quinta-feira, 20 de janeiro de 2005
Bom demais para ser verdade!
Numa inesperada mudança daquilo que sempre tem sido a política do Vaticano, a Igreja Católica espanhola anunciou que defendia o uso do preservativo para evitar a disseminação da SIDA.
O porta voz e secretário geral da Conferência Episcopal espanhola, o Bispo Juan Antonio Martínez Camino, declarou:
«O uso do preservativo tem um papel na prevenção global da SIDA».
A declaração foi tão inesperada, quanto intransigente tem sido a posição do Vaticano quanto a este tema. De facto, a Igreja Católica sempre defendeu que o preservativo não pode ser usado na prevenção da SIDA porque não passa de uma «forma artificial de controlo de natalidade» como outra qualquer.
Por isso, em todo o mundo os responsáveis eclesiásticos têm feito os possíveis para combater e desacreditar todas as campanhas governamentais que promovam o uso do preservativo, desde a formulação de teorias científicas fantasmagóricas sobre a sua porosidade, até à sua queima ritual nos países de África.
Mas a surpresa foi de curta duração.
Isto, de facto, era bom demais para ser verdade!!!
Meia dúzia de horas depois deste anúncio, já o Sr. Bispo vinha desmentir as suas próprias afirmações, declarando desta vez que não era verdade que a doutrina da Igreja sobre o uso do preservativo tenha mudado.
Depois de invectivar a comunicação social, a quem acusou de deturpar as suas palavras (embora estas tenham sido gravadas e reproduzidas integralmente nas rádios e televisões de Espanha), o Sr. Bispo acrescentou:
«O uso de preservativo significa uma conduta sexual imoral e uma atitude pessoal amoral».
Isto é absolutamente inqualificável!
E é, sejamos claros, positivamente criminoso!
Estou certo que, no futuro, a História não deixará de julgar a Igreja Católica pelas barbárie das suas posições actuais.
E, estou certo também, que esse julgamento não será diferente daquele que já hoje fazemos, quando pensamos que, há “meia dúzia de anos” apenas, se excomungava quem ousava dizer que a Terra é redonda, se imolava pelo fogo quem se atrevia a proferir teorias científicas que não encaixavam nos cânones bíblicos ou até simplesmente quem pertencia a outra raça ou religião.
Tudo em nome de Deus!