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Na quarta-feira, o ministro da Defesa, Paulo Portas, anunciou com pompa e circunstância que o consórcio austríaco “Styer” era o vencedor do concurso internacional para fornecimento de viaturas blindadas para as Forças Armadas.
Anunciou ainda, com orgulho e voz embargada pela emoção, que tinha pesado na sua decisão não só o preço proposto, mas também o facto de o consórcio vencedor ir construir as viaturas em Portugal, mais exactamente nas instalações da ex-Bombardier.
Declarou o insigne ministro:
«É importante para o Governo, para a Defesa Nacional e para o país sabermos que o reequipamento das Forças Armadas vai permitir que, no local exacto onde morreu uma fábrica, e com que dor social, vai nascer outra fábrica, onde boa parte destas viaturas vão ser fabricadas».

Na quinta-feira, a administração da Bombardier declarou que, de facto, estão em curso negociações com o consórcio vencedor do concurso. Mas que, até à conclusão dessas negociações, não é possível garantir o aluguer das instalações da fábrica na Amadora, ao contrário do que foi dito pelo ministro da Defesa.
Por sua vez, o representante do consórcio austríaco confirmou que não pode dar garantias de que a construção dos blindados irá acontecer na Bombardier, porque tal depende também da administração da fábrica, e o processo ainda está a ser negociado.
Como se não bastasse, o ministro das actividades económicas Álvaro Barreto declarou que o seu ministério desconhece a existência de qualquer contrato já celebrado sobre esta matéria.

Acho que esta coerência até fica muito bem a este Governo, que quer preservar até ao fim dos seus dias aquilo porque desde o início sempre se bateu: o princípio do contraditório.

Mas não posso deixar de perguntar: se Paulo Portas declarou que a construção dos blindados na Bombardier pesou na sua decisão de adjudicar a sua construção aos austríacos, mas as negociações ainda decorrem, afinal a que raio de critérios terá o concurso obedecido...?