sábado, 15 de janeiro de 2005

 

A Iniquidade


Confesso que estou surpreendido com a repercussão que teve o post sobre o Director Nacional da P.S.P., Branquinho Lobo: de inúmeras “linkagens” por essa Blogosfera fora, foi tema de "emails" em cadeia, foi notícia no «Público», no «Correio da Manhã» e no «Expresso», e o «Random Precision» mais que decuplicou o seu número médio de visitas diárias.

Sei agora o que sente aquele sujeito que está na casa de banho quando ocorre um tremor de terra que lhe deita a casa abaixo, no preciso momento em que ele puxa o autoclismo. E que pergunta:
- Eh pá! Fui eu que fiz isto?...

Mas este “fenómeno” só demonstra que se a Democracia não vive sem liberdade de expressão e sem uma comunicação social verdadeiramente livre, é um facto que a Internet, de um modo geral, e o recente fenómeno dos Blogs em particular, assumem uma relevância crescente, que não pode ser já ignorada.
Mas, de facto, a notícia é perturbante: a iniquidade de quem exerce um cargo de particular responsabilidade, como é o de director nacional de uma polícia, ao mesmo tempo que aufere uma pensão de aposentação milionária, ainda por cima decorrente de uma incapacidade para o serviço do Estado relacionada com o foro psíquico, não pôde deixar de chocar quem leu a notícia.
E mais do que a incompreensível acumulação das duas remunerações, ela levanta legítimas questões de muito maior importância, quer sobre a justeza da junta médica que julgou a incapacidade, quer sobre os próprios critérios de avaliação pessoal e psicológica de quem nomeia os altos responsáveis do Estado.
E também sobre os julgamentos de ética de quem nos governa.

Mas mais importante do que isso, é aquilo que todos nós sabemos: é que apesar da relevância que a comunicação social veio dar à notícia o que, decerto a levou ao conhecimento dos responsáveis governamentais e do próprio Director Nacional da P.S.P., nenhumas consequências ocorrerão.
O Dr. Branquinho Lobo continuará a ser Director Nacional da P.S.P., e continuará a auferir as duas remunerações a que se acha com direito.
E então a iniquidade será também de quem permite que esta situação continue!



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