terça-feira, 18 de janeiro de 2005

 

Há sempre dúvidas...


Pelo «Diário Ateísta» fiquei a conhecer o princípio desta chocante notícia:

Em Abril do ano passado o padre católico mexicano, Luis Javier de Alba Campos, que se encontrava de visita apostólica a Detroit, ficou alojado na casa de uma família americana, onde bons católicos o acolheram.
O padre foi instalado no quarto do filho mais novo do casal, de 7 anos de idade.
Mas o reverendo «não resistiu à tentação», e nessa noite acabou por abusar sexualmente da criança.
Contudo, no dia seguinte ao tomarem conhecimento do caso, os pais do menino acabaram por contemporizar com o Sr. padre, e pelos vistos, compreenderam perfeitamente a sua atitude, pois não só não apresentaram queixa à polícia, como ainda ordenaram à criança e aos irmãos, de 16 e 13 anos de idade, para se calarem e não contarem nada a ninguém.
Justificaram a sua atitude dizendo que a criança aparentemente «não tinha sofrido quaisquer danos permanentes com o que quer que se tenha passado no quarto nessa noite».

Foram os irmãos mais velhos que, decerto mais preocupados com o destino do irmão que os próprios pais, acabaram por denunciar o caso às autoridades.
Levado a tribunal, o reverendo Alba Campos admitiu que estava embriagado nessa noite, o que o levou a cometer a imprudência de dormir com a criança. Mas negou que a tivesse abusado sexualmente.
No julgamento, o irmão de 13 anos contou que nessa mesma noite tinha tido dificuldade em resistir aos insistentes avanços do padre que o sentava ao colo e acariciava repetidamente, pedindo-lhe que dormisse com ele.
O seu próprio pai lhe pediu que o fizesse, dizendo-lhe que seria uma boa oportunidade para falarem sobre a vida, Deus e o Universo.
A criança praticamente "fugiu" para outro quarto e fingiu que estava a dormir, fazendo do seu irmão de 7 anos «a segunda escolha» do clérigo.

Mas a história não acaba aqui.
Levado a julgamento, o Sr. padre acabou por ser absolvido da acusação de abuso sexual da criança, para gáudio e exultação das dezenas de pessoas que assistiram ao julgamento e à decisão do júri, rezando fervorosamente o terço como bons católicos.
Até o padre desabafou aliviado: «Graças a Deus e aos meus advogados!».

Face à prova que havia sido produzida no tribunal, a decisão do júri foi de tal forma inesperada que a juíza tomou a iniciativa de perguntar individualmente aos jurados se confirmavam a decisão de considerar o padre como “não-culpado”. Mas todos a confirmaram.

Mas também não é aqui que a história acaba.
Depois do julgamento acabar, foram entrevistados vários jurados. Todos declararam que tinham julgado perfeitamente credível o depoimento da criança abusada e a sua descrição dos factos e que, ao mesmo tempo, tinham considerado o padre como possuindo um «carácter desprezível».
Mas que, ainda assim, tinham decidido absolvê-lo. Porque, disseram, «há sempre dúvidas...».

Apesar da absolvição, mas face ao peso esmagador das provas produzidas em Tribunal, a própria diocese de Detroit se achou na "obrigação" de proibir o padre de rezar missa, de exercer o sacerdócio e até mesmo de usar roupa que o identifique como tal.
Mas esta inibição não se aplicará ao México, para onde o reverendo padre regressará agora em paz, livre de exercer em liberdade e em toda a sua plenitude as suas tarefas de homem de Deus



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