segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

 

Ética Política


Não há nada melhor que o desespero que uma sondagem desfavorável sempre traz, para que todos os princípios de ética política ainda restantes num partido sejam deitados pela janela fora, em nome da ilusão de mais meia dúzia de votos.
Para alguns partidos joga-se agora a troca de interesses com a indicação dos nomes para cabeças de lista pelos diversos círculos eleitorais.

O PSD não hesita em fazer tudo o que está ao seu alcance para a conquista de todos os «nichos de mercado» de onde possa vir mais um voto.
Depois de oferecer de mão beijada à sua clientela fadista quatro lugares elegíveis de deputados, Santana Lopes não só não hesitou em convidar Zita Seabra para cabeça de lista por Coimbra (como resposta à indicação de Matilde Sousa Franco pelo PS), como teve mesmo o despudor de convidar Pôncio Monteiro para número 2 na sua lista do Porto.
Depois, procurando à ultima hora uma imagem de “estadista”, Santana Lopes anunciou uma visita de Estado à Argélia, quando apenas há poucas semanas cancelou visitas à Turquia e à França, com a justificação de que o seu governo está somente em gestão.
Sem sequer se aperceber da imagem de irresponsabilidade e de falta de sentido de Estado que estas atitudes erráticas fazem transparecer.
Mas pior do que isso: sem ter um amigo que lho diga!

Já o CDS retarda até ao último momento o anúncio da composição das suas listas, numa jogada publicitária que aposta numa espécie de surpresa mediática que Paulo Portas tão bem sabe planear.
E que, não afectando minimamente o PS, somente visa capitalizar o desgaste do PSD à sua direita.
Num exemplo mais da boa fé com que foi assinado o célebre “pacto de não agressão”.

Mas com o Partido da Nova Democracia (PND) já a coisa é diferente.
Como Manuel Monteiro bem sabe que serão absolutamente irrelevantes os cabeças de lista que venha a escolher – pois nenhum será eleito – só lhe resta pôr-se em bicos de pés e fazer o maior ruído possível.
Nem que para isso tenha de dizer as maiores barbaridades, decerto pensando que será melhor que comentem os seus disparates do que nem sequer falem de si, Manuel Monteiro faz positivamente tudo o que lhe vem à cabeça para assegurar a sua sobrevivência política.
Assim, começa por elogiar e criticar alternadamente a figura do Presidente da República, consoante as circunstâncias lhe vão parecendo mediaticamente mais produtivas.
Depois, vem dizer que, face à impotência dos órgãos de soberania nacional em assegurar o cumprimento da leis na Madeira, melhor seria conceder-lhe a independência.
Agora veio anunciar com uma pompa e uma circunstância que não tem, que está disposto a apoiar o Governo que sair das próximas eleições, qualquer que seja o partido político que as vença.
Este patético posicionamento somente revela um desespero e uma falta de dignidade política absolutamente inqualificáveis.
Manuel Monteiro não parece entender que nunca será levado a sério nem subirá a sua representação eleitoral (para passar dos 7.000 votos que teve nas eleições europeias para os 30.000 votos essenciais à eleição de um deputado por Lisboa), enquanto não se posicionar claramente no espectro político-partidário e enquanto não deixar de tentar prostituir o pouco capital que ainda tem.
Nem parece entender que quem ao mesmo tempo se quer dar bem com Deus e com o Diabo, acaba sempre por se dar mal com os dois.



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