a destruir a sociedade e a criar a decadência, como criou noutras sociedades. A nossa sociedade não é mais feliz, porque se entregou completamente ao prazer carnal».

«As pessoas não devem usar coisas que transformem o acto sexual numa simples questão de prazer e não de realização do amor na sua plenitude; com o preservativo a relação sexual passa a ser a mesma coisa que comer um pastel de nata. Isso destrói a relação entre marido e mulher.
O acto sexual não é só uma questão de prazer. Limitá-lo ao prazer é transformar uma coisa humana numa coisa mecânica, animal.
A Igreja não condena o uso do preservativo. A Igreja condena o deboche. Fazendo o que a Igreja diz, ou seja, tendo relações sexuais dentro do casamento, deixa de haver sida».



Admito que estou com dificuldades em resistir a fazer alguma piadas brejeiras sobre estes brilhantes pensamentos de João César das Neves.
Assim qualquer coisa como algumas indirectas sobre tamanhos, capacidades e performances, ou mesmo perguntar se um homem casado que declara que o prazer carnal prejudica a família, sabe bem ao que se está a candidatar…
Mas isso é lá com ele.

Mas confesso que nunca entendi porque raio é que o sexo e o prazer sexual hão de ser encarados como ofensas a Deus.
Porque raio há de haver pessoas que pensam que a homossexualidade, a masturbação ou qualquer tipo de prazer sexual, que não tenha como objectivo imediato a procriação, constituem uma grave ofensa à divindade?

Que raio de incómodo pensará esta gente que Deus sente, quando um adolescente se masturba?
Que raio de incómodo sentirá esta gente?
Que raio de distorções da personalidade pensa esta gente que a masturbação provoca?
Que raio de decadência sofrerá uma sociedade quando alguém se masturba?

Porque carga de água o relacionamento sexual de um casal não há de ser encarado com tanta naturalidade como comer um pastel de nata?
Que mensagem divina terá este gente recebido para interpretar o sexo como uma coisa pecaminosa, horrível, abominável e que até condena as pessoas às mais severas penas do Inferno?

Pergunto-me mesmo de que raio de patologia esta gente sofrerá para ter tantos sentimentos de culpa, de cada vez que tem relações sexuais?
Porque insistirá esta gente em privar-se a si própria de um dos mais importantes componentes, e até instintos, da vida de um ser humano?
De que perturbação da personalidade sofrerá?
Pergunto-me de que raio de disfunção sexual poderá uma pessoa sofrer quando pensa que a prática frequente de relações sexuais num casal destrói a relação entre o marido e a mulher, em vez de a solidificar e aprofundar?

E pergunto-me também que raio poderá ir dentro da cabeça de uma pessoa que até nos desenhos e esquemas explicativos dos aparelhos sexuais dos livros da instrução primária vê... um incentivo à masturbação?...



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